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Dados foram transmitidos pela Internet a 101 Gbps

Uerj, Unesp, USP e Projeto Giga participaram do desafio

Na madrugada de hoje, 11 de novembro, entre meia-noite e uma da manhã (horário de Brasília), cientistas de várias partes do mundo conseguiram transmitir dados pela Internet a uma velocidade nunca vista antes. Vindos de diversos lugares, os dados chegavam a Pittsburgh, nos Estados Unidos, à impressionante taxa de até 101 Gbps. "É como se eles estivessem recebendo uma Encyclopedia Britannica a cada sete segundos", compara o professor Alberto Santoro, do Instituto de Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Santoro foi um dos que contribuíram para esta transmissão. A partir de seu laboratório na Uerj, ele conseguiu transmitir dados a cerca de 400 Mbps, uma taxa que, para padrões brasileiros, já é assombrosa. Por volta de 22h30min de quarta-feira, antes do horário da demonstração portanto, chegou-se a alcançar 540 Mbps. A taxa não foi mantida porque não haveria banda sufiente em Pittsburgh no horário combinado, já que várias instituições espalhadas pelo globo estariam transmitindo ao mesmo tempo.

A demonstração, coordenada pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, do nome em inglês), contou também com a participação da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no Brasil. Através de uma conexão especialmente instalada para a transmissão, os cientistas de São Paulo conseguiram transmitir dados a 1,6 Gbps durante a demonstração. Em experimento posterior, na tarde do mesmo dia 11, chegaram a sustentar uma transmissão de quase 2 Gbps ao longo de uma hora.

As transmissões das universidades no Rio de Janeiro e em São Paulo ocorreram simultaneamente, dentro da demonstração High Speed TeraByte Transfers for Physics (Transferências de Terabytes em Alta Velocidade para a Física), que fez parte do evento High Performance Computing, Networking and Storage Conference, ou, simplesmente, Supercomputing (SC2004).

— Nossa participação na SC2004 está ligada aos projetos internacionais em Física de Altas Energias, que necessitam de uma infra-estrutura de rede que possibilite a transmissão de dados que são produzidos nos aceleradores de partículas. Essas demonstrações estão ligadas às iniciativas de implantação do Grid brasileiro de Física de Altas Energias, coordenado pelo professor Alberto Santoro — explicou o professor Sérgio Novaes, da Unesp.

Parcerias

Para que os dados chegassem até os Estados Unidos saídos de computadores na Uerj e na USP à taxa que chegaram, foi necessário firmarem-se algumas parcerias. A Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) articulou uma conexão especial entre a rede do Projeto Giga, à qual a Uerj está conectada, e a Rede Clara, infra-estrutura latino-americana de rede avançada, da qual a RNP também faz parte. A rede acadêmica paulista, Ansp, conseguiu, junto à Universidade Internacional da Flórida (FIU), uma conexão direta com os Estados Unidos, de 2,5 Gbps.

O Projeto Giga é uma iniciativa de rede óptica da RNP e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), financiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel). As fibras desta rede são cedidas pelas empresas Embratel, Intelig, Telemar e Telefônica para uso exclusivo do projeto. A conexão à Rede Clara foi uma concessão especial dessas operadoras para a participação da Uerj no evento. Saindo da Rede Clara, os dados vindos da Uerj passavam ainda pela rede avançada européia Géant antes de chegar aos Estados Unidos.

Em São Paulo, além da FIU e da Ansp, colaboraram para a implantação da nova conexão internacional, o consórcio Internet2 e as empresas Telecom Itália, Terremark, Impsat, Eletropaulo Telecom, FBL FiberNet, Qwest e Cisco. Os roteadores usados pelo pessoal da USP/Unesp na demonstração foram cedidos pela Foundry, o servidor e as placas de rede foram disponibilizadas pela Intel e os nós de processamento utilizados eram da Itautec.

[RNP, 11.11.2004]