| Primeiro seminário do Fórum da Cultura Digital discute infraestrutura de redesO primeiro dia do Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital trouxe uma profunda discussão sobre a infraestrutura para suporte da cultura digital no Brasil. No debate, que aconteceu nesta quarta-feira, dia 18, na Cinemateca Brasileira, falou-se sobre os esforços para a universalização do acesso à Internet e os empecilhos para a expansão da banda larga no país. Os palestrantes do Seminário de Infraestrutura foram o sociólogo e professor da Universidade Casper Libero, Sérgio Amadeu da Silveira; o presidente da Casa de Cultura Tainã, Antônio Carlos dos Santos Silva; o diretor de Serviços e Soluções da RNP, José Luiz Ribeiro Filho; e o consultor do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Diogo Moysés. A mesa foi mediada pelo gerente do projeto piloto RNP/MinC, Alvaro Malaguti. Para Sérgio Amadeu, a formação de nuvens abertas de conexão, como é chamada a proposta de disponibilização de rede wi-fi gratuita, incentiva a conectividade, baixa os preços e melhora os serviços das empresas que comercializam banda larga. A comunicação não deve ser pensada apenas como negócio e sim como direito afirmou Sérgio. O professor também defendeu o uso das faixas de frequência das rádios analógicas como bem público, já que estas devem ser devolvidas para o Estado quando os veículos adotarem, definitivamente, o padrão digital. As ondas de rádio funcionariam como uma grande via de popularização da conectividade, assegurando e ampliando a diversidade cultural. Um dos precursores do movimento negro no Brasil, Antônio Carlos dos Santos Silva acredita que o Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital é o espaço ideal para se discutir políticas públicas que possam estar ao alcance da maior parte da população. A questão da inclusão digital ainda fica restrita a questões técnicas e políticas. É preciso que a gente tenha um processo de aproveitamento das novas tecnologias para a construção da sociedade, onde as escolas estejam bem aparelhadas, os professores bem treinados. Enfim, precisamos fazer da Internet um instrumento de luta pelos direitos do cidadão. Ao contar a todos um pouco da história da RNP, José Luiz Ribeiro Filho destacou o esforço da organização em ampliar constantemente a rede de educação e pesquisa. Hoje vivemos um ressurgimento das redes metropolitanas, iniciativas que têm sido apoiadas pelos governos estaduais. Mas o setor regulatório deve estabelecer regras e leis para os serviços digitais de telecomunicações. Passamos os últimos dez anos focando em voz e nos esquecemos de que o mundo mudou para dados. Temos que buscar um novo ciclo de entendimentos para ampliar as conexões. O também especialista em regulação e políticas públicas de comunicação, Diogo Moysés argumentou em prol da universalização das conexões, sobretudo das conexões em banda larga, que possibilitem o consumo de áudio e vídeo de forma maciça e contínua. É necessário se considerar o acesso à banda larga como direito fundamental. Aí chegamos à questão: se é direito do cidadão, é dever do Estado. O primeiro dia de debates contou com a participação intensa da plateia e dos internautas, que enviaram perguntas aos participantes da mesa através da rede social Cultura Digital. Assim, o primeiro seminário foi, na verdade, uma grande conversa, em que todos os envolvidos buscaram encontrar soluções para popularizar o acesso à cultura digital no Brasil, um grande desafio dadas as dimensões continentais do país. [RNP, 19.11.2009] |