| O futuro das redes avançadas se chama CLARAReuna María José López Pourailly 22.11.2002 A Cooperação Latino-americana de Redes Avançadas – CLARA – é a aliança que as redes acadêmicas do Panamá, México, Argentina, Equador, Peru, Cuba, Costa Rica, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Guatemala, Brasil, Venezuela, Paraguai, Honduras, El Salvador, República Dominicana e Chile formaram, para materializar a interconexão das Américas Central e do Sul com as redes avançadas da Europa. O embrião da CLARA se encontra no projeto CAESAR do Programa @LIS, da Comunidade Européia. Ele procura construir uma Rede Acadêmica Avançada entre os países da América Latina para depois interconectá-la com a GEANT, sua equivalente européia. A tarefa é de máxima envergadura para as comunidades acadêmicas e de pesquisa dos países participantes. No marco do @LIS seus principais representantes se reuniram em Santiago do Chile nos dias 18 e 19 de novembro passado, na sede da Conicyt, para discutir e gerar acordos sobre os mecanismos de trabalho e as modalidades de participação e membros da CLARA . A vista desde a Europa Elena Vilar Pascual, membro do Escritório de Cooperação da Comunidade Européia, participou da reunião da CLARA em Santiago, como representante do projeto CAESAR. Segundo ela, estabelecer uma conexão entre as redes acadêmicas da América Latina e Europa atende a um dos objetivos fundamentais do @LIS: incrementar a capacidade de conexão entre ambas. "Queremos que os projetos de pesquisa conjunta se multipliquem e que haja mais usuários, que exista uma comunidade mais ampla com aceso às redes de alta capacidade, permitindo pesquisas mais avançadas", assinala, destacando a relevância do projeto. Além disso, o início desta interconexão satisfaz um dos objetivos da rede européia, que é unir as comunidades acadêmicas e de pesquisa: a interconexão global. "Por razões históricas e culturais, a América Latina é evidentemente uma região com a qual nos interessa estar conectado", afirma Vilar Pascual. A aposta da América Latina De sua parte, Nelson Simões, Diretor Geral da RNP (Brasil) e Coordenador Geral da CLARA, assinala que o principal benefício para a América Latina – se o projeto ocorrer – será a estreita colaboração entre a região e a Europa. "Hoje, para trabalhar com a Europa, precisamos de conexões com a América do Norte. Se conseguirmos uma conexão direta em 2003, todos os projetos que atualmente não são viáveis, porque não há largura de banda adequada ou aplicações inovadoras, poderiam ser realizados. A colaboração com os pesquisadores da Europa nos erguerá como região; sairemos de um tipo de colaboração limitada e passaremos a um grau superior. Para a América Latina isso implica em desenvolvimento, qualidade e capacitação; é garantir que nossos recursos humanos serão treinados em novas tecnologias, que nossos países terão aceso a um cenário de alto nível e a afirmação de que não somos países incapazes de competir na Sociedade da Informação, porque não estaremos à margem desse processo". De acordo com o Coordenador Geral da CLARA, uma segunda razão estratégica é a importância da construção de uma infra-estrutura de rede global latino-americana. "Esse é um marco que perseguimos há anos e – graças à @LIS – é a primeira vez que teremos a possibilidade de utilizar recursos da União Européia para gerar esta rede". A necessária participação governamental Cathrin Stover, membro da DANTE, entidade que coordena a rede pan-européia GEANT e à qual a CLARA pretende se conectar, afirma que a transcendência da CLARA cria raízes em seu potencial de integração transcontinental e de coordenação latino-americana: "A CLARA tomou boas decisões em integração. Na Europa estamos muito admirados com a rapidez com que foi ela formada, pois nós levamos muito mais tempo. Em cinco meses, a CLARA realizou um trabalho definitivamente admirável. Seguindo assim, o objetivo de estabelecer uma rede latino-americana e uma conexão com a Europa é absolutamente viável". Mas há que se analisar o tema do financiamento. A rede GEANT é cofinanciada pela União Européia em 50%. Os restantes 50% são responsabilidade das redes nacionais dos 32 países que não pertencem à União Européia. "A rede não é somente formada pelos 15 estados membros da União Européia; também temos conectados todos os países do Leste europeu, países do Mediterrâneo como Malta, Chipre e Israel, países dos Bálcãs como os da ex-Iugoslávia e os do Báltico. Todos eles formam um consórcio que financia 50% dos custos da GEANT. Normalmente estes fundos provêem da combinação dos aportes dos governos e das instituições que formam as redes nacionais", explica Cathrin Stover. Um exemplo é a RedIRIS (Espanha) que desde sua fundação, em 1988, é financiada com aportes do Plano Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do governo. "É necessário assinalar que este aporte permite que a RedIRIS zere todos os custos, ou seja, pagar a conexão até o ponto de presença em cada uma das comunidades autônomas, pagar toda a rede nacional e as conexões externas à Europa, a Internet2, as redes mundiais de pesquisa e, além disso, o serviço gratuito de Internet a todas as universidades e institutos de pesquisa", explica seu Diretor, Víctor Castelo, também presente na reunião de Santiago. Também é importante assinalar a importância da participação e compromisso dos governos nacionais com suas redes acadêmicas e/ou avançadas, já que esta é uma das condições da União Européia para financiar a interconexão. "O financiamento do @LIS seria durante três anos, mas nossa idéia de uma iniciativa bem-sucedida é que ela seja sustentável a médio e longo prazo. Então, uma das condições mais importantes é que, desde o início, haja um apoio do governo de cada país ao sócio participante, que será a rede nacional de pesquisa ou a entidade capaz de criá-la, se a rede não existir", ilustra Elena Vilar. O apoio dos governos também é uma forma de obter compromissos políticos. Para Vilar é básico que os estados compreendam que eles serão os principais beneficiários se a CLARA vingar: "A criação de uma rede regional permitirá maior colaboração e pesquisa cooperativa. Além disso, possibilitará a geração de economias de escala, redução de custos, ampliação da cobertura, preços mais baixos e maiores velocidades. Tudo isso sem contar que uma aliança deste tipo serviria aos interesses de cada governo no que se refere à relação com a União Européia. Então, temos além de um interesse estratégico um interesse político". fonte: http://apc.reuna.cl/index1.shtml?AA%20SL%20Session=c1c401c6758785401e96b873fd3cb5155&x=906 |