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Rede acadêmica brasileira é referência em VoIP na América Latina

Projeto de telefonia IP para a Clara é tema do III Workshop VoIP da RNP

Só no Brasil, o mercado de telefonia IP crescerá 800% até 2009, de acordo com especialistas. Mas se esta informação vale para o mundo comercial, a área acadêmica não fica atrás. Apesar de, na América Latina, apenas Brasil e Venezuela possuírem hoje redes de voz sobre IP (VoIP) para as comunidades de ensino e pesquisa locais, um projeto para a Rede Clara (Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas) promete revolucionar este cenário.

Segundo Ivan Morales, da rede acadêmica da Guatemala, Ragie (Red Avanzada Guatemalteca de Investigación y Educación), o intuito é criar uma solução VoIP para conectar os 17 países que fazem parte da Clara. "Pretendemos integrar em uma única ferramenta a tecnologia VoIP e funcionalidades adicionais como mensagens instantâneas e videoconferência", disse Morales durante o III Worshop VoIP da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), realizado no Rio de Janeiro, no dia 29 de maio.

O Brasil está ligado à Clara através da rede Ipê, infra-estrutura multigigabit operada pela RNP. A rede acadêmica brasileira é pioneira na telefonia IP na América Latina. Desde 2006, oferece aos seus usuários o serviço fone@RNP, que se tornou referência para outros projetos, inclusive para o da Clara. O fone@RNP atende a todos os estados brasileiros com exceção do Acre, Piauí e Alagoas. Ao todo, são 56 instituições e 30 cidades conectadas.

Segundo o coordenador de serviços de TI na RNP, Jean Carlo Faustino, em média, são realizadas 150 chamadas via VoIP por dia só para a rede pública (PSTN, sigla em iglês para "public switched telephone network") da cidade de São Paulo. Para se ter uma idéia, o Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA) praticamente zerou os custos com ligações interurbanas, depois que passou a utilizar o fone@RNP.

Em maio, a RNP implantou parâmetros de qualidade de serviço (QoS, da sigla em inglês) em seu backbone, o que garantirá largura de banda e baixa latência nas ligações do fone@RNP. Além disso, a RNP pretende ampliar suas conexões VoIP internacionais, sobretudo para a Clara. Atualmente, é possível fazer ligações utilizando o fone@RNP para os Estados Unidos, México, Austrália e República Tcheca.

Segurança

Se, por um lado, o mercado de telefonia IP vem crescendo vertiginosamente, por outro, cresce também o número de vírus e warms criados especialmente para atacar esta tecnologia. De acordo com dados levantados em 2008 pelo Sans Institute, organização especializada em segurança, a telefonia IP será um dos dez principais alvos de ataque no mundo. Os ataques variam de captura, na qual o invasor ouve o que está sendo conversado, até o seqüestro de um telefone de sistema IP e distribuição de spam via VoIP.

Na RNP, para que uma instituição passe a fazer parte do serviço, é preciso que ela se submeta a uma auditoria realizada pelo Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança (CAIS) da organização. Também foi submetido à avaliação do CAIS o pacote que está sendo utilizado na migração do protocolo H.323 para o SIP (Session Initiation Protocol). O SIP, que é baseado em texto e muito mais simples que o H.323, leva os controles da aplicação para o terminal, eliminando a necessidade de uma central de comutação.

VoIP4all

Em 2005, a RNP lançou, com recursos do Governo Federal, o projeto VoIP4all, que visava a conectar 80 instituições de ensino e pesquisa ao serviço fone@RNP. Em 2006, os kits VoIP foram distribuídos e as equipes, nas instituições, treinadas. No entanto, 23 instituições ainda não implantaram o serviço. Segundo informou a gerente de P&D da RNP, Iara Machado, em sua palestra “Resultados e planos de conclusão do projeto Voip4all”, os equipamentos cedidos serão requisitados de volta às instituições que não instalaram o serviço, para que sejam redistribuídos.

[RNP, 02.06.2008]