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Seminário lança parceria entre Cultura e PIMM

RNP vai apoiar a construção de uma política de cultura digital para o país


A adesão do Ministério da Cultura (MinC) ao Programa Interministerial de Implantação e Manutenção da RNP MCT/MEC (PIMM) foi anunciada ontem, durante o seminário Vias da Cultura, realizado no Rio de Janeiro. O encontro pôs em contato com a RNP, pela primeira vez, as instituições participantes do projeto piloto RNP/MinC que serão conectadas à rede acadêmica nacional (rede Ipê), por meio das Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep) do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Cerca de 60 representantes das instituições culturais participaram do seminário. Ao fundo José Herência, Alfredo Manevy e José Murilo Carvalho Júnior, do MinC.

Cerca de 60 pessoas participaram do primeiro dia de atividades do Vias da Cultura. Além de representantes dos institutos vinculados ao MinC que fazem parte do projeto-piloto, estiveram presentes o secretário-executivo do MinC, Alfredo Manevy,; o secretário de políticas públicas do MinC, José Herência; o gerente de Cultura Digital da Secretaria de Políticas Culturais do MinC, José Murilo Carvalho Júnior; o gerente do projeto MinC/RNP, Álvaro Malaguti e o diretor-geral da RNP, Nelson Simões.

De acordo com Nelson Simões, diretor-geral da RNP, a parceria entre a organização e o ministério não tardaria a acontecer. “Alguns resultados do passado, como o apoio ao programa O Silêncio dos Intelectuais, levaram ao reconhecimento do trabalho entre o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e o MinC. Não há como pensar em ciência sem cultura. Por isso é visto um amadurecimento entre as ações articuladas”, frisa Nelson.

Para o secretário executivo do MinC, Alfredo Manevy, a parceria é estratégica para o avanço da cultura digital no país. Segundo ele, é necessário modernizar os equipamentos para que seja possível o acesso às obras em qualquer lugar do mundo, o que pode ser obtido por meio da rede de altíssima velocidade da RNP.

Durante a abertura do evento, foi anunciada oficialmente a criação da Gerência de Cultura Digital do Ministério da Cultura, vinculada à Secretaria de Políticas Culturais. “O MinC reconheceu a cultura digital como um dos eixos da política cultural. Para isso temos que ter em vista a participação organizada das instituições para a distribuição dos acervos”, explicou José Herência, secretário de Políticas Culturais.

A Gerência de Cultura Digital estará a cargo de José Murilo Carvalho Júnior, que em sua intervenção explicou o funcionamento desse novo setor do Ministério. A nova estrutura estava prevista no organograma ministerial desde os tempos em que Gilberto Gil era ministro da Cultura, mas só pôde ser criada neste ano, com a reforma administrativa do MinC.

O uso da rede

O gerente de Cultura Digital do Ministério da Cultura, José Murilo Jr., anunciou que este ano deve ser criado o Programa Nacional de Digitalização de Acervos, reunindo a experiência de todas as instituições culturais federais, e também as iniciativas desenvolvidas pelo mercado e pela sociedade civil organizada. A idéia é evoluir para um modelo de digitalização da cultura.

Em sua apresentação, Murilo Jr. destacou a criação do Banco de Conteúdo Audiovisual, que irá digitalizar na íntegra do acervo da Cinemateca Brasileira. O programa de digitalização de acervos pretende ampliar a oferta de conteúdos em língua portuguesa disponíveis na rede mundial de computadores. “Em 1999, apenas 2% do total de acessos à Internet correspondiam a conteúdos em língua portuguesa. Mas em 2002 o interesse pelos conteúdos neste idioma restringiu-se ainda mais. A digitalização possibilita o contato com os acervos e a produção cultural brasileira, propagando também o idioma”, diz.

Nesse sentido, o projeto-piloto MinC/RNP, que irá conectar inicialmente dez instituições às Redecomep do Rio de Janeiro e de São Paulo, é o início de uma nova etapa em que os gargalos infraestruturais serão superados. O acesso a esses acervos será feito através das Redecomep, iniciativa do MCT, coordenada pela RNP, para a implantação de anéis metropolitanos de infraestrutura óptica conectados à rede Ipê, a rede acadêmica de ensino e pesquisa nacional. A forma como as instituições culturais serão conectadas a essa infraestrutura de altíssima velocidade foi apresentada pelo Diretor de Projetos da RNP, José Luiz Ribeiro Filho.

“É importante o desenvolvimento de fóruns de discussão para se definir um posicionamento quanto ao uso deste serviço, que permite a troca de informações com outras instituições no Brasil, mas também no mundo. É como se agora uma Ferrari estivesse disponível para o compartilhamento da cultura, mas mesmo uma Ferrari exige manutenção e cuidados”, comparou José Luiz.

O homem cordial também está na Internet

O fato da maioria dos usuários de Internet no Brasil (cerca de 70%) ter acesso ao Orkut remete para Álvaro Malaguti, gerente do projeto piloto RNP/MinC, ao “homem cordial”, termo que designa o brasileiro como avesso às formalidades, visto no livro Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Hollanda, lançado em 1936. “O brasileiro tem pré-disposição de estreitar distâncias. Faz parte da História do Brasil o desejo de agregar e isso não seria diferente com o uso da Internet”, destaca Álvaro.

Rodrigo Savazoni, consultor da RNP, destaca que o uso de redes sociais no mundo já superou o uso de e-mails, o que corresponde a 1,8 bilhão de pessoas. O Brasil é, proporcionalmente, o país que tem mais pessoas conectadas a sites de relacionamentos. É neste campo que a cultura digital é vista como instrumento de mobilização social.

O Fórum da Cultura Digital Brasileira foi concebido como parte desta realidade. Iniciativa do MinC, o Fórum visa estabelecer um processo de formulação e construção de consensos, diretrizes e políticas públicas por meio da integração e participação de atores governamentais, estatais, da sociedade civil, da academia e do mercado ao longo do segundo semestre de 2009.

Para Juana Nunes, gerente de Mobilização e Articulação de Redes Sociais da SBPC, o encontro foi frutífero. “Houve um grande avanço hoje. É necessário construir um movimento social em torno da cultura digital e uma política de gestão compartilhada, com foco agora no MinC”, declara Juana. Isabel Mendes, administradora cultural do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte, tem grandes expectativas. “Acredito que vai se estabelecer uma política para a instituição que transcenda a política atual. Haverá uma valorização do papel que a Funarte tem hoje e do que poderá ser. Espero que isso possa ser disseminado para o povo”.

[RNP, 06.05.2009]

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