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Diploma sem sair de casa

Professores brasileiros que não passaram pela faculdade farão cursos de licenciatura a distância por Internet, Correios e televisão. No futuro, programa será estendido a qualquer interessado


Correio Braziliense

Cibelle Colmanetti

24.08.2000


Até 2007, quase 600 mil professores de ensino fundamental poderão ter um diploma de curso superior nas mãos. E sem que precisem sair de casa ou deixar cidades esquecidas do país para estudar nas universidades dos grandes centros. Para tanto, terão acesso a aulas por meio de livros enviados pelo correio, de vídeos, de videoconferências e da Internet. Na manhã de ontem, com a criação da Universidade Virtual Pública do Brasil (UniRede), foi dado um passo concreto para que essa situação se torne realidade.

O consórcio de 61 universidades oferecerá cursos de graduação para um universo de 100 mil pessoas a partir do segundo semestre de 2001, chegando à meta de 600 mil em 2007. Ainda em outubro desse ano, porém, a UniRede já estará funcionando, com a abertura de três cursos. O primeiro, que trata da história das constituições brasileiras, se destina a parlamentares, juristas e demais interessados no tema. Os 50 primeiros matriculados receberão sete livros em casa. Os outros passarão a ter acesso ao conteúdo pela Internet.

''Esse é um esforço importantíssimo para que o país desenvolva seus próprios cursos, baseado na realidade brasileira, e não precise no futuro importar conhecimentos e conteúdos'', afirma o ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Ele participou ontem do lançamento da UniRede, juntamente com o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, e representantes das universidades consorciadas.

Segundo Paulo Renato, o país não está tão atrasado na corrida pela educação a distância. Mas os números mostram outro quadro. Só nos Estados Unidos, por exemplo, 1,6 milhão de pessoas estão matriculadas no ensino superior a distância em universidades como Harvard, Michigan e Yale. O Brasil está apenas começando a trilhar esse caminho.

Nessa fase de implementação, a UniRede precisará inicialmente de cerca de R$ 10 milhões, conseguidos junto a várias fontes, desde o próprio MEC, passando por financiadoras ligadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). As prefeituras de todos os estados também deverão dar um contrapartida, de R$ 1,8 milhões, pela formação dada a seus professores.

''Também vamos buscar recursos em várias entidades da sociedade civil'', diz a coordenadora geral da UniRede e decana de Extensão da Universidade de Brasília (UnB), Dóris de Faria. Os cursos serão dados tanto por vídeo, como por material impresso e Internet - que deve ser incrementada no ano que vem, quando, como informou Sardenberg, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP2 ou Internet 2) passar a funcionar. A velocidade e a resolução das imagens são bem melhores que a internet atual.

Com os recursos iniciais e o consórcio de universidades espalhadas por todo o Brasil, Dóris acredita que a qualidade dos cursos oferecidos será um ponto alto. Tanto pela metodologia como pela forma de avaliação de freqüência e de aproveitamento. Ao invés de simplesmente assinar uma lista de presença, o aluno, para ser considerado freqüente, terá de mostrar serviço, apresentando trabalhos e relatórios de livros. Para o professor Fredric Lito, presidente da Associação Brasileira de Ensino a Distância, tal exigência tem efeitos positivos. ''As pesquisas publicadas ultimamente sobre a eficácia de cursos universitários a distancia via Internet estão mostrando que essa aprendizagem é menos superficial do que em cursos presenciais'', garante.

A Universidade de Brasília é pioneira nessa experiência. Foi a partir de uma semente dela que a UniRede se criou. A Universidade Virtual, somente produzida pela UnB, acabou fomentando o projeto atual com as 61 instituições.

Prático e agradável

Raquel de Almeida Soares, 39 anos, é professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília e dá aulas na Universidade Virtual. Segundo ela, o ensino a distância é mais prático e agradável, porque respeita os horários dos alunos. ''Ele pode entrar na Internet quando tiver tempo para estudar'', acredita.

Somente no ano passado, Raquel deu aula para 300 alunos, de todo o país, matriculados no curso de extensão Organização em Educação Brasileira. Ela acredita tanto na eficiência do ensino a distância, que se matriculou em um curso de inglês pela Internet.

As aulas são dadas por professores americanos que trabalham, em um chat, a pronúncia e vocabulário dos alunos. ''Agora, estou mais fluente no idioma e consigo ler textos com mais facilidade'', conta a professora

Além da UniRede, as universidade particulares também estão de olho no ensino virtual. Hoje, um consórcio de nove faculdades lança a Universidade Virtual Brasileira (UVB), que terá aula inaugural de Paulo Renato.

A UVB oferecerá, inicialmente, apenas cursos de pós-graduação e de extensão. Mais a frente serão criados cursos de graduação. Segundo o presidente da UVB, Gabriel Mário Rodrigues, o processo de reconhecimento desses cursos pelo Ministério da Educação é mais demorado. Naturalmente, os cursos serão pagos.

Perfil da UniRede

  • 61 instituições de ensino já confirmaram sua participação no consórcio
  • 25 outras universidades públicas estão em consulta para fazer parte da UniRede
  • 100 mil vagas devem ser abertas nos próximos dois anos
  • 10 milhões são os investimentos necessários para essa primeira fase de instalação da UniRede.
  • O dinheiro deverá vir de diversas fontes
  • R$ 2,3 milhões do MEC
  • R$ 3,3 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia
  • R$ 1,3 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
  • R$ 1,8 milhão das prefeituras

Serviço

Quem quiser se matricular nos três cursos que serão oferecidos pela UniRede este ano pode procurar informações nos núcleos de educação a distância das universidades públicas ou acessar a página na Internet: www.unirede.br

fonte: http://www.correioweb.com.br/

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