| Internet2 para todosNetworking Computing Brasil Tereza Cristina Carvalho 01.02.2000 Em dezembro passado, tivemos a inauguração do núcleo Internet 2 no Estado de São Paulo. Esse evento foi realizado por meio de um sistema de videoconferência multiponto, envolvendo sete localidades, sobre uma rede ATM. Experiência até então inédita no Brasil. Tais localidades incluíram o Palácio do Governo do Estado de São Paulo; a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); a Escola Politécnica e o INCOR (Instituto do Coração), da USP; a Escola Paulista de Medicina da UNIFESP; a PUC-SP e a UNICAMP. Durante todo o processo de desenvolvimento do projeto e da sua própria inauguração surgiram algumas perguntas. Entre elas, três freqüentes: qual a diferença entre Internet 1 e 2? Quando teremos essa infra-estrutura de rede disponível ao público geral? O investimento na Internet2 trará de fato retorno? Em relação às diferenças entre as duas, a principal delas refere-se à garantia de qualidade de serviço. Na Internet1, a opera-se no modo best effort (melhor esforço), e se tenta transmitir as informações na maior taxa possível, mas é inviável garantir que não haja perdas - no caso de congestionamento de baixos atrasos, requisitos básicos para a transmissão de áudio e vídeo em tempo real. Hoje, quando temos a transmissão de vídeo via Internet, tamanho da imagem mostrada na tela é pequena e a taxa de transmissão de quadros é, também, baixa, resultando má qualidade da imagem e interrupção do vídeo transmitido. Na Internet2, é possível garantir baixos atraso e variação de atrasos; alta qualidade de transmissão e baixa perda, o que viabiliza aplicações como essa da inauguração: um sistema de videoconferência multiponto, usando telões e garantindo a qualidade e a continuidade das imagens transmitidas. Com essa infra-estrutura de rede de alta velocidade, o grande desafio é o desenvolvimento das aplicações a serem suportadas. No caso, por de tele-educação, estão sendo produzidos cursos envolvendo as mídias de dados, áudio e vídeo. Contudo, essa não é uma tarefa trivial. Além dos problemas técnicos envolvidos de integração dessas mídias, é alterado o modo de interação entre aluno e professor; o que exige algumas ferramentas, além da edição de cursos. Tais ferramentas incluem sistemas de gerenciamento de cursos, de auto-avaliação, de suporte ao aluno, dentre outras. Ou seja, além de uma infra-estrutura de rede que é usada como meio de distribuição de cursos, temos de criar uma sistemática para produzi-los. Algumas instituições já fornecem cursos pela Internet1, mas exploram de modo bastante restrito a utilização das três mídias e é isso que queremos fazer no caso da Internet2. Estima-se que essa infra-estrutura esteja disponível à comunidade em geral no prazo aproximado de dois anos. O núcleo dela no Estado de São Paulo - que hoje interconecta a REMAV-SP (Rede Metropolitana de Alta Velocidade), sob a coordenação do LARC, e REMET de Campinas, sob a coordenação da Unicamp - será ampliado pelo projeto Advanced ANSP. Este, em desenvolvimento pela FAPESP, tem como meta interconectar mais dez cidades do Estado até o final do ano. Em nível de Brasil, o mesmo acontece com a RNP2 (Rede Nacional de Pesquisa), que deve interconectar todas as REMAVs existentes em 14 cidades brasileiras. Ficará faltando resolver o problema de acesso da última milha, o que já está sendo feito por meio de tecnologias como ADSL, cable modem e RDSI-FE, oferecidas pelas operadoras de telecomunicações e de TV a cabo. Assim, teremos o principal retorno do investimento feito no projeto Internet2, que é de cunho social, pois podemos levar a comunidades distantes e carentes de todos os recursos e benefícios decorrentes do suporte a aplicações como as de tele-educação e telemedicina. Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho é diretora do Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (LARC/PCS/EPUSP) e professora doutora da EPUSP.
fonte: http://www.networkcomputing.com.br/ |