| Internet 2Unicamp acessa o futuro Unicamp Hoje 10.08.2001 Rede de alta velocidade começa operando a 155 megabits por segundo A cena do super-herói que se desintegra diante de nossos olhos, para se materializar em segundos no outro lado do planeta, faz parte do imaginário infantil e dos autores de ficção científica há décadas. A esse poder os visionários criadores de Flash Gordon & cia. deram o nome de "teletransporte", como que prevendo a importância adquirida pelas telecomunicações nesta virada de milênio. A idéia de transportar qualquer corpo por meio de fibras ópticas continua sendo coisa da nossa imaginação, mas o avanço tecnológico já nos oferece uma solução mais que satisfatória: a transmissão de imagens pelo computador em alta velocidade, com resolução perfeita e em tempo real. A sensação é a de estar de corpo presente no outro lado do planeta. A partir deste mês de agosto, a Unicamp inicia sua preparação para acessar a Internet 2, rede mundial de alto desempenho que está sendo montada para superar as deficiências da Internet atual. Utilizando links de velocidade mínima de 155 Mbps (megabits por segundo) e podendo chegar a 2,5 Gbps (bilhões de bits por segundo), a Internet 2 permitirá baixar em segundos um arquivo que hoje exige horas de conexão. Mais importante que a velocidade, contudo, é a prática e desenvolvimento de aplicativos impossíveis de serem executados na infra-estrutura atual da Internet. Dois exemplos desses novos serviços - de forte impacto social - são a telemedicina, que incluirá diagnóstico e monitoração de pacientes a distância, e a teleducação, com transmissão de aulas e palestras em tempo real, beneficiando inicialmente as universidades e no futuro o ensino de primeiro grau. Ainda há muito a ser pesquisado sobre a necessidade dos usuários e o potencial das tecnologias para redes de alto desempenho, não se sabendo ainda o limite do que é tecnicamente possível. No entanto, diversas outras aplicações já estão em fase de testes: bibliotecas digitais com reprodução de imagens de áudio e vídeo de alta fidelidade, laboratórios virtuais com instrumentação remota, tecnologias para debates virtuais em tempo real, projeção de telas de computadores em três dimensões, controle remoto de microscópios eletrônicos etc. Inicialmente, o objetivo da Internet 2 é a pesquisa, contemplando universidades, institutos, agências de governo e determinados prestadores de serviços. Mas, a exemplo da Internet atual, que ao ser criada se restringiu aos meios acadêmicos e depois acabou popularizada, a nova rede na certa evoluirá comercialmente. "Estamos numa espiral constante e em breve os resultados da Internet 2 serão disponibilizados para todos", afirma Clésio Tozzi, coordenador geral de Informática da Unicamp e responsável pelo consórcio formado para implantação de uma rede metropolitana de alta velocidade em Campinas (Remet-Campinas), que é liderado pela Universidade. CONEXÃO UNICAMP-USP A Internet 2 é uma iniciativa norte-americana e envolve cerca de 150 universidades e outras instituições dos Estados Unidos. O Brasil, por meio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) e da Rede Nacional de Pesquisas (RNP), acertou sua participação no projeto durante a visita do presidente Bill Clinton em 1997, lançando imediatamente um edital para a criação de Redes Metropolitanas de Alta Velocidade (Remavs) em diversas regiões do país. Entre os 14 consórcios selecionados está a Rede Metropolitana de Campinas (Remet-Campinas), formada pela Unicamp, Prefeitura Municipal, Embrapa e operadora de TV a Cabo Net. Numa segunda fase, estas Remavs serão interconectadas formando um backbone nacional de alta velocidade, que se planeja conectar à Internet 2 nos Estados Unidos. A primeira interligação entre redes de alta velocidade, centrada no Estado São Paulo, está se dando agora em agosto, entre Unicamp e USP, utilizando-se um enlace de fibra óptica da Telefônica capaz de operar a 2,5 gigabits por segundo. De acordo com Leonardo Mendes, do Departamento de Comunicações da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, a rede de alta velocidade já estava implantada (seguindo o Projeto Multicom-21), mas faltavam os equipamentos que permitiriam o seu uso. O enlace principal desta interconexão estará ligando as estações telefônicas Castelo, em Campinas, e Perdizes, na Capital. Na estação Castelo ficam conectadas a Unicamp - com maior utilização inicial da rede por parte da FEEC e do Hospital das Clínicas - e a própria Telefônica. À estação Perdizes estão ligados USP, Incor, Hospital São Paulo, Telefônica e Fapesp. A Internet 2 vai exigir uma nova geração de protocolos de transferência de dados. Alguns desses protocolos já estão sendo utilizados nas redes de alta velocidade. É o caso do ATM (Asynchronous Transfer Mode), tecnologia empregada nos projetos Remet-Campinas e Multicom-21, baseada em pequenas células que permitem aos dados "escapar" de possíveis congestionamentos na rede. Outros como o IPv6, que aumenta o número de bits de endereçamento e controle para o protocolo, ainda estão sendo testados ou em desenvolvimento. "Além do aumento do número de bits para endereçamento, que facilitará o crescimento e generalização do uso da rede, o IPv6 possibilitará conexões mais seguras e com melhor qualidade", explica Marçal dos Santos, gerente de desenvolvimento tecnológico do Centro de Computação da Unicamp (CCUEC). VELOCIDADE IMPRESSIONA A velocidade da rede é medida em bits por segundo. A velocidade de 10 Mbps (dez mil bits por segundo), que parece razoável para a Internet, pode ser insuficiente para disponibilizar várias aplicações aos usuários. No Brasil, a Internet 2 começará operando a 155 Mps (velocidade 15 vezes maior), podendo alcançar 2,5 Gbs (250 vezes maior). Esta velocidade espantosa parece ser o grande diferencial da nova rede, mas Clésio Tozzi, coordenador da Remet-Campinas, prefere evitar comparações: "São dois projetos diferentes e nada impede que se subam as taxas de transmissão da Internet atual, aumentando sua velocidade. Muito mais importante é o conjunto e a qualidade dos novos serviços que serão oferecidos pela Internet 2", explica. A transmissão de vídeo com boa definição, igual à TV comercial que assistimos (com tela inteira de um PC e 30 quadros por segundo), trará um benefício inestimável à medicina, segundo Marçal dos Santos. "No atendimento a um acidentado, uma câmera na ambulância permitirá ao médico especialista antever os procedimentos de urgência a serem aplicados ao paciente", exemplifica. Com a telemedicina, o médico poderá realizar um exame e transmitir os dados para o laboratório especializado, recebendo a análise pela rede sem necessidade de deslocamento do paciente, muitas vezes debilitado ou sob risco de vida. A nova rede também ampliará o atendimento a áreas remotas, onde há falta de médicos. Raios-X e tomografias serão transmitidas e analisadas por uma ou mais equipes de especialistas, sem perda de precisão ou conteúdo, o que é fundamental em se tratando de imagens médicas. No caso da teleducação, materiais de ensino multimídia estarão à disposição em tempo real. A Unicamp, em particular, está avaliando o potencial da nova tecnologia para formação de professores, transmissão de seminários e cursos para a comunidade acadêmica, além da implantação de servidores para bate-papo, áudio e vídeo. "Poderemos, em alguns anos, assistir a um vídeo numa locadora virtual, sem fita (já que o filme vem pela rede) e com a mesma qualidade que temos hoje na fita Hi-fi ou DVD", acrescenta Marçal, já pensando em tirar proveito da Internet 2 para seu entretenimento. PARA SABER MAIS SOBRE INTERNET 2
www.unicamp.br/cgi/remet-campinas
fonte: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/pautas/ju144-3.html |