RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

english | español


 

 
Notícias RNP 
 

Cientistas brasileiros conectados a América Latina e Europa

Rede Clara amplia colaboração internacional


Na segunda-feira, 20 de setembro, as instituições brasileiras de ensino superior e de pesquisa começaram a se comunicar diretamente com instituições semelhantes na Europa e no Chile através da Rede Clara, iniciativa de rede latino-americana. O objetivo deste projeto é integrar as comunidades de pesquisa e ensino da América Latina e Caribe através de uma infra-estrutura de rede com suporte a aplicações e serviços avançados.

A Rede Clara entrou em operação, no dia 31 de agosto, com a interconexão de seus pontos de presença no Brasil e no Chile. No mesmo dia, foi ativado um enlace de 622 megabits por segundo (Mbps) com o ponto de presença da rede pan-européia Géant em Madri, Espanha. Esta é a primeira conexão direta entre redes avançadas de dois países da América Latina e destes com a Europa.

— Estou certo de que esta ligação direta será um catalisador para uma maior colaboração entre a Europa e a América Latina — declarou o presidente do conselho executivo da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), Pedro Veiga. A FCCN é responsável pela rede acadêmica portuguesa, RCTS.

O representante brasileiro na Rede Clara é a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP-OS), organização social responsável pelo programa interministerial de rede acadêmica dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência e Tecnologia (MCT). A conexão da rede RNP ao projeto latino-americano se dá através de um link com capacidade inicial de 155 Mbps. Todas as 214 organizações de ensino e pesquisa usuárias da RNP já estão automaticamente integradas à Rede Clara.

O papel das redes na colaboração internacional

As redes nacionais para pesquisa e educação são utilizadas nos países desenvolvidos como infra-estrutura estratégica para um grande número de aplicações. Nos países em desenvolvimento, constituem-se em alicerce essencial para a competitividade na nova sociedade do conhecimento global.

A Rede Clara atuará como suporte para uso compartilhado de dados, sensores, conteúdos digitais, coleções científicas, aparelhos, software e serviços de colaboração entre os países. A utilização de dispositivos complexos ou laboratórios únicos (aceleradores de partículas, microscópios eletrônicos, telescópios, sensores ambientais etc.) e o tratamento de grandes volumes de informações, aliado ao poder computacional distribuído (previsão de clima e tempo, bases de dados em genoma, ciências da terra, astronomia, física etc.), constituirão a base necessária para que cada país seja capaz de enfrentar seus desafios em saúde, educação, meio ambiente, agricultura e inovação.

O Brasil será diretamente beneficiado em projetos como o Southern Astrophysical Research Telescope (Soar), telescópio instalado no Chile e no qual o Brasil tem 30% de participação; o Experimento de Larga Escala na Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), que integra mais de 1.500 cientistas em 15 países; e o Compact Muon Spectrometer (CMS), um dos quatro detectores que farão parte do próximo acelerador de partículas do Cern, o maior laboratório de física de partículas subatômicas do mundo, localizado na Suíça.

— Há muito se buscava uma efetiva interligação entre as comunidades de pesquisa e educação na América Latina. Estamos agora muito melhor preparados para colaborar no avanço do conhecimento, na capacidade de criação e na nossa integração cultural e econômica. Este seguramente é um marco histórico para todos que estão trabalhando pela integração regional em ciência e tecnologia — destacou Nelson Simões, diretor geral da RNP e presidente da Clara.

Dois anos preparando a Clara

A idéia da criação de uma rede latino-americana e de sua conexão com a Europa começou a tomar forma em junho de 2002, durante reunião do Alliance for the Information Society (@lis), programa patrocinado pela União Européia. Ali foi assinado o que ficou conhecido como Declaração de Toledo, em referência à cidade que sediou o evento.

A Declaração de Toledo foi o pontapé inicial para a formação da Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas, que visava tanto à formação de uma infra-estrutura que unisse as redes avançadas latino-americanas (Rede Clara) como à criação de um órgão não-governamental que representasse os interesses deste grupo (organização Clara).

Também no âmbito do @lis foi gerado o projeto América Latina Interconectada com a Europa (Alice), uma grande colaboração envolvendo a Comissão Européia; a organização Clara; as redes de pesquisa da Espanha (Rediris), França (Renater), Itália (Garr) e Portugal (FCCN); e a organização Dante, responsável pela rede Géant. O projeto Alice foi responsável, em grande parte, pela concretização do sonho da Rede Clara.

— Não há dúvida de que se inicia uma nova etapa de solidariedade e aproximação dos povos latino-americanos entre si e com o Velho Continente — festejou o representante da rede acadêmica da Costa Rica (CR2NET), Guillermo Loria.

O coordenado do programa @lis, Antonio Crespo, fez questão de frisar que o Alice se fez realidade “graças ao enorme esforço realizado por todos os que confiavam, com força, nesta aventura”.

18 países da AL participarão da Rede Clara

A implantação da Rede Clara foi possível graças ao trabalho colaborativo de técnicos de vários países, incluindo o Grupo de Engenharia de Rede da Clara, a cargo do Centro de Engenharia e Operações da RNP. Nos próximos dias, será concluída a ativação do anel principal da rede, com o estabelecimento das conexões de Argentina, México e Panamá. A capacidade inicial configurada entre os países do anel é de 155 Mbps.

Até o final de 2004, mais sete países estarão conectados à Rede Clara: Uruguai, Peru, Venezuela, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e Nicarágua. Em seguida, conectam-se Bolívia, Colômbia, Cuba, Equador, Honduras e Paraguai.

[RNP, 22.09.2004]

Consulta em noticias

 


Veja também:

Clara

Página com mais informações sobre a Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas