| III Fórum Ministerial ALC – EU sobre a Sociedade da InformaçãoRede Clara é lançada oficialmente A primeira rede de ensino e pesquisa latino-americana, a Rede Clara, foi lançada oficialmente durante o III Fórum Ministerial América Latina e Caribe – União Européia sobre a Sociedade da Informação, ocorrido nos dias 22 e 23 de novembro, no Rio de Janeiro. O simpósio deu continuidade aos debates ocorridos durante os foros realizados em 2002, em Sevilha, e, no ano seguinte, em Lima. Com o tema “Uma aliança para a Coesão Social através da Inclusão Digital”, o objetivo do fórum foi intensificar a cooperação entre as duas regiões através de uma visão compartilhada do potencial das tecnologias da informação e da comunicação como ferramentas de coesão social. Durante o evento, foram elaborados dois documentos: a Declaração do Rio de Janeiro e o Programa de Trabalho Birregional para a Inclusão Digital. Software livre ou de código aberto, a interoperabilidade de sistemas, a governança da Internet, a segurança e mecanismos adequados de financiamento e apoio foram alguns dos temas relevantes discutidos no evento. O simpósio contou com a participação de ministros setoriais e seus representantes de ambas as regiões, coordenadores nacionais da Sociedade da Informação e/ou de Inclusão Digital, representantes de agências reguladoras e representantes da sociedade civil, do setor privado e de organizações internacionais convidadas. Na sessão de abertura, estavam presentes a governadora do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha Garotinho, o secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Luis Fernandes, a representante da presidência da União Européia e do Ministério das Relações Exteriores da Holanda, Marion Kappeyne van de Coppello, o diretor geral de Sociedade da Informação da Comissão Européia, Fábio Colasanti, o secretário-executivo da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) das Nações Unidas, José Luis Machinea, e o presidente da AHCIET, Luis di Benedetto. Durante seu discurso, o secretário-executivo do MCT, Luis Fernandes, assinalou a intenção do governo brasileiro em desenvolver com a Europa uma agenda de solidariedade digital, que possa representar um caminho para o progresso sustentável e equilibrado da América Latina e dos países em desenvolvimento de um modo geral. — É fundamental ampliar o debate e as ações de modo a permitir a participação de todos os setores interessados, como a sociedade civil, o setor privado e as organizações internacionais engajadas com a causa do desenvolvimento e da inclusão – afirmou o secretário. Como exemplo concreto do diálogo birregional entre América Latina e Europa, Fernandes citou a Rede Clara como uma iniciativa de valor estratégico para a integração do espaço regional latino-americano e caribenho por meio de uma rede Internet de alta velocidade. — Além do estabelecimento de conexão direta entre os países envolvidos, com redução de custos e aumento de velocidade na transmissão de dados, a rede oferece amplitude de banda que viabilizará projetos de pesquisa multinacionais em tempo real, unindo universidades, institutos de pesquisa e laboratórios entre si e com contrapartes em outros lugares do mundo. Uso da Rede Clara é relacionado ao aumento da qualidade de vidaO lançamento oficial da Rede Clara ocorreu em seguida à sessão de abertura, com a presença do diretor geral da Rede, Nelson Simões, do diretor geral de Sociedade da Informação da Comissão Européia, Fábio Colasanti, e do diretor geral de Dante (responsável pela rede européia), Dai Davis. Simões falou sobre o que a Rede Clara pode fazer pela educação, pesquisa e saúde dos países da região. — Podemos dispor das mais inovadoras aplicações de comunicação e colaboração para aperfeiçoar professores de nível médio a distância; compartilhar dispositivos caros e únicos, como um telescópico nos Andes; coletar, armazenar e manipular informações de clima e tempo, sobre El Niño ou Amazônia; podemos tocar e ouvir música, dançar e ver dançar; criar e desenvolver os conteúdos e aplicações que apóiam a educação de novos cidadãos explorando a riqueza e os valores de nossa cultura latina, americana e morena. Após seu discurso, Simões convidou a platéia a assistir a um vídeo sobre o projeto T@lemed, um exemplo do uso que pode ser feito da Rede Clara. O projeto T@lemed presta serviços de saúde em regiões isoladas do Brasil e Colômbia, permitindo que médicos diagnostiquem patologias a distância e receitem medicamentos a doentes, apesar de estarem separados por milhares de quilômetros. Colasanti abordou o estímulo que a Rede Clara trará à Sociedade da Informação. — A Rede Clara abrirá grandes possibilidades de colaboração dentro da América Latina. Tornará possível o desenvolvimento da pesquisa em muitas áreas que hoje dependem da disponibilidade de uma conexão veloz de banda larga. Possibilitará que os pesquisadores latino-americanos colaborem com os pesquisadores europeus e do resto do mundo e também que o resto do mundo tenha acesso a uma grande quantidade de atividades científicas desenvolvidas na América Latina. Davis ressaltou a importância do uso humano das redes acadêmicas e lembrou o projeto T@lemed. De acordo com ele, este é um ponto muito importante, uma vez que ajuda a compreender que o trabalho nas redes pode ajudar a salvar vidas e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, utilizando a inteligência e sendo capaz de distribuir esta inteligência através da rede. — Creio que um dos desafios que enfrentamos é o fomento do uso da capacidade da Rede Clara e sua conexão com a Europa entre pesquisadores cujos interesses não estão fundamentalmente na tecnologia, mas sim na medicina e nas ciências humanas. Ainda no dia 22, ocorreu uma sessão plenária voltada para um diálogo entre os Governos da América Latina e Caribe e da União Européia sobre políticas e assuntos regulatórios relacionados com a Sociedade da Informação a partir do ponto de vista da coesão social e inclusão digital. Durante a tarde, a platéia se dividiu entre algumas sessões temáticas paralelas: Cooperação para o desenvolvimento de aplicações da Sociedade da Informação; Fatores para uma Sociedade da Informação e do Conhecimento inclusiva; Cooperação em políticas e regulamentação da Sociedade da Informação; e Trabalhando conjuntamente em matéria de governo eletrônico para modernizar as administrações públicas. No dia seguinte, o evento abordou as discussões sobre modelos de cooperação entre o Setor Privado e a Sociedade Civil na Sociedade da Informação. Na sessão de encerramento foram apresentados a Declaração do Rio de Janeiro e o “Diálogo Político e Regulatório” no contexto do programa @LIS. A realização do evento ficou a cargo do governo brasileiro e da Comissão Européia e contou com o apoio do Programa @LIS da Comissão Européia e do assessoramento técnico e institucional da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe, CEPAL. O Governo do Estado do Rio de Janeiro e a AHCIET, membro do “@LIS International Stakeholder Network”, também colaboraram na organização do Fórum. Simpósio foi sucedido por três outros eventosA partir da tarde do dia 23 até o dia 27, três outros eventos sucederam o simpósio: o Seminário sobre Oportunidades de Parcerias entre Brasil/América Latina e a União Européia em Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias da Sociedade da Informação; a primeira reunião técnica da Rede Clara e do Projeto Alice; e a terceira reunião do Projeto Alice. O seminário foi realizado na tarde de terça-feira, dia 23. A sessão de abertura contou a presença de representantes do governo brasileiro, da Comissão Européia e do diretor geral da RNP, Nelson Simões. Além da apresentação de atividades no âmbito do Sexto Programa Quadro de Pesquisa da Comunidade Européia, o evento ofereceu sessões temáticas sobre os seguintes assuntos: Serviços apelativos para os cidadãos para o fomento da coesão social; plataformas móveis e audiovisuais; software livre, tecnologias de software e sistemas distribuídos; e eInfraestrutura: Grid e redes de próxima geração. Nos dias 24 a 27 foram realizadas, simultaneamente, as reuniões da equipe técnica da Rede Clara com a equipe técnica do Projeto Alice e do Projeto Alice. Ainda nos dias 26 e 27, o Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança da RNP (CAIS) ministrou um treinamento na área de segurança para técnicos das redes latino-americanas. [RNP, 09.12.2004] |