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Projetos recebem financiamento para combater exclusão digital


O Globo

17.12.2001


Em 2002, três projetos fluminenses de combate à exclusão digital estão com continuidade assegurada, ao menos no que diz respeito à questão financeira. São eles o "Casa do Futuro", idealizado pela Secretaria Extraordinária de Obras do governo do estado e apoiado pela Faperj, e os projetos "Estações Futuro" e "Favela tem Memória", ambos do movimento VivaRio. O primeiro contará com R$ 6,5 milhões já destinados pelo governo estadual à construção de um telecentro com nove computadores em 25 municípios do estado do Rio, num primeiro momento, e nos 67 restantes até o fim do ano. Já os dois do VivaRio integram os 57 projetos selecionados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para o desenvolvimento de novas tecnologias e conteúdos digitais para redes avançadas, ou Internet II. São duas linhas de financiamento que, juntas, dispõem de R$ 7 milhões.

Com os recursos que o CNPq começa a desembolsar em janeiro, mais 17 comunidades carentes do Rio, além da Rocinha e da Maré, serão beneficiadas pelo projeto "Estações do Futuro". A primeira será Santa Cruz, já no mês que vem, com a inauguração de um novo modo de trabalho do programa Comércio Solidário: a organização de redes de empreendedores com aplicações de e-commerce desenvolvidas por membros das próprias comunidades. A primeira delas buscará estreitar as relações entre os comerciantes locais e seus fornecedores, de modo a reduzir os intermediários e obter ganhos de escala. Depois virão as ofertas dos serviços VivaRio Seguros, incluindo o Seguro Funeral. De qualquer estação Internet, a população dessas comunidades poderá consultar as condições e contratar os serviços.

"Também estaremos criando cursos de empreendimento ricos em recursos multimídia para suprir a carência de professores", diz Franklin Coelho, coordenador de desenvolvimento comunitário do VivaRio.

O desafio no desenvolvimento dessas aplicações de B2B, B2C e e-learning é criar uma interface que permita a difusão e a troca de informação e conhecimento entre comunidades carentes. Requisito fundamental para transformar as máquinas dos telecentros instalados nas favelas em verdadeiras plataformas de logística social, como costumam se referir a elas os idealizadores do projeto.

O "Favela tem memória", por sua vez, amplia o trabalho de jornalismo comunitário já em curso no portal VivaFavela.com (http://www.vivafavela.com.br/). A idéia é acrescentar ao registro do cotidiano da favela depoimentos que reconstruam sua memória, e assim resgatar a identidade e a auto-estima dos moradores. Durante o processo de seleção, o CNPq recebeu 380 propostas destinadas a aumentar a produção de conteúdos digitais em língua portuguesa na Grande Rede. Os critérios que determinaram a escolha de apenas 45 deles seguiram os objetivos do programa Sociedade da Informação, do MCT. São, em sua maioria, projetos que encaram de frente os desafios de democratização do acesso a informações culturais, de prevenção na saúde e de empreendimento. Projetos de relevância social e econômica e de integração de serviços à comunidade. A relação dos aprovados está disponível no site do CNPq.

Outro processo de seleção para financiamento de projetos de inclusão digital está em andamento no Socinfo. Desta vez, para bibliotecas públicas e ONGs interessadas na instalação de telecentros. O prazo final para a entrega de propostas é 30 de janeiro. A documentação necessária está disponível no site da Socinfo.

Já o projeto "Casa do Futuro" sai do papel em abril, quando se iniciam as obras para a construção dos prédios que receberão os telecentros. A ordem de instalação foi determinada pela disponibilidade dos terrenos, cedidos pelas prefeituras. Além de construir os prédios, o governo do estado arcará com os custos de instalação dos equipamentos e dos três primeiros meses de operação. A partir do quarto mês, a manutenção passa a ser de responsabilidade dos prefeitos.

As casas seguem o modelo criado pelo secretário de obras do governo do estado, Ezequiel de Matos, quando era prefeito de São Gonçalo. Na época, ele contou com a parceria de empresas interessadas em estreitar os laços com a comunidade, como a Natura, para manter o projeto. Hoje, as quatro Casas do Futuro de São Gonçalo são bons exemplos de iniciativas auto-sustentadas pela comunidade. Entre os 25 municípios da primeira leva estão Araruama e Arraial do Cabo.

fonte: http://www.oglobo.com.br

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