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Presidente da SBPC fala dos desafios da ciência brasileira

09/11/2016 09:13

Na abertura do segundo dia do Fórum RNP, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, apresentou a realidade da ciência brasileira e defendeu a volta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “Temos uma boa relação com o ministro (de CTIC) Gilberto Kassab, mas vamos continuar lutando pela volta do MCTI, com recursos”, ratificou.

Helena apresentou dados da ciência brasileira em seis quinquênios, o que corresponde a 30 anos. “Em cada quinquênio, é nítido o aumento da produção científica. O Brasil aumentou em número e citações, o que quer dizer qualidade. Isso mostra o impacto da criação do ministério (MCT), que articula diferentes atores para drenar a função de apoio. Isso funcionou nitidamente na ciência brasileira. Após o Brasil, a Argentina criou seu ministério e o Chile o está fazendo agora”, afirmou.

A presidente da SBPC explicou ainda que a colaboração regional deve aumentar, para que a relevância da pesquisa brasileira cresça. “Quanto mais autores internacionais em um artigo, maior a chance de este ser publicado em uma revista em alto impacto e maior o número de citações”, detalhou.

Com relação à inovação, mostrou que, em 2015, o Brasil ocupava a 70ª posição no Global Innovation Index. Porém, destacou que o problema do país não reside na pesquisa e sim no ambiente de negócios. “Temos que ter ciência aplicada, cada vez mais, mas não é culpa da ciência não termos inovação. Nosso índice h (que quantifica a produtividade e o impacto de cientistas) é bom, mas ainda estamos mal em patentes. Há 20 anos, a China estava abaixo do Brasil no ranking de inovação e hoje está competindo com os players. Isso porque precisamos evoluir no nosso ambiente de negócios”, detalhou, revelando que o número de patentes nacional é menor que o da Índia.

Para Helena Nader, o impacto da ciência na economia brasileira é extenso, como, por exemplo, “na agricultura; na automação; na aviação e ciências espaciais; em biocombustíveis, já que o Brasil foi o primeiro a criar o etanol; no controle biológico de insetos, doenças tropicais e Saúde Pública; em petróleo e extração em águas profundas; na produção de celulose e indústria de papel; e produtos animais”. “O que é ruim na nossa balança comercial é que só exportamos produtos de pouco valor agregado. O Brasil ainda não percebeu que o mundo está na economia do conhecimento”, complementou.

Como necessidades, apontou que o país precisa, “além de laboratórios bem equipados, de uma rede de alta velocidade e elevada capacidade de tráfego de informações. Também tem que ter, cada vez mais, laboratórios multiusuários institucionais, compromissos das instituições de ensino superior, financiamento de atividades de pesquisa, entre outros. Estamos no século XXI com uma universidade do século XIX”, concluiu.