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Projeto Rede Nacional de Ensino e Pesquisa comemora 20 anos

Iniciativa que deu origem à organização é relembrada durante o 15º SCI


Histórias curiosas, casos de superação e reencontros deram o tom da cerimônia de 20 anos do projeto RNP, realizada ontem, durante o 15º Seminário de Capacitação e Inovação. A celebração foi dividida em dois painéis, conduzidos pelos diretores de Engenharia e Operações, Alexandre Grojsgold, e de Serviços e Soluções, José Luiz Ribeiro Filho.

O primeiro painel foi formado por representantes dos PoPs, que relembraram as diferentes etapas de evolução do backbone da RNP e os desafios de montar uma malha de redes no início da década de 90. Emocionada, Claudete Alves, disse que o PoP-BA foi estabelecido na Universidade Federal da Bahia (UFBA) com apenas um computador, uma manual de protocolo TCP/IP e um link de 9,6 kbps.

Claudete destacou como a implementação da rede em Salvador foi positiva não apenas no sentido de compartilhamento de informação com diversos pesquisadores do país e a capacitação de profissionais da universidade, mas também por possibilitar a cooperação com iniciativas de áreas como cultura e preservação do meio ambiente.

Antes mesmo dos primeiros navegadores de Internet, o projeto Tamar na Bahia se aproximou do PoP-BA com o intuito de entrar em contato com outros grupos interessados na preservação e estudo das tartarugas marinhas. Graças à rede, eles puderam receber notícias de uma tartaruga catalogada pelo Tamar na costa da Austrália e iniciar uma série de parcerias internacionais.

Carlos Campana, que representou o PoP-DF, contou sobre como muitas vezes o estabelecimento dos PoPs se deu na base da tentativa e erro. Ao lidar com tecnologias inovadoras, os pesquisadores aprendiam ao mesmo tempo em que implementavam as redes.

Danton Nunes, que participou dos primórdios do PoP-SP, destacou que mais importante do que hardware, megabytes e gigabytes, é a rede de pessoas que compõem a RNP, que superou uma série de desafios para estabelecer a rede acadêmica e não se limitou a questões de infraestrutura, sabendo diversificar suas atividades em capacitação, pesquisa e desenvolvimento e serviços.

Representando o PoP-AM, Edjair Mota ressaltou o papel de formação que o ponto de presença exerce na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), realizando o treinamento de estagiários. Também representando a Região Norte, Wilker Maia contou um pouco da história do PoP-AC, iniciado com uma conexão de 256 kbps via satélite em 1998.

O painel sobre os Pontos de Presença foi encerrado com a participação de Sergio Fialho, que falou sobre o novo desafio do PoP-RN na gestão da Rede Metropolitana de Natal, a GigaNatal. Segundo Fialho, com a inauguração das Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep), os PoPs se veem diante de novas atividades além da manutenção e monitoramento da rede.


Idealizadores da RNP reencontram amigos e contam suas histórias


A cerimônia seguiu com o painel de idealizadores e participantes dos primórdios do projeto RNP, conduzido pelo diretor de Serviços e Soluções, José Luiz Ribeiro Filho, que iniciou as apresentações relembrando aqueles que não puderam comparecer à cerimônia. “Este painel reúne alguns dos nossos líderes e gurus na construção da RNP e alguns deles não puderam vir porque continuam lutando”.

Ivan Moura Campos traçou um breve panorama sobre as discussões políticas para o estabelecimento de um backbone nacional no início dos anos 90. Ele destacou que, na época, as operadoras de telecomunicações queriam alugar os links cobrando de acordo com o tempo ou a capacidade de banda utilizada. A ideia de uma rede dedicada “24/7” à educação e pesquisa fugia do modelo de mercado vigente.

Campos lembrou que nos meados dos anos 90 a opção de utilizar fibras ópticas ociosas para prover conectividade às universidades e centros de pesquisa era vista com pessimismo. As risadas na plateia mostravam que muito mudou nos últimos dez anos, quando a prática de aluguel de fibras ociosas tornou-se corrente.

Campos também destacou o fato de que as articulações e pesquisas desenvolvidas pela RNP entre 1989 e 1995 colaboraram muito para o início da Internet comercial no Brasil. Segundo ele, o modelo desenvolvido aqui para implementação de projetos e serviços experimentais serviu como referência para a reformulação de políticas da Internet 2, a rede acadêmica dos EUA, que enfrentou uma séria concorrência das operadoras e de outras redes de educação e pesquisa.

Liane Tarouco surpreendeu a plateia ao apresentar os primeiros e-mails trocados sobre a formação do projeto RNP, ainda em 1989. Ela ressaltou a importância de registrar depoimentos, documentos e passagens curiosas destes últimos 20 anos não apenas como forma de manter o passado, mas para a reflexão e determinação de próximos passos.

“O fato de ninguém dar uma definição exata do que é a RNP permitiu que as pessoas pudessem fazer uma série de coisas que pareciam impossíveis”, assim Leonardo Lazarte destacou como o projeto iniciado em 89 foi capaz de reunir várias pessoas que não sabiam exatamente no que a iniciativa resultaria, mas acreditavam no potencial da empreitada.

Lazarte afirmou que além de pioneira em inovação, a RNP influenciou na quebra de modelos de negócios das operadoras de telecomunicações para o estabelecimento da rede acadêmica e a implementação das Redes Metropolitanas.

Márcio Bunte, um dos precursores do PoP-MG, destacou o caráter “evangelista” da organização, que promoveu a difusão de tecnologia por meio de compartilhamento de informação e capacitação de profissionais. Bunte destacou que parte do crescimento da empresa se deve a relações travadas entre pessoas que compartilham ideias. “A RNP é, antes de tudo, uma rede de pessoas”.

Mário Assad, professor do Departamento de Física da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), encerrou o painel afirmando que participar da celebração de 20 anos do projeto RNP vendo como a organização cresceu foi emocionante e desejou que muitos outros aniversários venham por aí.

Ao final da cerimônia, o diretor-geral da RNP, Nelson Simões, agradeceu a presença de todos e ressaltou a importância de recuperar passagens da história da RNP. “Uma história de colaboração, de inovação e de superação das barreiras encontradas pelo caminho”, concluiu.

[RNP, 29.10.2009]

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