| Plenária de Infraestrutura aborda o acesso a acervos digitalizadosSeminário de economia discute o acesso direto a bens culturais Na manhã do dia 20/11 foi organizada a plenária de infraestrutura do Seminário Internacional do Fórum da Cultura Digital Brasileira. O debate na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, teve como objetivo analisar as propostas do eixo de infraestrutura que serão entregues ao Ministério da Cultura (MinC), e contou com a participação de Antônio Carlos Fernandes Nunes, diretor Adjunto de Gestão de Serviços da RNP; Álvaro Malaguti, gerente do projeto piloto MinC/RNP; e de Marcelino Cunha, analista de TI da RNP. O curador do eixo de infraestrutura, Diogo Moyses, apresentou as propostas iniciais para discussão, que podem ser divididas em quatro pontos:
De início, Malaguti chamou a atenção para o Plano Nacional de Banda Larga, e que as questões de conectividade devem estar vinculadas ao mesmo. Ressaltou que programas bem sucedidos do MinC, como o Estúdio Livre, devem ser incluídos como exemplo. Antônio Carlos disse que o MinC e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) estão trabalhando de forma integrada para conectar equipamentos culturais à rede Ipê, citando a recente conexão da Cinemateca Brasileira como exemplo, e que acervos relevantes para a cultura brasileira estarão disponíveis à sociedade para estudo e exibição. A digitalização de acervos foi um tema recorrente no debate. Malaguti propôs uma nova redação para o segundo item, incluindo diferentes níveis da administração pública e orientada para o acesso da população. A necessidade de diferentes data centers para arquivar os acervos foi ressaltada por Antônio Carlos. Tem que se pensar na infraestrutura e no custeio da manutenção, além dos profissionais responsáveis, frisou. Após o debate, as propostas serão reescritas e consolidades, e devem estar no site www.culturadigital.br até dezembro. Seminário de Economia O advogado Ronaldo Lemos, da Fundação Getúlio Vargas, abriu a mesa com uma fala dividida em três provocações. Lemos apresentou o movimento de festas de cultura pop japonesa no Brasil, que acabaram ganhando apoio do governo do Japão, inclusive com a eleição de uma adolescente cosplayer como embaixadora cultural. Em seguida, o advogado detalhou a pesquisa Open Business, que traçou paralelos de apropriação da tecnologia por periferias em países em desenvolvimento. O maior exemplo é o tecnobrega paraense, que chega a produzir 400 CDs por ano e 100 DVDs sem envolvimento de gravadoras. A última parte foi uma derivação da anterior: a cumbia villera, originária dos bairros pobres de Buenos Aires, que tem sua matriz de distribuição no bluetooth, sem envolver Internet. As bandas disponibilizam os discos para download nos shows. O professor Ladislaw Dowbor, da PUC-SP, fez uma apresentação baseada em seu artigo Da propriedade intelectual à economia do conhecimento, que pode ser lido em seu site. Dowbor defendeu que, em qualquer produto hoje, 75% do seu valor é relativo ao conhecimento incorporado. Se eu te dou uma caneta, eu deixo de ter. Se te passo conhecimento, eu não perco. É o que chamamos de bem não-rival. O consumo não reduz o estoque. Esta é a diferença básica da economia do século XX para o XXI, argumentou. Para o professor, a economia do conhecimento e o desenvolvimento tecnológico estão mudando os sistemas de distribuição. No setor cultural, este movimento afeta a indústria da cultura, mas não afeta o bem. Não queremos matar os músicos. Eles vão se reinventar e sobreviver. O Paulo Coelho disponibilizou seus livros na web e passou a vender mais. O grande entrave vem da indústria da cultura. A economia no futuro se dá pelo processo colaborativo em rede, afirmou. Juliana Nolasco, coordenadora de Economia da Cultura no MinC, apresentou seu setor no ministério e a área de atuação. Suas funções são gerar indicadores e pesquisas, formar pessoas para pensar economicamente a cultura e promover negócios. Na cultura digital, as premissas são instáveis. Muito se fala do cyber mundo descolado da realidade, mas exclusão digital também é exclusão social. Quais são as políticas públicas que temos que criar? São as de antes, pensadas de uma forma diferente, ou são completamente novas?, questionou. O seminário contou também com os testemunhos do espanhol Daniel Granados, da Produciones Doradas, que com a distribuição pela Internet conseguiu colocar bandas em alguns dos principais festivais da Espanha, e de Pablo Capilé, do circuito Fora do Eixo, que a partir de uma articulação entre estudantes de comunicação em Cuiabá para organizar um festival criou uma mobilização em rede com 40 coletivos para a promoção de eventos culturais. [RNP, 23.11.2009] |