| O Brasil rumo à nova redePush Informática 01.05.1998 Uma volta ao passado - desta vez com muito mais tecnologia - para reorganizar o que virou uma verdadeira "salada mista". Assim, pode ser considerada a Internet2, que foi inaugurada oficialmente no último dia 14 de abril pelo vice-presidente americano Al Gore. A nova rede abrange unicamente instituições de ensino, com o objetivo de integrar os projetos de desenvolvimento de tecnologias nas áreas de pesquisa e educação. Segundo o coordenador da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), José Luiz Ribeiro Filho, o Brasil já está se preparando para fazer parte da I2, que por enquanto engloba apenas instituições americanas. "Toda a sociedade poderá usar suas aplicações, como acesso a bibliotecas virtuais, desenvolvimento de tecnologias para debates virtuais e mesmo monitoração remota de pacientes O que é a Internet2 e como ela surgiu? Em outubro de 1996, 34 universidades americanas reuniram-se para formar o Comitê Geral de Trabalho da Internet2. Pouco tempo depois, o governo do presidente Bill Clinton anunciou seu apoio à iniciativa e o interesse na criação e administração da NGI (Next Generation Internet). O projeto Internet2 passou a ser, neste momento, o primeiro passo (e talvez o mais importante) no novo empreendimento americano. Em janeiro de 1997, mais de 100 universidades americanas já haviam assumido compromisso formal com a participação no projeto. Atualmente, o consórcio Internet2 conta com o apoio e a participação não só do grupo inicial de universidades, mas também de centros de pesquisa, agências do governo e membros da indústria dedicados ao desenvolvimento de novas tecnologias Internet de alto desempenho. Empresas como IBM, Fore Systems, Cisco e outras também participam do projeto. A proposta do grupo é desenvolver as novas aplicações avançadas, como tele-imersão, telemedicina, laboratórios virtuais, educação à distancia, entre outras. Várias dessas aplicações para redes de alta velocidade já estão sendo desenvolvidas na Internet2, sendo que muitas delas já se encontram em fase de teste. Além disso, esses novos serviços de rede devem permitir utilizar a Internet de forma mais eficiente, segura e apropriada para tráfego multimídia que estas novas aplicações requerem. Qual a situação em que a I2 se encontra hoje? Como citado acima, mais de 100 universidades estão participando do projeto. Já foram firmados acordos também para a colaboração do Canadá, através da Canadian Network for Advanced of Research, Industry and Education (Canarie Inc.), consórcio canadense para o desenvolvimento da Internet naquele país que reúne cerca de I20 empresas e instituições públicas e privadas. Em seu estágio atual, a I2 utiliza o vBNS (Very High Performance Backbone Network System), ou backbone de alta velocidade, da National Science Foundation. A velocidade máxima oferecida pelo vBNS é de 622 Mbps. No entanto, a maioria das universidades que participam do projeto I2 operam com conexões de 155 Mbps em seus campi. Como está a participação do Brasil e quando começou o interesse pelo projeto? O que falta para que o país esteja integrado à I2? Após um levantamento da atual infra-estrutura de telecomunicações no país, verificou-se não ser possível efetuar, a curto prazo, todas as expansões no backbone da RNP necessárias para implantação dos serviços de alto desempenho em rede. Entretanto, constatou-se em diversas áreas metropolitanas de vários estados do país, a existência de infra-estrutura adequada (fibra óptica, enlaces de rádio, TV a cabo, etc.) para a implantação e o desenvolvimento das tecnologias de redes eletrônicas de alto desempenho. Assim, com base na situação atual e na perspectiva de, a médio prazo, estar disponível no país a infra-estrutura de telecomunicações de alta velocidade interligando os estados, RNP e ProTeM (Programa Temático Multiinstitucional em Ciência da Computação) desencadearam uma ação conjunta para estimular a implantação de redes metropolitanas de alto desempenho. O edital 'Projetos de Redes Metropolitanas de Alta Velocidade', lançado recentemente, busca aliar a experiência e o sucesso do ProTeM, com a demanda de operação, gerenciamento, implantação de novos serviços e aplicações de alto desempenho em redes eletrônicas definidas pela RNP. Os objetivos propostos neste edital de parceria, quanto ao desenvolvimento de tecnologias de Rede de Alto Desempenho no país, são: promover a implantação das tecnologias adequadas à nova geração de serviços e aplicações da Internet, ainda que em ambientes limitados; capacitar pessoal técnico de universidades e centros de pesquisa para operar e utilizar a nova geração de ferramentas e aplicações da Internet; prover universidades, centros de pesquisa e empresas com infra-estrutura (equipamentos e software) necessária ao desenvolvimento de aplicações que demandem o uso intensivo e interativo de redes eletrônicas locais e de longa distância, entre outros. No final desta iniciativa, cuja duração prevista é de 24 meses, espera-se que haja um número razoável de instituições de ensino e pesquisa operando redes de alto desempenho em nível metropolitano, bem como fazendo uso corrente de vários tipos de aplicações interativas (ex.: vídeo conferência, diagnóstico médico remoto, acesso a bibliotecas e museus virtuais, ensino à distancia, etc.) com tecnologias multimídia. A fase seguinte deverá promover a integração, em nível nacional, das diversas redes metropolitanas de alto desempenho, formando, assim, o primeiro estágio do backbone nacional de alto desempenho. Neste mesmo momento, planeja-se disponibilizar conexões de alta velocidade para a I2, nos Estados Unidos, permitindo que as instituições de ensino e pesquisa do Brasil passem a integrar aquela iniciativa, formando parcerias com universidades americanas para o desenvolvimento de novas aplicações. Quais os benefícios para o País nessa participação? O desenvolvimento das redes de alto desempenho no país, além de um conjunto de tecnologias e produtos de hardware e software, combinados, tornarão possível novas aplicações computacionais com desempenho crescente a custos progressivamente menores. O acesso remoto a sistemas de processamento de alto desempenho através de redes como a Internet permite a utilização econômica destes recursos computacionais para a solução de problemas cada vez mais complexos e de naturezas diversas, a exemplo da visualização de imagens em três dimensões de modelos matemáticos complexos (ex.: previsão meteorológica, desenho industrial, estruturas moleculares, etc.). Além disso, as próprias aplicações da I2 já serão, por si só, extremamente importantes para a sociedade como um todo. Como exemplos, temos o desenvolvimento de bibliotecas digitais com capacidade de reprodução de imagens de áudio e vídeo de alta fidelidade; a criação de ambientes colaborativos que englobam laboratórios virtuais com instrumentação remota; o desenvolvimento de tecnologias para debates virtuais em tempo real e com utilização de recursos multimídia; as aplicações de Telemedicina, incluindo diagnóstico e monitoração remota de pacientes, além do controle remoto de microscópios eletrônicos para pesquisas médicas. Lembramos que esta nova Internet, que algumas vezes se confunde com o nome do projeto e é chamada também de I2, não é uma nova rede física, mas sim um novo patamar para as tecnologias utilizadas atualmente na rede e que limitam o seu uso para diversas novas aplicações. Neste esforço, outros países também possuem iniciativas semelhantes como a comunidade européia, chamado TEN-34, além do Brasil através da RNP. O usuário em geral terá acesso? A diferença entre I2 e a atual não é uma questão apenas de maiores velocidades . As tecnologias que compõem a Internet atual não são capazes de viabilizar o desenvolvimento de uma rede que ofereça serviços de qualidade diferenciada para seus usuários. A Internet atual só opera com uma modalidade de serviço chamada best-effort. Ou seja, a rede procura atender às aplicações que executam através dela da melhor forma possível. Caso os recursos na rede sejam escassos (capacidades de conexões, memórias nos roteadores, etc.) os pacotes podem ser perdidos ou descartados, o que torna o desempenho da aplicação imprevisível. Os novos protocolos e serviços que formarão a I2 serão capazes de garantir a qualidade do serviço de rede para o usuário final. Assim, caso existam recursos disponíveis na rede, eles poderão ser reservados e as aplicações terão garantia do atendimento de suas necessidades. Esta característica é essencial para aplicações utilizando multimídia e interatividade em tempo real na rede. A Internet também começou com fins militares e acadêmicos. Hoje, ela se tornou um grande emaranhado de informações, que vão desde pesquisas sobre engenharia genética até sites de floriculturas. Quais são as possibilidades da I2 seguir os mesmos passos? Em quanto tempo isso poderá ocorrer? Não há uma linha de trabalho única e pré-determinada que oriente as pesquisas das novas possibilidades de aplicações que estão sendo desenvolvidas na I2. Ainda há muito a ser pesquisado sobre a necessidade dos usuários e o potencial das tecnologias para redes de alto desempenho. De uma forma geral, não se conhece ainda o limite do que é tecnicamente possível. Pode-se dizer então que o foco principal da I2 reside no desenvolvimento de aplicações avançadas com uso intensivo de tecnologias multimídia em tempo real. O objetivo final da I2 não é criar uma rede de alta velocidade com aplicações exclusivamente para o setor acadêmico. O que se pretende é a transferência da tecnologia desenvolvida e testada na I2 para toda a sociedade. Assim, a utilização desses recursos ocorrerá da mesma forma que na Internet atual, segundo os interesses da sociedade como um todo. Com relação a Internet, como está o avanço tecnológico no pais? O Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT mantém diversos projetos e iniciativas cujas propostas e atividades visam a consolidação da sociedade da informação no Brasil. O Programa de Desenvolvimento Estratégico em Informática no Brasil (DESI-BR), idealizado pelo Governo Federal para o desenvolvimento das tecnologias do setor no país, apoia programas prioritários como o ProTeM-CC, o Softex 2000 e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), no âmbito do CNPq. A Rede Nacional de Pesquisa (RNP) opera desde 1991 um backbone Internet que tem se modernizado de acordo com a demanda de seus usuários e, em particular, da comunidade acadêmica. Estando atualmente em sua fase II, a espinha dorsal (backbone) da RNP possui como principais características a abrangência nacional e a velocidade adequada à utilização de aplicações do tipo Web. Em consonância com a tendência mundial das redes acadêmicas, planeja-se uma nova fase de expansões para este backbone, com a contratação de infra-estrutura de telecomunicações de banda larga e a disponibilidade de serviços que atendam a demanda das aplicações interativas em desenvolvimento. Rumo a este objetivo, a RNP está implantando de imediato diversos projetos tais como: o estabelecimento de uma hierarquia de caches para Web ou proxies no backbone nacional, a implantação de conexões assimétricas de alta velocidade via satélite com os Estados Unidos para interconexão à I2 da vBNS, e a consolidação de um Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança. Que análise o RNP faz sobre o crescimento da Internet no Brasil? A Internet brasileira cresceu rapidamente no último ano, já estando em 18° lugar na classificação mundial por número de hosts. Dentre as Américas, o Brasil já ocupa o 3° lugar nesta escala, estando atrás apenas dos EUA e Canadá. No ano passado, o número de hosts totais ".br" da Internet brasileira cresceu 70% e os hosts ".com.br" ampliaram-se em 86%. Em dezembro, o crescimento do número de hosts ".com.br" foi de 9,66% e o número de domínios registrados aumentou cerca de 30%. A contagem feita até 31/01/98 indicava a existência de cerca de 71.514 hosts por domínio ".com.br" cadastrados em nosso país (de um total de 137.162 hosts). Lembramos que a contagem citada está sujeita a alterações ocasionadas pela eventual dificuldade de conexões com os diversos backbones. A fim de minimizar este tipo de problema, são realizadas várias contagens e o maior resultado de cada sub-domínio é apresentado. |