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Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

“VideoconCiência” nas escolas alcança oito estados brasileiros


Alunos das escolas Camilo Castelo Branco e Ignácio Azevedo do Amaral assistem à videoconferência no auditório do Impa

Mais de 800 alunos de escolas públicas participaram das palestras virtuais interativas promovidas pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Ao todo, foram 8 estados brasileiros conectados para a realização do projeto "VideoconCiência" nas escolas, que teve por objetivo levar a ciência até as salas de aula por meio de videoconferência pela Internet e mostrar que o uso dessa tecnologia pode ser estendido até as escolas públicas brasileiras.

As palestras foram proferidas por pesquisadores de organizações usuárias da RNP e versavam sobre variados temas relacionados à ciência e tecnologia: astronomia, Programa Espacial Brasileiro, Amazônia e física. Do próprio computador localizado na instituição onde trabalha, cada pesquisador falou para seis escolas brasileiras distribuídas em cinco diferentes estados. As escolas, por sua vez, assistiram às palestras por meio de uma ferramenta de videoconferência exibida num telão que transmitia a imagem do palestrante e também possibilitava a exibição de slides e um canal de chat.

Ao final de cada apresentação, havia uma sessão de perguntas e respostas em que os alunos interagiam com o palestrante. Em cada escola, havia um computador com uma webcam e um microfone. O aluno interessado se dirigia para o computador e, olhando para a webcam, fazia a sua pergunta ao microfone enquanto sua imagem era transmitida ao lado da imagem do palestrante.

O projeto procurou abranger escolas de diferentes regiões do país: Ceará, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. No Ceará, os alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Paulo Airton participaram das palestras na sala de videoconferência da Universidade do Ceará. Ao longo da Semana, as turmas se revezavam e, na sexta-feira, a escola já havia enviado 75 alunos de diferentes turmas do Ensino Fundamental para participar do evento.

— Foi uma excelente oportunidade para os nossos alunos de conhecerem, em uma semana, temáticas tão diversificadas. Certamente eles aprenderam muito com o contato com especialistas e com a interação com outros alunos do Brasil. Ao longo dessa semana, pudemos perceber o quanto essa nova tecnologia, com recursos como chat, imagem e voz, pode ajudar no aprendizado – avaliou a técnica de educação à distância da Secretaria de Educação do Ceará, Karine Pinheiro de Souza, que acompanhou os alunos durante a Semana.

Em Brasília, o Centro de Ensino Fundamental 15 de Taguatinga selecionou uma única turma, de 30 alunos, para participar de todas as palestras na própria sala de informática da escola. A situação foi a mesma no Rio Grande do Sul, onde a Escola Estadual do Ensino Fundamental Golçalves Dias também trabalhou com uma turma de 30 alunos.

— Os alunos da Golçalves Dias acharam a experiência muito gratificante. Esperamos que, num futuro breve, todas as escolas do Brasil possam contar com este recurso para o aprendizado dos alunos – disse a diretora da escola, Lorena Beatriz Soster.

Em São Paulo, a videoconferência também ocorreu na sala de informática e todos os estudantes do turno da tarde participaram da experiência, em turmas de 30 a 40 alunos.

Aluno da escola Camilo Castelo Branco faz uma pergunta ao palestrante usando a ferramenta da videoconferência

No Rio de Janeiro, o projeto contou com a participação de duas escolas: o Colégio Estadual Ignácio Azevedo do Amaral e a Escola Municipal Camilo Castelo Branco. As duas escolas, enviaram seus alunos para o auditório do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), que foi preparado para o evento com telão, computador, webcam e microfone. As escolas encheram o auditório do Impa com, em média, cem alunos por dia, durante toda a Semana.

Do meio da Amazônia para as escola brasileiras

Considerando o aspecto tecnológico, mereceu destaque a apresentação da bióloga Elisabeth Gama, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, ocorrida na terça-feira. A palestra da bióloga, cujo tema era a vegetação das várzeas na floresta amazônica, foi realizada no interior do Centro Itinerante de Educação Ambiental do Instituto Mamirauá localizado dentro de um grande lago na região de Tefé, parte integrante da floresta.

A grande casa flutuante de dois andares que serve para diversos projetos de educação ambiental do instituto possui conexão Internet via rádio com Tefé, que, por sua vez, possui conexão via satélite com o backbone da RNP. Apesar de todas as dificuldades de comunicação e alguns problemas pontuais, foi possível realizar a videoconferência e a sessão de perguntas e respostas.

Na quarta-feira, o tema foi o eclipse lunar que ocorreria na semana seguinte. Foram convidados dois palestrantes: a pesquisadora Mariângela de Oliveira-Abans, do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e o professor e astrônomo Germano Bruno Afonso, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mariângela de Oliveira iniciou sua palestra do LNA, em Itajubá (MG) explicando o eclipse e como ele acontece. Em seguinda, Germano Afonso, que é especializado em astronomia indígena, falou, diretamente da UFPR, no Paraná, acerca de como os índios interpretam o fenômeno.

Na segunda-feira, o palestrante convidado foi o Ten. Cel. Marcos Cesar, da Agência Espacial Brasileira. Pontes é primeiro astronauta brasileiro e faz parte do programa de treinamento de astronautas da agência espacial norte-americana, a Nasa. Apesar de trabalhar nos Estados Unidos, Pontes estava no Rio de Janeiro para os eventos da Semana e, por isso, proferiu sua palestra do Impa, o instituto onde se encontravam os alunos cariocas.

Para não atrapalhar a dinâmica da videoconferência, o astronauta falou de uma pequena sala no Impa, mas, ao término de sua apresentação, foi até o auditório cumprimentar os alunos e entregar fotos autografadas. A presença do astronauta causou alvoroço entre os estudantes que demoraram para compreender que ele estava no mesmo prédio que eles durante a palestra.

— Como ele fez para vir tão rápido da Nasa até o auditório do Impa? - perguntou um aluno da 6ª série da Camilo Castelo Branco ao diretor da escola.

O físico e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Alberto Santoro, foi o palestrante de quinta-feira. Ele contou, de seu escritório da Uerj, sobre os mistérios do universo e como o Brasil participa do laboratório europeu de física de altas energias, o Cern.

A sexta-feira também foi dedicada à física, mas à parte lúdica da disciplina. O também professor da Uerj e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Francisco Caruso apresentou o projeto que vem desenvolvendo de ensino da fisica através de histórias em quadrinhos.

Assim como o astronauta Pontes, Caruso também proferiu sua palestra de uma sala no Impa e, ao final da apresentação, foi até o auditório do instituto encontrar os estudantes e convidá-los a viajar com ele no Trem da Ciência, que partiu da Central do Brasil até Japeri no sábado seguinte com vagões temáticos sobre ciência e tecnologia.

Além dos mais de 800 alunos que participaram do ciclo de palestras interagindo diretamente com os palestrantes, os interessados em acompanhar o evento puderam assistí-lo em tempo real, todos os dias. A RNP realizou a transmissão pela Internet com o apoio do GT de Video Digital e do Impa. O internauta pôde acompanhar o evento clicando num link que ficou disponível no site da instituição durante a Semana.

— Tivemos uma média de mais de 40 acessos todos os dias. Não é possível afirmar se foram acessos individuais. Temos notícia, contudo, do interesse de algumas escolas em assistir às palestras, projetando a transmissão em telão, pois recebemos ligações de algumas delas nas semanas que antecederam o evento – informou o gerente do projeto Marcus Vinicius Mannarino.

[RNP, 05.11.2004]

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