| Internet 2A nova rede chega para revolucionar a Web. Mas ainda é para poucos América Economia/ Dow Jones Verónica A. Goyzueta 25.03.1999 Era sexta-feira à tarde. José Álvarez pôs as malas e a família no carro e seguiu em direção à praia. Meia hora depois, estava junto com outras milhares de pessoas num habitual engarrafamento de fim de semana. "Parece a Internet", comentou no banco de trás Sebastião, seu filho de cinco anos. A analogia de Sebastião teria sido perfeita se não fosse por um detalhe. Tudo indica que a viagem à praia vai piorar nos próximos cinco anos, mas na Internet ele poderá transferir para seu computador uma enciclopédia de 15 volumes em apenas um segundo, mil vezes mais rápido que hoje. Altíssima velocidade é só uma das promessas da Internet2, uma iniciativa que une 130 universidades americanas e multinacionais de tecnologia, para desenvolver um grande laboratório virtual, algo parecido como que foi feito na rede no começo. Mas diferente do que aconteceu com a Internet - que no início foi tratada como segredo de Estado e demorou para chegar à maioria dos mortais - a Internet2, também restrita inicialmente à pesquisa, vai disponibilizar paulatinamente todas as suas descobertas, para alegria dos internautas. "A Internet2 vem para resolver o problema de saturação dos backbones (tronco das redes)", explica Priscila Paula David, engenheira da Cisco do Brasil Ltda. Além de trânsito fluído, a Internet2 desenvolverá inúmeras aplicações com tecnologias multimídias, como videoconferência de alta performance - útil para educação à distância e diagnósticos médicos remotos - e bibliotecas virtuais. "De uma forma geral não se conhece ainda o limite do que é tecnicamente possível", diz José Luiz Ribeiro, coordenador da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), do Brasil. Nos Estados Unidos as redes universitárias vBNS e Abilene já funcionam a todo vapor na Internet2. A segunda, mais moderna, opera oficialmente desde 24 de fevereiro e custou US$ 550 milhões, 90% desembolsados por empresas de tecnologia como Qwest Communications, Nortel Networks e Cisco Systems, a patrocinadora mais ativa dos projetos que estão se desenvolvendo em vários continentes. Países da América Latina também contarão com estes laboratórios, mas, dos projetos, só o da Red Universitária Nacional (Reuna), do Chile, está em andamento. A rede chilena, que conecta 20 instituições, contou com o patrocínio da CTC Mundo e da Cisco, e custou por volta de US$ 15 milhões. "Outras redes em construção são a Red de Interconexión Universitaria Argentina (RIU); a RNP, do Brasil, e a Red Científica Peruana (RCP). Mas existem muitas pedras no caminho. "Por falta de políticas nacionais não chegamos a uma rede universitária e adiamos o projeto de Internet2 até o ano que vem", queixa-se José Soriano, fundador da RCP, que está planejando uma rede de alta performance desde 1995. País Gigante. Já a brasileira RNP sofre com o tamanho do País para implantar a RNP2. Atualmente, o trabalho está centrado no fortalecimento de nove redes estaduais que até o fim do ano se conectarão nacionalmente. No fim, serão mais de 80 mil computadores e 380 mil usuários interligados. Mas a principal dificuldade é pagar a conexão entre os países da região e os Estados Unidos, ponto de encontro de todas as redes. "Isso deve acontecer só daqui a uns dois anos, hoje em dia ela é muito cara", conta Octavio Espinoza, gerente técnico da Reuna, que calcula em US$ 3, 6 milhões o valor de um ano de conexão entre o Chile e os Estados Unidos. Para resolver esse problema, as redes latino-americanas estão trabalhando em conjunto pelo Fórum Permanente de Redes da América Latina e do Caribe. Segundo Soriano, da rede peruana, o primeiro passo seria a Rede Mercosul, à qual logo se integrariam os projetos do Peru, da Bolívia e do Chile. "Entre todos financiaríamos um enlace com os Estados Unidos via Brasil ou Chile", diz. Os prazos para que esses acordos se concretizem ainda não foram estipulados. De qualquer forma os avanços irão chegando aos poucos para os usuários de toda a rede, que poderão começar a escapar do engrarrafamento e acelerar suas máquinas daqui a uns cinco anos.
fonte: http://www.dowjones.com |