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Construindo a estrada para o futuro

Entrevista com José Luiz Ribeiro Filho, coordenador geral da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e assessor da reitoria da UFRJ


Jornal da UFRJ

01.05.2000


Como está a participação do Brasil no Projeto Internet 2?

"Desde 1996 o Brasil participa como observador de todas as reuniões promovidas pela UCAIDE. Quando nos julgamos em condições de efetivamente formalizar a nossa participação, decidimos assinar o MoU. A partir de agora, estaremos divulgando, em nível nacional, a importância disso. Ou seja, a possibilidade de fazermos parcerias entre instituições brasileiras e americanas para utilizar o backbone de infra-estrutura de rede da Internet 2 naquele País. Isso só acontece mediante a assinatura desse documento."

Mas estar ligado aos EUA não significa nada sem uma estrutura interna?

"Sim, a utilização da Internet 2 exige uma estrutura interna. Por isso esperamos, de 1996 até hoje, para assinarmos o documento. Nesses quatro anos, estávamos preparando a estrutura necessária, seguindo uma estratégia que se divide em três fases. Na primeira, implantamos as Redes Metropolitanas de Alta Velocidade (ReMAVs). Na segunda fase, faremos a interligação das ReMAVs num backbone nacional, chamado RNP2. E a terceira e última fase será de interligação do RNP2 ao backbone da Internet 2, nos EUA. Na verdade, a maior dificuldade que temos hoje em efetuar essa ligação é que não existe fibra ótica disponível entre os dois países nesse momento. O que há é uma nova infra-estrutura de fibra ótica, que começou a ser instalada há dois anos, chamado 'Cabo América 2', que liga Fortaleza à Flórida. Ao que tudo indica, vai entrar em funcionamento no segundo semestre desse ano."

Quais as vantagens que a assinatura do MoU pode trazer agora, enquanto as ligações não se completam?

"Isso nos dá tempo para criar algumas iniciativas, em nível nacional, que fomentem parcerias com instituições americanas. Hoje, instituições brasileiras, como a própria UFRJ e outras Universidades, já podem buscar um parceiro nos EUA, por exemplo uma outra Universidade que seja membro do Projeto Internet 2, para desenvolver projetos de cooperação. Já começa uma articulação para que, quando a infra-estrutura estiver funcionando, já se possa efetivamente usá-la para experimentos e desenvolvimento tecnológico."

Nesse processo, existe a preocupação de fazer o Brasil galgar alguns degraus na hierarquia política internacional?

"O Brasil já é líder na América Latina desde o início da implantação da Internet tradicional. A evolução da Internet brasileira, tanto no lado acadêmico quanto no comercial, tem sido significativamente maior do que em outros países da América Latina. Para se ter uma idéia, em termos de número de computadores ligados à rede, volume de tráfego e número de usuários, o total brasileiro é maior do que a soma de todos os outros países da América Latina."

Há o risco de perda de autonomia de pesquisa, imposições? Há espaço para um tom alarmista?

"Nós estamos passando por um processo de transformação muito radical, da forma como a sociedade opera e como vai passar a operar com uma interação global muito maior, e todos os paradigmas conhecemos - de direito, de propriedade intelectual, legislação local versus legislação internacional -, isso tudo vai ter que ser revisto. Este é um debate que vai surgir em todo o mundo e o pior que pode acontecer é chegarmos numa mesa internacional sem uma posição formada, ou tendo que aderir a posições de outros porque não sabemos muito bem o que fazer. Por isso é fundamental que discutamos esse assunto internamente, para que tenhamos condições de entender a natureza do problema e todas as suas especificidades e complexidades. Só assim poderemos defender os interesses brasileiros."

fonte: http://www.jornal.ufrj.br/HP4/entrevista.html

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