| RNP2 começa a ganhar vidaEntrevista/ Ronaldo Sardenberg Jornal do Brasil Andréa Rosa 28.10.1999 Na última semana, em Brasília, os ministros da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, e da Educação, Paulo Renato Souza, assinaram o Programa Interministerial de Implantação e Manutenção da Rede Nacional para Ensino e Pesquisa. O programa prevê investimentos conjuntos dos dois ministérios nos próximos cinco anos, num total de R$ 215 milhões, para a implantação de uma nova rede acadêmica, a RNP2. O novo backbone, com previsão de plena operação até março de 2000, vai conectar todas as 52 instituições federais de ensino superior (IFES) e institutos de pesquisa, utilizando a tecnologia ATM. A Rede Nacional de Pesquisa colocará em operação, a partir deste mês, um backbone piloto que vai utilizar acessos a 155 Mbps nos Pontos de Presença de São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Esta rede será construída para avaliar diversos parâmetros de serviços baseados na tecnologia ATM, com o fim de encontrar a configuração mais adequada ao projeto do novo backbone a ser financiado em conjunto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pelo Ministério da Educação. O Ministro Ronaldo Sardemberg esteve no JORNAL DO BRASIL e concedeu uma entrevista exclusiva sobre o assunto. O que é a RNP? A Rede Nacional de Pesquisa é um projeto no Ministério de Ciência e Tecnologia desde 1987. Foi o primeiro backbone de Internet cobrindo todas as capitais do País. De 1994 para 1995 ela foi fundamental no processo de transição da Internet, que era exclusivamente da área acadêmica, para a área comercial. Depois disso, tudo mudou. Agora estamos na fase seguinte que é tentar colocar a comunidade acadêmica e científica no padrão do consórcio Internet II (consórcio de universidades americanas que se comunicam no mínimo com 155 MB). Nós em geral temos uma velocidade de 2 MB. Como isso será feito? Nós vamos contar com parceiros. Vamos, por exemplo, usar a rede de fibras ópticas de empresas como a Petrobrás, para maximizar a banda e diminuir os custos. Hoje temos 13 capitais com redes de alta velocidade. No Rio é um consórcio do qual participam, entre outros, a PUC, UFRJ e Fiocruz. Quantas são ao todo no Brasil? São 79 entidades. Só em nível metropolitano. O projeto novo consiste na ligação dessas redes entre si e possivelmente com entidades sulamericanas. Como vai funcionar a Internet II? Em níveis bem superiores, de velocidade e aplicabilidade, aos que estamos acostumados. Em paralelo ao lançamento já soltaremos editais para contratar projetos para setores específicos como a Saúde, a Educação e o Meio Ambiente. Estaremos funcionando com algo entre 155 MB e 1 GB. O senhor pode exemplificar o que significa esse "upgrade" na velocidade? Para se ter uma idéia, com 155 MB podemos fazer videoconferências com absoluta tranqüilidade. Com nitidez e velocidade bem aceitáveis. Quem está participando do projeto? São 79 instituições grupadas em 13 municípios. Mas só no Rio de Janeiro conseguimos atingir essa velocidade. O projeto novo é interconexão nacional: interligar esses locais entre si com velocidade compatível. Em quanto tempo o projeto estará pronto? A curto prazo. Estamos estimando um ano, a partir deste mês. No final desse período, a contar do mês de outubro, desejamos, inclusive, conectar esse grupo à Internet II nos Estados Unidos. Quem está cuidando do projeto? É um grupo multidisciplinar, reunido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Todas as pessoas são ligadas à área de Informática de alguma maneira. Como será feito o treinamento dessas pessoas? A RNP tem uma cultura de fazer isso, ou seja, investir e pesado em treinamento desde as suas origens. Realizamos seminários com bastante freqüência. Tem um grupo de trabalho de formação de Recursos Humanos que faz parte do Comitê Gestor. O governo tem prestado muita atenção, ou melhor, está preocupado em investir na Tecnologia? O projeto a Sociedade da Informação foi aceito pelo Governo como um dos grandes projetos do MCT, dentro do Programa Avança Brasil, que tem 20 itens. São cinco prioritários e este projeto é um deles. Quais os maiores problemas que o país enfrenta em termos tecnológicos? Nós temos uma comunidade acadêmica pequena para o tamanho do nosso produto. Outro é que não há oferta de emprego para os tecnólogos. Por isso o nosso programa de um lado é voltado para a Educação e no outro contamos com a iniciativa privada. Nós temos uma estatística inversa à de países desenvolvidos como Estados Unidos e Japão. No Brasil, 85% é conhecimento básico. No máximo 15% é gente ligado à tecnologia propriamente dita. Há alguma estratégia preparada pelo governo para reverter esse quadro? Eu tenho algumas idéias, estive pensando em algumas soluções que ainda não foram levadas ao conhecimento do presidente. Uma delas seria o governo convidar as 500 maiores empresas do país a criar bolsas para tecnologia. Nós temos um déficit no setor. Hoje a maneira de se agregar produtividade é com a tecnologia da informação. Para ser competitivo é preciso ser produtivo.
fonte: http://www.jb.com.br/ |