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Clara, uma realidade

Diretor geral da RNP fala sobre a importância das redes acadêmicas


"Até recentemente os pesquisadores do Mercosul ou da América do Sul não podiam fazer contatos diretos entre si via Internet, sem a intermediação dos Estados Unidos. Isso será possível em 2004, através da Rede Clara, articulada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) congregando todas as redes acadêmicas da região".

Foi com esse discurso que o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, se referiu à Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas (Clara) no seminário internacional Mercosul: Ciência, Tecnologia e Inovação, que ocorreu nos dias 24 e 25 de novembro, no Rio de Janeiro. A Clara é uma iniciativa que tem como proposta a criação, já para o início de 2004, de uma rede Internet de alta velocidade, unindo universidades e centros de pesquisa dos 16 países latino-americanos integrantes da rede.

O encontro reuniu representantes da Argentina, Brasil, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela para discutir a integração científica e tecnológica no Mercosul. A organização do evento foi executada pela Reunião Especializada em Ciência e Tecnologia do Mercosul (Recyt), que visa promover o desenvolvimento científico e tecnológico dos países integrantes do bloco e atua no cenário internacional participando de foros, especialmente no âmbito do Mercosul e União Européia, sobre temas relativos à Ciência e Tecnologia.

A RNP participou do painel do último dia do evento com uma palestra sobre a Clara apresentada pelo Diretor de Administração e Planejamento, Wilson Coury.

No mesmo dia, o Brasil foi sede de outro debate mundial. Tema: educação superior. O seminário internacional Universidade XXI "Novos caminhos para a educação superior: o futuro em debate", ocorrido em Brasília, entre os dias 25 e 27 de novembro, atraiu mais de mil participantes dentre ministros, lideranças acadêmicas e professores da Europa, Estados Unidos, Ásia e América do Sul. Na ocasião, foi discutida a criação de uma nova universidade, mais dinâmica, integrada internacionalmente e sintonizada com o mundo moderno.

Em paralelo às discussões mundiais ocorridas no Brasil, o destino da Clara estava sendo traçado na Costa Rica, nas reuniões dos representantes das redes acadêmicas associadas à Clara e do Projeto Alice (América Latina Interconectada com a Europa ), nos dias 26 a 28 de novembro.

Nelson Simões, diretor geral da RNP

Na entrevista a seguir, o diretor geral da RNP, Nelson Simões, fala sobre os resultados destas reuniões, as vantagens para o Brasil em participar do Projeto Clara em posição de liderança, a importância das redes acadêmicas e o seu papel no novo projeto de universidade.

RNP: Quais foram os resultados da reunião entre os representantes da iniciativa Clara e do projeto Alice?

Nelson Simões: A reunião obteve grande êxito ao estabelecer as condições e prazos para o início de operação da rede em 2004. Com a participação de quase todos os 18 países integrantes da Clara, foram apresentados os resultados obtidos através da licitação de serviços de telecomunicações e avaliados os possíveis cenários para implantação da rede. Também foi discutido um modelo de distribuição de custo entre as redes nacionais participantes e expressas as intenções de velocidade e prazo de interconexão à rede por cada país.

Há uma data certa para a inauguração da rede em 2004?

Espera-se iniciar em maio com seis países, incluindo a implantação da troncal latino-americana e sua interconexão direta à Europa. Outros países, que não estiverem prontos para ativar suas conexões inicialmente serão incorporados à rede, possivelmente até julho de 2004.

A próxima reunião já está marcada?

Ela deverá ocorrer após o início de operação da rede, em maio, associada ao evento de lançamento da rede.

Quais as vantagens para o Brasil em participar, através da RNP, da rede Clara?

Estaremos dando um passo importante na integração da pesquisa na nossa região. Há grande interesse de grupos de pesquisa em várias áreas no Brasil por melhores condições de comunicação e colaboração com seus pares na América Latina e Europa. Há inclusive projetos que dependem fortemente desta conectividade para serem desenvolvidos, como por exemplo em astronomia (Projeto SOAR – videoconferência e operação assistida) e física de altas energias (Projeto CMS – grades computacionais). Será, também, a primeira interconexão direta com os países do Mercosul, onde projetos em várias outras áreas como Educação, Saúde e Clima, dentre outras, serão diretamente beneficiados.

De que forma a rede Clara, utilizando as tecnologias da informação e das comunicações, pode ajudar no processo de cooperação no Mercosul?

Vários projetos da Reunião Especializada em Ciência e Tecnologia do Mercosul (Recyt) poderão ser apoiados por uma interconexão direta e de alta capacidade entre Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai. Desde o uso regular de videoconferência entre instituições nestes países, incluindo programas de educação a distância, serão possíveis a partir do próximo ano.

Na sua opinião, qual a importância das redes acadêmicas no processo de colaboração científica entre países?

A ciência nunca foi uma atividade isolada, feita entre muros. Hoje, mais do que antes, existem problemas que só podem ser resolvidos de forma colaborativa, distribuída e coordenada. Seja pela grande quantidade de informação, seja pela grande velocidade de geração, as redes de pesquisa de alto desempenho tornaram-se o suporte essencial para a pesquisa moderna.

Tendo em vista a provável adesão do Brasil à Alca e as incertezas em relação aos rumos do Mercosul neste contexto, como a Clara deve ser encarada neste momento?

A Clara tem por principal desafio garantir a sustentação da sua rede no longo prazo. Para isto, certamente será importante contar com blocos de cooperação e integração regional fortes, mas principalmente com resultados relevantes obtidos através da colaboração nas redes de pesquisa.

Em novembro, Brasília foi sede do seminário internacional Universidade XXI que teve por objetivo a criação de uma nova universidade, integrada em escala planetária, em sintonia com a velocidade do conhecimento e com as exigências do mundo moderno. Como você vê o papel das redes acadêmicas, especialmente da RNP, nesta nova universidade?

As redes de pesquisa, a Internet global, são componentes básicos desta sociedade da informação. Nosso papel, muito além da conectividade, é promover as aplicações que possam transformar a interação entre as pessoas.

[RNP, 22.12.2003]

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