| Rede da RNP quebra recorde de velocidadeConexões da Internet acadêmica estão mais rápidas A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) está atualizando todas as conexões do backbone acadêmico RNP2. Agora em março foram substituídos os links que interconectam sete dos 27 pontos de presença da rede. O maior desses links, instalado entre Rio de Janeiro e São Paulo, tem capacidade para transmissão de 622 Megabits por segundo (Mbps), a maior capacidade de que se tem notícia para um link interestadual no Brasil. Os outros estados beneficiados foram Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal, com conexões de 155 Mbps cada. Estão em testes as novas conexões para Ceará, Bahia e Pernambuco, que terão capacidade de 34 Mbps. As novas linhas foram contratadas após um leilão público realizado em 2003. Um novo leilão está previsto para ocorrer este ano com o objetivo de atualizarem-se os enlaces dos pontos de presença que não forem contemplados nesta primeira leva. O processo licitatório adotado resultou em maior economia para a RNP. Nova tecnologia no backbone RNP2Quando a rede RNP2 foi inaugurada, em maio de 2000, a tecnologia de ponta era o ATM (asynchronous transfer mode, ou modo de transmissão assíncrona). À época, dizia-se que o ATM garantiria "níveis de qualidade de serviço (QoS) nos moldes do que existe de mais atual" e permitiria "um aumento considerável na capacidade da rede IP". E era verdade. A tecnologia ATM possibilitou um grande salto de qualidade na rede acadêmica, que passou de modestas conexões de 2 Mbps para linhas de até 45 Mbps. Mas o modo de transmissão assíncrona tem suas limitações. A principal delas é o "overhead", cabeçalho usado pela tecnologia ATM para que os dados possam ser reconhecidos e reordenados na ponta receptora. Ari Frazão, gerente do Centro de Engenharia e Operações da RNP, explica melhor: — O que acontece é que os pacotes IP são "encapsulados" (embutidos) em células ATM que possuem um cabeçalho com 5 bytes de tamanho. O que temos, neste caso, é o que chamamos de um "overhead" introduzido pelo ATM. A informação que vai no cabeçalho da célula ocupa também o canal. Com isso, um canal de 155 Mbps, se estiver completamente lotado, leva cerca de 131,75 Mb de informação (pacotes IP) e "desperdiça" 23,25 Mb, aproximadamente, só para transmitir o cabeçalho das células ATM. As células ATM necessitam de um protocolo de transporte para conduzirem os dados sobre a fibra óptica. Com a ampliação da velocidade nas redes, as operadoras de telecomunicações começaram a eliminar a camada ATM e a empacotar os dados diretamente neste protocolo, que pode ser o SDH (padrão europeu) ou o Sonet (padrão americano). No caso das linhas contratadas pela RNP, está sendo usado o SDH (synchronous digital hierarchy ou hierarquia digital síncrona). Com a eliminação da camada ATM, o "overhead" tornou-se muito menor. Enquanto o cabeçalho das células ATM produzem um "overhead" estimado de 15%, o protocolo SDH traz no cabeçalho um "overhead" de apenas 4,4%. Isto significa que o mesmo canal de 155 Mbps que só levava 131,75 Mb de informação na tecnologia ATM, agora, com o SDH, leva 148,2 Mb de informação, "desperdiçando" apenas 6,8 Mb. Ou seja, é um ganho de mais de 10% em termos de utilização do mesmo canal. Os novos enlaces representaram uma economia de 80% em relação aos anteriormente contratados. Isto se deve a uma conjunção de fatores: alta competitividade do mercado, adoção do sistema de leilão para a licitação dos contratos e custos mais baixos inerentes ao SDH. Ari Frazão explica que a tecnologia não havia sido adotado anteriormente porque ainda não era usada pelas operadoras de telecomunicações na época em que o backbone RNP2 foi implantado. Enquanto as demais conexões do RNP2 não forem atualizadas, as tecnologias ATM e SDH continuarão convivendo na rede acadêmica. Conexões atualizadas
Veja o mapa da rede RNP2 em http://www.rnp.br/backbone/. [RNP, 19.03.2004] |