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5º Workshop RNP2 proporciona amplo espaço de discussão

Diversidade de painéis e colaborações internacionais favorecem o debate

Quatro grandes painéis deram o tom do 5º Workshop RNP2, ocorrido nos dias 13 e 14 de maio, no Centro de Eventos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Gramado (RS): Grupos de Trabalho RNP (GTs), Redes de Pesquisa e Educação, Aplicações Avançadas e Redes Ópticas Experimentais.

O evento ocorreu, mais uma vez, durante o Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores (22ºSBRC/2004), que contou com um stand da RNP com as demonstrações de três novos serviços que serão oferecidos pela instituição — VoIP, videoconferência e vídeo sob demanda — e duas ferramentas: de gerência de redes e de segurança.

O 5ºWRNP2 foi iniciado às 8h15m do dia 13 com uma apresentação do diretor de Inovação da RNP, Michael Stanton, dando início à sessão sobre os sete grupos de trabalho da RNP 2003/2004: Vídeo, VoIP, Chaves Públicas, P2P, Diretório, Configuração e QoS.

As palestras sobre os GTs foram apresentadas pelos coordenadores de cada grupo, que relataram detalhadamente, a partir de uma abordagem técnica, o trabalho que foi desenvolvido ao longo de 2003/2004, o projeto-piloto, as perspectivas para implantação do serviço no backbone da RNP e seus benefícios.

À tarde, a programação do workshop foi dedicada ao painel de redes de pesquisa e educação. O primeiro palestrante foi o presidente da Xit Telecom, Robert Proulx, que contou sua experiência com a implantação das redes comunitárias no Canadá. A Xit Telecom é especializada em desenvolvimento de redes privadas de telecomunicações e foi a primeira empresa canadense a desenvolver um modelo único que permite que os usuários se tornem donos de sua própria rede de fibras ópticas.

Em seguida, Antônio Jorge Abelém, da Universidade Federal do Pará (UFPA), falou sobre a evolução das redes metropolitanas. Durante sua palestra, Abelém mencionou a relevância das redes, seus problemas atuais e soluções, novas tecnologias e alguns exemplos de redes metro, como a rede da UFF, a ReMAV de Curitiba e, mais recentemente, a rede metropolitana do Rio de Janeiro do Projeto Giga.

Representando a USPnet, o coordenador do Centro de Computação Eletrônica da USP, Edson Moreira, descreveu as estratégias de adaptação da rede de comunicação da USP ao uso de novas tecnologias como PDAs, tablets, notebooks e das novas capacidades da telefonia IP, que provocam forte impacto na infra-estrutura da rede da universidade.

Rede Clara é apresentada no Painel de Redes de Pesquisa e Educação

A Cooperação Latino Americana de Redes Avançadas (Clara), rede acadêmica de alta velocidade da América Latina, prevista para entrar em operação em junho, fez parte das discussões de duas palestras.

O coordenador geral da rede acadêmica mexicana (Corporação Universitária para o Desenvolvimento da Internet - CUDI), Carlos Casasus, falou do problema demográfico enfrentado pelo México e da carência de instituições de Ensino Superior no seu país, situação contrária a de alguns países europeus, onde a oferta é maior que a procura. Como solução, Casasus apontou a alternativa do ensino a distância e destacou, desta forma, a importância da Clara que possibilitará a conexão direta da América Latina com a Europa.

O coordenador de projetos da rede acadêmica argentina ( Rede Teleinformática Acadêmica - Retina), Carlos Frank, explanou em seguida, mais detalhadamente, sobre a rede Clara. Frank abordou aspectos mais específicos acerca de todas as redes acadêmicas integrantes da Clara, cronograma da rede latino-americana, características principais, mapa do backbone e benefícios esperados.

Outras três palestras internacionais fizeram parte do painel de redes de pesquisa e educação: John Silvester, presidente da rede californiana CENIC (Corporation for Education Network Initiatives in California), que descreveu a implantação e desenvolvimento desta importante rede estadual; Jacqueline Brown, do Pacific Northwest Gigapop na Universidade de Washington em Seattle, que falou sobre a iniciativa National Lambda Rail (NLR), que explora os usos em larga escala de fibra óptica apagada a serviço das redes de pesquisa e educação nos EUA; e, representando o Projeto Euro6ix, Carlos Ralli, da Telefónica Investigación y Desarrollo de Madri, procurou demonstrar a viabilidade do uso da nova tecnologia IPv6 da Internet.

Futuro da RNP é abordado na sessão de abertura

A programação do dia 13 foi encerrada com a sessão de abertura do 5WRNP2, que contou com a presença da gerente de projeto de Relações Internacionais da Internet2, Ana Preston, do diretor geral da RNP, Nelson Simões, do Secretário Especial de Educação à Distância do MEC, Marcos Dantas, e do Secretário Especial de Política de Informática do MCT, Arthur Pereira Nunes. Em seu discurso de abertura, Simões falou sobre a visão de trabalho da RNP nos próximos dois anos.

— Nosso objetivo é transformar o Brasil num país com a mais moderna rede de educação e pesquisa capaz de disponibilizar uma infra-estrutura avançada para toda a comunidade acadêmica, incluindo centros de pesquisa e museus e a integração desta rede à das escolas, bibliotecas e postos de saúde – falou Simões durante seu discurso de abertura.

Simões falou também da importância da Clara para a comunicação e colaboração intraregional das redes acadêmicas na solução de problemas relacionados à educação, saúde, meteorologia etc.

— A Clara irá facilitar a articulação dos grupos que podem agregar aplicações de impacto entre os países na América Latina. As redes acadêmicas são essenciais para sustentar um conjunto de aplicações capazes de resolver problemas, como, por exemplo, tornar o serviço de previsão de tempo um sistema em que as informações estejam, de fato, disponíveis para todos a qualquer instante. Ou seja, a orientação do que se faz na área de aplicações deve estar ligada aos interesses do País – ressaltou Simões.

Ana Preston dedicou sua apresentação a traçar um panorama atualizado de diversos esforços de rede avançada intimamente relacionados aos Estados Unidos, abordando o projeto Abilene Observatory, as redes regionais e o novo projeto da Internet2 de construção de uma infra-estrutura Híbrida Óptica e de Pacote (HOPI).

Em seguida, o secretário Marcos Dantas falou sobre as perspectivas da secretaria de Educação a Distância e de suas políticas de trabalho no País. Por último, o secretário Arthur Pereira Nunes divulgou algumas notícias de interesse à comunidade usuária da RNP, dentre elas a prorrogação até 2019 dos incentivos sobre IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) relacionados à lei de Informática.

— Esse incentivo é o que dá a necessidade da contrapartida do investimento em P&D que muitas universidades participam naqueles projetos contratados junto a empresas que fabricam equipamentos no Brasil com produção incentivada – explica Nunes.

Resultado do edital do Giga foi esperado com entusiasmo

No dia 14, foi a vez das palestras técnicas, dos painéis de aplicações avançadas e de redes ópticas experimentais. Na sessão de palestras técnicas, Dorgival Guedes, do departamento de Ciência da Computação da UFMG, falou do projeto Planet Lab que oferece uma rede em escala planetária para desenvolvimento de testes e experimentos.

Após a apresentação de Guedes, Hunter Hagewood, da UFPB, explicou o trabalho desenvolvido no Logistical Computing and Internetworking LAB (LoCI) sobre o Internet Backplane Protocol (IBP), protocolo de gerência e uso de armazenamento remoto. O IBP foi inventado para dar suporte a redes lógicas em larga escala, sistemas distribuídos e aplicações.

Ainda na sessão de palestras técnicas, merece destaque a apresentação sobre o novo serviço de videoconferência que será oferecido pela RNP às organizações usuárias da rede. Proferida em conjunto pela analista de tecnologia da informação e pelo gerente do Centro de Informações da RNP, Graciela Machado Leopoldino e Marcus Vinicius Mannarino, respectivamente, a palestra abordou as vantagens e benefícios do uso de videoconferência e como a organização usuária interessada em utilizar o serviço deve proceder.

O painel de aplicações avançadas teve por objetivo demonstrar de que forma o uso da RNP e das redes acadêmicas mundiais contribuem e, muitas vezes, possibilitam os diversos projetos de colaboração internacionais e debater o consumo de banda desses projetos.

Neste contexto, cinco palestrantes foram convidados a falar sobre o uso de redes de computadores nas suas áreas e projetos. Antônio Miranda, da Fiocruz, Renato Sabattini, da EduMed, Osvaldo Luiz de Moraes, do Experimento de Larga Escala na Biosfera-Atmosfera na Amazônia (Projeto LBA), o astrônomo Kepler de Souza Filho, da UFRGS, e o físico Alberto Santoro, da Uerj.

A programação final do evento foi aguardada com grande expectativa pela platéia. Foi no último painel, de redes ópticas experimentais, que a RNP divulgou o resultado da chamada de subprojetos de P&D do Projeto Giga. Ainda no painel foram apresentadas palestras sobre a evolução do Projeto Giga, o Programa Tidia e o Projeto Giga da rede acadêmica chilena (G-REUNA).
O ponto alto do evento, na opinião do diretor de Inovação da RNP, Michael Stanton, foi a sessão sobre o Projeto Giga.

— Tentamos dar ênfase na evolução para novas tecnologias nas redes de pesquisa e educação, como foi bastante batido no primeiro dia. Mas creio que a sessão do Giga tenha sido o ponto alto. Ali estamos tentando mostrar como vamos chegar a estas novas tecnologias com pernas próprias – disse Stanton.

O 5WRNP2 contou também com uma sala exclusiva para os GTs, o curso “Forense em Windows em 10 lições”, proferido pela equipe do CAIS, e o lançamento do livro TV Digital Interativa, do jornalista Valdecir Becker e do pesquisador Carlos Montez. Embratel, Sun, Extreme, Furukawa, Global Crossing, Intel e Padtec patrocinaram o evento.

[RNP, 26.05.2004]