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O Globo

Suzana Liskauskas

18.01.1999


A Internet brasileira fechou 1998 com cerca de 70 mil domínios registrados na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com a cobrança das taxas de inscrição e manutenção (ambas no valor de R$ 50), já foram arrecadados cerca de R$ 4,4 milhões. Parte desse dinheiro - depositado numa conta da Fapesp, mas pertencente ao Comitê Gestor - está sendo usada para cobrir os custos da Fapesp com a manutenção do sistema de domínios. É uma quantia que está, hoje, em torno de R$ 1,4 milhão. De acordo com o professor Hartmut Richard Glaser, coordenador do sistema de registro do domínio ".br", os gastos anuais com a manutenção do sistema de registro (incluindo mão-de-obra, software e equipamentos) somam aproximadamente R$ 720 mil. Descontada a taxa de inadimplência, que está em 15%, sobram R$ 3 milhões para o comitê aplicar em projetos para o desenvolvimento da Internet em todo o país.

Em tempos de incertezas políticas e econômicas, surge uma preocupação com o destino desta verba. A sociedade internauta busca respostas para as seguintes questões: este dinheiro continuará sendo depositado numa conta da Fapesp? Como é que a verba vem sendo usada para estimular o crescimento da Internet no Brasil? O preço do registro de domínios continuará o mesmo em 1999?

Para responder a essas perguntas, o Informática etc. entrevistou o secretário-executivo do Comitê Gestor Internet/Brasil, Raphael Mandarino Júnior, que está muito preocupado com os rumos que o braço brasileiro da Internet vai tomar a partir deste ano.

Além da entrevista com Mandarino, o caderninho ouviu algumas pessoas que fazem parte da História da Internet Comercial Brasileira sobre as questões que inquietam boa parte da comunidade internauta tupiniquim. José Luiz Ribeiro Filho, coordenador Geral da Rede Nacional de Pesquisa (RNP); Silvio Meira, primeiro representante dos usuários no Comitê Gestor e atual presidente da Sociedade Brasileira de Computação; e Carlos Alberto Afonso, primeiro representante do provedores de acesso no comitê, concordam que depositar o dinheiro numa conta da Fapesp era a forma mais rápida de garantir o começo da arrecadação das taxas referentes ao registro e à manutenção dos domínios ".br".

O coordenador da RNP explica que, se fosse aberta uma conta sob administração federal, talvez o processo de cobrança estivesse em trâmites até hoje. Ribeiro lembra que seria necessário votar uma lei federal.

LSilvio Meira, que participou do nascimento da Internet comercial no Brasil, concorda que há muitos comentários questionando a entrada do dinheiro na Fapesp. Ele conta que desde a sua entrada no comitê sempre sugeriu que fosse feita uma licitação pública para a escolha da instituição que administraria o sistema de domínios no país. Meira não tem dúvidas de que a Fapesp acabaria vencendo, porque foi a instituição pioneira nessa atividade no país, além de ter ativado o primeiro link internacional do Brasil para a conexão da comunidade acadêmica com a Internet no final da década de 80.

- A licitação seria uma forma de a Fapesp se proteger de burburinhos. O curioso é que quando a fundação financiava, a fundo perdido, a conexão da Internet brasileira, ninguém reclamava. Outra saída seria ter uma ou duas instituições de registro-espelho, como as empresas-espelho do setor de telecomunicações. Os valores das taxas de registro seriam os mesmos, pois são decididos pelo comitê, mas haveria uma concorrência de serviços - diz Silvio Meira.

Mas a preocupação do ex-representante dos usuários no comitê está relacionada à articulação política do grupo atualmente. Meira argumenta que o Brasil tem muitos problemas de infra-estrutura e qualquer verba destinada ao desenvolvimento da Internet não pode ficar parada.

- O comitê precisa fazer política, que é sinônimo de gastar dinheiro. Na prática, isso significa criar projetos e alocar recursos - afirma. - Fico preocupado porque um dos sustentáculos do comitê (o Ministério das Comunicações) passou a ser representado pela Anatel, que é potencialmente uma opositora do comitê; o outro, a Secretaria de Política de Informática e Automação do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi extinto na última reforma ministerial.

Já Carlos Afonso lamenta que não haja informações nos sites da Fapesp e do comitê sobre a arrecadação do dinheiro e seu destino. Ele afirma que, inicialmente, o site do comitê apresentava vários projetos de serviços, o que não acontece mais. Outra reclamação de Afonso se refere ao número de grupos de trabalho, que, segundo ele, vem diminuindo.

- Precisamos ter informações sobre o que é feito com o dinheiro arrecadado - diz Afonso.

O ex-representante dos provedores de acesso também acha que o comitê deveria estimular mais a participação do Brasil em reuniões sobre o registro de domínios no mundo. Apesar de ter demorado, a presença do comitê em todos os fóruns internacionais sobre a Internet foi acertada na penúltima reunião do grupo no ano passado, que aconteceu em novembro.

fonte: http://www.oglobo.com.br/

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