| Micro popular na telinhaO Globo da coluna As Últimas Cristina de Luca 10.06.2002 Tornar o micro popular uma set-top box receptora de programas interativos das TVs educativas. A idéia pode parecer estapafúrdia, a princípio. Mas, à medida em que é desdobrada, começa a mostrar toda a sua força e viabilidade... técnica. Bem entendido? Passar do projeto à prática requer vontade política, não só do governo, como de todos os interessados. E, de todas as tarefas, a de afastar conflitos de interesse talvez seja a mais difícil. A proposta nasceu de um encontro casual entre membros da equipe da UFMG envolvida com o projeto do micro popular e o professor Guido Lemos de Souza Filho, da UFRGN, coordenador do projeto de TV Interativa da internet2, patrocinado pela RNP/CNPq. O projeto de Guido quer capacitar pessoal no Brasil para produzir e transmitir programas interativos. Ao final de dois anos, quatro das principais emissoras públicas do país estarão aptas para a tarefa: TVE-RJ, TV Cultura-SP, TV Cultura-SC e a TV Universitária, de Natal. Os programas serão transmitidos para computadores ligados à internet com conexões a taxas acima de 4Mbps. E também para set-top boxes, através da infra-estrutura de transmissão das tevês. Como o número de pontos de acesso à rede de televisão é muito maior do que a soma do número de pontos de acesso às redes de computadores e telefonia, os integrantes do projeto de TV Interativa decidiram se dedicar também ao desenvolvimento das set-top boxes. Lá vem o Brasil reinventar a roda, como fez com os PCs, dirão os mais críticos! Ledo engano. A dura lição da reserva de informática foi bem aprendida. Ninguém pensa mais em gastar tempo e dinheiro preciosos reinventando o que já foi inventado. O objetivo é dominar esta tecnologia, de alto custo financeiro, por completo e, quem sabe, propor soluções mais em conta para os bolsos nacionais. Só o pessoal da UFSC se dedicará a projetar uma set-top box do zero. Os outros trabalharão mais na parte de software para set-top boxes comerciais padrão Microsoft TV ou Java TV. A missão é fazer as caixinhas comerciais entenderem as aplicações geradas para o servidor Dynavideo, desenvolvido em Linux pela UFRGN. Foi aí que o micro popular entrou na história diz Guido. Com uma placa de US$ 150 ele vira set-top box e pode receber material interativo via rede de TV. A mesma placa pode ser instalada nos PCs do Proinfo Some-se a isto a proposta da RNP de redes municipais que usem as fibras ópticas apagadas para construir redes de alto desempenho interligando órgãos municipais como escolas, hospitais, etc e teremos, em muito pouco tempo, a tão propalada universalização de acesso, a um custo de transmissão bem menor que o previsto hoje nos projetos do Fust. O exemplo vem de Estocolmo, foi copiado por Chicago, e pode, muito bem, servir ao propósito brasileiro da inclusão digital. Lá, parte da infra-estrutura de fibras ópticas foi estatizada. E as fibras disponibilizadas para o desenvolvimento de programas estratégicos, como a interligação das escolas em rede, sem prejuízo para as companhias de telefonia. Afinal, continua sendo delas a tarefa de conectar essas redes à internet, no curto prazo. No longo, ganham com a quantidade de produtos e serviços que começarão a ser gerados para atender a todos os beneficiados pelas redes municipais fora delas, no mundo comercial tradicional. Hoje, apenas uma fibra é capaz de passar vários lasers, cada um deles transformado em canal de comunicação de 2Mbps até 155Mbps. Cada telefônica instalou cabos ópticos com milhares de fibras. Assim, há muita fibra apagada no Brasil que poderia servir a causas nobres e aos interesses de teste de novos serviços e produtos pelas próprias telefônicas. fonte: http://oglobo.globo.com/ |