| Em marcha lentaOrçamento para Internet 2 caiu 50% este ano Internet Business Júlio Santos 18.03.1999 A montagem do segundo backbone da Rede Nacional de Pesquisa, braço para a futura conexão do país à Internet 2, está em perigo. Por causa da crise econômica e do aperto no orçamento do governo para os setores de pesquisa e tecnologia, o projeto corre o risco de caminhar em marcha lenta este ano. O primeiro efeito está no volume de investimentos programados, que passou de R$ 9,7 milhões, no ano passado, para R$ 4,85 milhões em 99. Ou seja, o nível de recursos terá uma redução de exatos 50% Freio Além de colocar um freio na instalação do novo backbone, a falta de dinheiro ameaça também a manutenção a estrutura atual, como admite José Luiz Ribeiro Filho, coordenador-geral da RNP. Uma coisa é quase certa: o sistema chamado RNP2 tem poucas chances de virar realidade este ano. "Para que isso não ocorra, e o impacto orçamentário seja o menor possível, diversas reuniões com o Ministério da Ciência e Tecnologia estão agendadas. A idéia é buscar alternativas e soluções para nossas necessidades de investimento", explica. Uma das saídas que ganha espaço na agenda de conversas é a busca de parcerias com entidades do setor público, centros de medicina avançados e empresas privadas. Só que, por enquanto, a idéia se encontra em fase de estudos. "Ainda não houve tempo hábil para se firmarem parcerias com a iniciativa privada, mas esta, certamente, será umas das formas de acordo que viabilizará a continuidade do projeto RNP2 no país.", comenta Ribeiro. Apesar da tempestade econômica que varre o país, o projeto da Internet 2 já começou a sair do papel. No ano passado, antes da crise financeira, seis consórcios assinaram convênio com o CNPq para implantar redes metropolitanas de alta velocidade (Remavs), baseadas em tecnologia ATM. Entre eles estão os projetos do Rio de Janeiro, cujo backbone está previsto para entrar em atividade ainda este mês; o de porto Alegre, o de Florianópolis, o de Salvador e o de Recife. Quem chegou primeiro à fonte conseguiu recursos. Na fila do caixa "Os seis primeiros consórcios selecionados já estão com seus projetos em andamento. Os demais ainda aguardam a chamada para a assinatura dos convênios", conta Ribeiro. Numa segunda fase, estes projetos de redes metropolitanas de alta velocidade serão conectados, via o futuro backbone da RNP, à Internet 2, sistema voltado para os segmentos acadêmicos e científico que já reúne mais de cem universidades dos Estados Unidos. Por aqui, uma série de universidades e centros de pesquisas estarão conectados à Internet 2 no futuro, por meio dos projetos de redes de alta velocidade. Além de integrar universidades e centros de pesquisas, os projetos de Remavs têm planos também de cobrir o setor industrial e as empresas localizadas nas respectivas regiões. É o caso do Metropoa, a solução de alta velocidade que está em fase de montagem na cidade de Porto Alegre. As primeiras conexões acontecerão entre este mês e o próximo para integrar quatro pontos: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade do Vale dos Sinos, a Procempa (Companhia Municipal de Processamento) e a Procergs (Companhia Estadual de Processamento). "O projeto atenderá aos principais municípios da região metropolitana de Porto Alegre, incluindo as cidades como Novo Hamburgo, São Leopoldo e Canoas, que fazem parte do pólo de couro e calçados do estado", observa Alexandre Brandão administrador de Redes da Unisinos. O projeto atenderá, ainda, a uma incubadora de empresas que está prestes a ser erguida na região. A previsão é de que, no futuro, o sistema seja estendido às cidades de Gravataí e Eldorado do Sul, que abrigam, respectivamente, as fábricas da general Motors e da Ford, no Rio Grande do Sul. Enquanto os switches, hubs e roteadores que vão fazer funcionar a Metropoa não são acionados, a Unisinos trabalha nos bastidores para se adaptar aos serviços de futura geração da Internet. Pesquisadores, professores e alunos já estão envolvidos com experiências, como o estudo do funcionamento da rede ATM sobre IP, conexão de redes ATM com Ethernet, Fast Ethernet e RDSI, videoconferência e produção de vídeo-on-demand para educação à distância e telemedicina. Uma missão organizada pela universidade estará em agosto nos Estados Unidos para ver de perto as novas tecnologias para a Internet 2 e redes de alta velocidade. O programa inclui visitas a empresas como a 3Com, Lucent, Fore Systems, Cisco Systems e AT&T, além do MIT (Massachusetts Institute of Techonology). O roteiro envolve um "tour" por um total de 12 empresas. Voltada para pesquisadores, provedores de acesso à Internet e gerentes de comunicação de dados, a jornada custará US$ 4 mil. Upgrade tecnológico Ninguém tem dúvidas de que a Internet 2 seguirá os mesmos rumos da Rede tradicional, que começou nos laboratórios acadêmicos e científicos e migrou para o mundo dos negócios. Investir na capacitação de pessoal para trabalhar com as novas tecnologias de alta velocidade é uma das regras do jogo. O projeto #Com University Lab, tocado em parceria com a Coppe/RJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação Em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), capacitou no ano passado 50 pessoas. No projeto de Internet 2 no país, a 3Com já investiu US$ 1 milhão em equipamentos para montagem do backbone e treinamento. "A tendência é de que a Internet 2 corra mais rápido que a Internet tradicional. Mas, por enquanto, a idéia é formar profissionais para trabalhar com esta tecnologia em ambientes fechados", explica Marcos Teixeira Dias, gerente Regional Rio/Nordeste da 3Com. Uma prova: quase todos os participantes do curso de especialização em Internet 2 pertenciam a alguma instituição acadêmica ou centro de pesquisa. Foi o caso de Flávio Barbosa Toledo, coordenador do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Flávio Toledo é um dos responsáveis pela montagem do projeto de rede ATM da Fiocruz, uma das entidades que estará conectada ao backbone da Rede Rio. Quem fez o curso acredita no futuro potencial de mercado para os profissionais que entendam das tecnologias que moverão a Internet 2. "Ela proporciona uma série de novos serviços e aplicações que serão viabilizadas", comenta Igor Briglia Habib de Almeida Alves, engenheiro eletrônico formado pela UFRJ. fonte: http://www.canalweb.com.br |