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Certificação e TV digitais são temas do terceiro dia do SCI

Seminário RNP de Capacitação e Inovação está sendo realizado em Florianópolis

Quarta-feira foi a vez de a academia subir ao palco. Os professores Ricardo Custódio, da Universidade Federal de Santa Catarina, e Carlos Ferraz, da Universidade Federal de Pernambuco, falaram sobre certificação digital e sobre TV digital e IPTV, respectivamente. Ambos são antigos parceiros da RNP: Custódio coordena, para a RNP, a implantação da infra-estrutura de chaves públicas da comunidade de educação (ICP-EDU); e Ferraz foi coordenador da Rede Recife ATM, criada em 1997, no âmbito do edital RNP/CNPq de redes metropolitanas de alta velocidade (Remav).

A certificação digital é uma necessidade dos dias atuais para se garantir a confiabilidade e a segurança da comunicação e de documentos eletrônicos. É usada para assinar digitalmente e agregar confiança a mensagens e documentos, para assegurar o sigilo de informações e para autenticação descentralizada. É fundamental para a confiança em transações eletrônicas (home-banking, governo eletrônico, e-commerce, e-business) e pode ajudar na redução do uso de documentos em papel. O professor Custódio contou que há países - como Finlândia, Suécia e Itália - que usam certificados digitais em documentos de identidade (com uso de smartcards, por exemplo). No Brasil, este tipo de documento de identificação é usado em algumas organizações, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

"Todos nós precisamos de certificação digital", disse Custódio. O grupo que ele lidera dentro da RNP desenvolveu um sistema de gerenciamento de certificados (SGC) gratuito, em 2004, e um módulo de hardware seguro (HSM), em 2005. Em 2006, ainda no âmbito dos Grupos de Trabalho da RNP, foi implantado o piloto da ICP-EDU e, no ano seguinte, o serviço experimental, que incluiu a criação de uma autoridade certificadora raiz (AC-Raiz). Participam da fase experimental, além da RNP e da UFSC, a Unicamp, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e as Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e Fluminense (UFF). O serviço deve entrar em produção em 2008. Custódio ressaltou que um HSM custa mais de US$ 6.000,00 no mercado, enquanto que o desenvolvido no GT sai por menos de US$ 1.000,00.

Custódio listou algumas áreas de interesse em pesquisa no campo da certificação digital, tais como protocolo de gerenciamento de identidade, dispositivos de gerenciamento, padrões, políticas, usabilidade, infra-estrutura etc. Também falou sobre projetos em curso e o uso de chaves públicas no ensino superior. Alguns exemplos de uso da certificação digital no Brasil são a Nota Fiscal Eletrônica, o CPF eletrônico, a autenticação bancária etc.

A pesquisa em chaves públicas leva já mais de dez anos. Custódio afirma que os desafios foram muitos, desde a falta de experiência até a carência de regulamentação. O alto custo de hardware e software e a necessidade de interoperabilidade (para que o serviço funcione de forma integrada em organizações diferentes) foram alguns dos problemas enfrentados, E, de certa forma, continuam sendo. Custódio diz que ainda é preciso trabalhar muito para aperfeiçoar os algoritmos criptográficos, para garantir a interoperabilidade e para desenvolver soluções que tornem os certificados portáteis e a certificação simples e transparente para o usuário final. "A chave é a simplicidade. O usuário tem que usar certificado sem nem perceber que está usando, assim como hoje ele fala ao telefone sem se dar conta da infra-estrutura de telecomunicações que está por trás", concluiu o coordenador do GT ICP-EDU.

O Seminário RNP de Capacitação e Inovação (SCI) reúne, todos os anos, desde 1995, técnicos dos pontos de presença da rede acadêmica brasileira, a rede Ipê. Mais recentemente, técnicos de instituições de ensino e pesquisa usuárias desta rede começaram a participar também. Em 2007, o SCI está sendo realizado em Florianópolis, de 22 a 26 de outubro. As palestras estão sendo transmitidas pela Internet.

[RNP, 25.10.2007]