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Desta vez, nada de apagão: Brasil sairá ileso da crise de endereços IP


O Globo

Elis Monteiro

16.07.2001


Como se não bastasse um apagão elétrico, têm aparecido constantemente na rede boatos sobre um possível apagão na internet. Ele seria provocado pela escassez de endereços IPs (Internet Protocol, número de registro que cada máquina tem e a identifica no universo virtual) e poderia prejudicar seriamente a rede caso não fosse adotado, a curto prazo, o novo IPV6. A questão crucial do medo é: ninguém tem idéia de quando o novo protocolo estará funcionando a plenos vapores. Mais: alguns países não conseguem mais se virar com os IPs que (não) têm para distribuir.

Evolução do IPV4 — tecnologia usada hoje por todos os computadores — o IPV6 é um substituto mais do que à altura. Ele aumentará o número de combinações numéricas — o endereçamento amplia de 32 para 128 bits — e a quantidade de IPs facilmente ultrapassará a casa do trilhão. Isso significa que aparelhos como celulares, PDAs, notebooks e até geladeiras e microondas poderão receber, sem problemas, um endereço novinho em folha. Sem risco de blecaute digital.

Apesar do excesso de preocupação, é fato que o estoque mundial de IPs está mesmo em baixa. A boa notícia, pelo menos para os brasileiros, é que, mesmo sem o IPV6, não corremos riscos de ficar sem números IP. Isso porque o Comitê Gestor (CG) soube gastar com parcimônia o pacote de endereços recebido do governo americano quando a internet ainda engatinhava. A notícia indica que temos IPs de sobra para atender aos novos internautas que ingressarão na rede nos próximos anos.

Ivan Moura Campos, coordenador do CG e diretor do Icann — Internet Corporation for Assigned Names and Numbers, instituição que regula os endereços IP e nomes de domínios — diz que o Brasil, assim como o resto do mundo, está correndo para adaptar servidores e roteadores para a chegada do novo IPV6.

— Surgirão problemas com formação de recursos humanos e adaptação dos equipamentos — diz Moura Campos.

Para nós, no entanto, uma boa notícia: a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) está rodando o IPV6 em caráter experimental. Isso quer dizer que, quando ele ganhar o mundo, migraremos sem sustos. Além disso, o CG estudou a fundo o novo protocolo e está afiadíssimo para sua adoção.

— O Brasil não terá problemas com IPs num futuro previsível — diz o coordenador do Comitê Gestor.

Suspiros de alívio. Crise mesmo só de eletricidade: o Brasil passará de forma positiva pelas futuras transformações na internet. Será a sede da casa de máquinas do Lacnic (Latin America and Caribbean Network Information Center), instituição do Icann para distribuição de endereços na região da América Latina e Caribe que deverá ser lançada oficialmente em setembro. Até dezembro, o Lacnic captará milhões de novos IPs. O IPV6 continuará seu caminho, mas, pelo menos na América Latina, falta de endereços não será problema.

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