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VI Encontro Redecomep – continuação

Segunda parte do evento inclui apresentações sobre tendências futuras e painel sobre gestão da rede


A segunda parte do VI Encontro da iniciativa Redes Metropolitanas de Educação e Pesquisa (Encontro Redecomep) realizado no dia 27/5, em Gramado, começou com algumas considerações do diretor de Serviços e Soluções da RNP, José Luiz Ribeiro Filho, sobre questionamentos surgidos na primeira parte do encontro.

Além de explicar alguns pontos sobre auditoria e responsabilidade sobre ativos das redes, o diretor falou sobre as instituições que estão aptas a participar da rede. “O objetivo final da iniciativa Redecomep possui dois componentes: o primeiro é promover integração e colaboração das instituições de ensino e pesquisa nas regiões onde as Redes Metropolitanas são implantadas; o segundo é que as redes tenham condições de garantir sua sustentabilidade. Não basta que a participante atenda ao segundo componente se ela não atender ao primeiro”. Ou seja, não adianta que a instituição candidata a participar da rede ofereça recursos se não estiver envolvida em colaboração e pesquisa. “Isto caracterizaria uma competição com empresas de telecomunicação, o que foge completamente ao objetivo do projeto”, disse Ribeiro.


PTT Metro


A primeira apresentação da tarde foi a de Eduardo Ascenço Reis, do Núcleo de Infomação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Ele iniciou sua exposição explicando que o PTT Metro é um projeto do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) que promove e cria a infraestrutura necessária para a interconexão direta entre as redes que compõem a Internet brasileira. Esta infraestrutura se dá através dos Pontos de Troca de Tráfego (PTT), uma solução de rede com objetivo de viabilizar conexão direta entre as entidades que compõem a Internet.

Reis explicou que os PTTs otimizam a interconexão pois possibilitam melhor qualidade (já que evitam intermediários externos nas conexões), menor custo e maior organização da infraestrutura de rede regional (por serem pontos concentradores).

Atualmente os PTTs estão presentes em 12 localidades: Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Londrina, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. A intenção é aumentar este número para cerca de 24, além de ampliar as trocas nos pontos já existentes. Segundo Reis, a Redecomep pode ser usada com provedor de fibra óptica apagada pra interconectar um ou mais pontos de troca de tráfego do PTT Metro.


Floresta Digital


A palestra seguinte foi a de José Alcimar da Silva Costa, secretário-adjunto de Tecnologias de Gestão Administrativa do Estado do Acre. Ele iniciou sua apresentação com um vídeo explicativo sobre o projeto Floresta Digital, do governo do Acre. O secretário contou que o projeto nasceu há quatro anos fruto de uma reunião de planejamento de governo para tirar do isolamento informacional pessoas que vivem em locais de difícil acesso, como a comunidade de Foz do Breu, considerada uma das mais isoladas do mundo.

O projeto Floresta Digital é dividido em duas vertentes: uma, corporativa, atende a estrutura governamental (escolas, hospitais e outras unidades do governo); a outra, social, oferece acesso grátis à Internet promovendo a inclusão social dos mais necessitados. O acesso aos usuários se dá em locais públicos (praças, parques, escolas, bibliotecas), mas aqueles que desejarem poderão comprar uma antena ao custo de R$ 150. A velocidade varia entre 256 e 512 Kbps, e o acesso, embora necessite do cadastro do usuário, é livre e ilimitado.

O secretário contou que o Floresta Digital foi lançado em fevereiro deste ano. “As cidades de Rio Branco e Xapuri já foram contempladas, e a previsão é que até setembro os 22 municípios do estado estejam cobertos pelo projeto. Além disto, planejamos também atingir cerca de 100 comunidades isoladas (extrativistas, comunidades indígenas) que receberão kits para se conectarem”.

O projeto inclui programas complementares, como cursos, oficinas, orientação sobre o uso da Internet, e criação de telecentros nos 22 muncípios do Acre, além de disponibilização do sinal nas universidades. Prevê ainda a doação de antenas a ONGs associações sociais e sindicatos, já que são parceiros em contato constante com o principal público-alvo do projeto.


O futuro das redes metropolitanas


Eduardo Grizendi, gerente de projeto da RNP, falou em seguida ao secretário Alcimar Silva Costa, apresentando algumas tendências para o futuro das redes metropolitanas. Segundo ele, atualmente a fibra óptica é a única tecnologia que capaz de prover banda multigigabit a um número amplo de usuários.

Ele explicou que as redes ópticas hoje utilizam um traçado de rotas metálicas em quase todos os trajetos urbanos (ruas e avenidas) e outros trechos de curta distância. As rotas ópticas atualmente estão em locais de alta densidade, sendo usadas também em médias e longas distâncias entre médias e grandes cidades.

Para o futuro, Grizendi acredita que estas rotas metálicas continuarão onde estão. Porém, ao mesmo tempo as rotas ópticas irão se expandir ainda mais, passando a atender também locais de média densidade e as curtas distâncias e pequenas cidades. Entre os benefícios da popularização da banda larga nas cidades, Grizendi citou as vantagens que setores como Saúde, Segurança Pública, e outros serviços ao cidadão.

Sobre a parte física da rede, a tendência é que sejam cada vez mais “limpas”, com aumento das construções subterrâneas em vez da utilização de postes. Grizendi vê grandes oportunidades de economia e agilização do processo de lançamento de fibras no aproveitamento das construções de rodovias, ferrovias, oleodutos, linhas de transmissão de energia elétrica e redes de distribuição de gás, água e esgoto.

O gerente finalizou sua apresentação mostrando quatro tendências para o setor de telecomunicações nos próximos 10 anos: aumento de dispositivos conectados (“a Internet das coisas”), ampliando a quantidade de máquinas (não necessariamente computadores) para cerca de 50 bilhões; ampliação e popularização da banda larga móvel; avanço da cloud computing, com clientes comprando cada vez menos produtos e cada vez mais serviços; o conceito de “casa conectada”, com a convergência de telecomunicações, TV e Internet.


Modelos de gestão de Redes Metropolitanas


A última atividade do VI Encontro Redecomep foi um painel sobre a gestão das Redes Metropolitanas, coordenado pelo diretor-adjunto de Soluções da RNP, Gorgonio Araújo. Presentes à mesa, estavam Jussara Musse, suplente da presidência do Comitê Gestor da Rede Metropolitana de Porto Alegre (MetroPoa); Edison Melo, presidente do Comitê Gestor da Rede Metropolitana de Florianópolis (Remep-FLN); Fernando Carvalho, da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (eTICe); e Fares Rodrigues, presidente do Comitê Gestor da Rede Metropolitana de Manaus (MetroMao).

O objetivo da atividade foi apresentar as soluções e principais dificuldades encontradas tanto no processo de planejamento e construção das Redes Metropolitanas ainda não inauguradas, como na administração das redes em operação.

A primeira a se apresentar foi Jussara Musse. Falando sobre a história da elaboração da MetroPoa, ela ressaltou as variadas questões jurídicas que permeiam a construção da rede, como adequação e padronização dos termos dos variados contratos com diferentes parceiros envolvidos no processo e definição de regras de atuação dos participantes.

Fernando Carvalho mostrou a expansão da Rede Metropolitana de Fortaleza (GigaFOR). Ele explicou como, através de parcerias, a rede cresceu consideravelmente, agregando hoje serviços como cobertura Wimax de praticamente todas as escolas estaduais de Fortaleza. “Compartilhamento é a palavra chave disto tudo. Não adianta nada fazer as coisas para guardar”, constatou. Carvalho citou também algumas dificuldades no dia a dia da administração da rede, como questões de vandalismo, infraestrutura de datacenter e estabelecimento de SLA de manutenção.

O encontro prosseguiu com as apresentações de Edison Melo, da Remep-FLN, cujo modelo tem sido usado como paradigma de outras redes no país, e de Fares Rodrigues, que falou sobre as principais características da MetroMao.

José Luiz Ribeiro Filho encerrou o VI Encontro Redecomep agradecendo a presença de todos os envolvidos na elaboração do evento, além dos patrocinadores e participantes. Ele ressaltou a importância da troca de idéias possibilitada por encontros como este. “Gostaríamos de ter modelos mais eficazes pra fazer isso ao longo do ano, não dependendo tanto desta reunião, mas entendemos que o dia a dia de cada um acaba impossibilitando um contato presencial mais intenso. Portanto, o encontro acaba sendo ponto de referência para que os responsáveis pelas redes se atualizem, procurem novas referências e busquem contatos para tentar resolver as questões do dia a dia da administração das redes”, concluiu o diretor.

[RNP, 28.05.2010]

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