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Acordo prevê renovação das redes de telecomunicações


Terra

InvestNews - Gazeta Mercantil

06.12.2002


O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) – responsável pela introdução da Internet rápida no Brasil -, assinam na próxima semana o contrato para o maior projeto de telecomunicações do País montado nos últimos 15 anos.

O projeto Giga, como foi batizado, utilizará uma parte ociosa da rede de fibra óptica instalada por várias operadoras de telefonia no eixo Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro.

O anel óptico testará tecnologias, equipamentos e softwares já desenvolvidos ou em fase de desenvolvimento e tem como objetivo final tornar a rede brasileira de telecomunicações competitiva em custos e rápida, com velocidades superiores a um gigabits. A rede se desenvolverá sobre a nova versão do protocolo Internet, o IPv6.

A formação do grupo de instituições e empresas que integrarão esta rede começa no início do próximo ano. O projeto terá duração de três anos e contará com a participação de instituições como Unicamp, USP, UFRJ e empresas como a Telefônica, Telemar, Intelig, Pegasus e Eletronet.

Dada a importância do projeto para as operadoras, outras companhias, como a GVT (espelho de parte da região Sul) a CTBC e a Brasil Telecom, demonstraram interesse pelo projeto e podem, segundo Antonio Carlos Bordeaux, diretor de gestão da inovação para o CPqD, ser agregadas à rede experimental. As operadoras estão cedendo a rede de fibra óptica para pesquisa.

O projeto com valor fixado em R$ 55 milhões, recurso já aprovado pelo Conselho Gestor do Fundo Nacional de Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funtel), será para as telecomunicações brasileiras o que o Projeto Genoma começa a ser para o avanço da biotecnologia nacional.

"O projeto será base para o desenvolvimento de produtos, equipamentos e sistemas. Isso irá mudar a estrutura do negócio de telecomunicações no País", avalia Bordeaux do CPqD, instituição que junto com o RNP irá gerir os recursos.

Na prática, o trabalho – que ligará as principais instituições de pesquisa do eixo Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro – simplifica a rede, reduz o número de tecnologias empregadas para a operação das empresas e principalmente junta voz, dados e imagens num canal único.

Espremidas pela crise do mercado de telecomunicações, a mudança pode reduzir os custos das operadoras, melhorar a oferta e os custos dos serviços para os usuários e de quebra oferecer à indústria de infra-estrutura de redes e de desenvolvimento de sistemas competitividade tecnológica para disputar o mercado internacional.

Todo trabalho, explica Bordeaux, consiste em conectar a rede IP (Internet Protocol) sobre o WDM, cuja função é multiplicar o número de canais da fibra óptica. Com isso, pelo menos duas tecnologias utilizadas pelas operadoras deixariam de existir, SDH e ATM, utilizadas para garantir os canais de comunicação e para o transporte de dados por pacotes.

"A comparação com uma empresa moderna é clara. A maior parte das companhias hoje trabalha com, no máximo, três níveis de gerenciamento. A simplificação que se pretende com a rede de telecomunicações é exatamente esta", explica o diretor de gestão.

O desafio será pesquisar formas de incorporar as funções destas duas tecnologias dentro do que sobra para a transmissão segura e rápida de voz, dados e imagem: o IP, o WDM e a fibra óptica.

Os técnicos dizem que isso é a base do conceito de Next Generation Network (NGN), o que na prática significa a construção de um novo modelo de rede de telecomunicações, mais flexível para operação e gerenciamento e mais barata e eficaz para o usuário final.

Parte do que será avaliado nesta rede experimental já está em estudo. O próprio CPqD tem grupos de pesquisadores para estudar rede física, tipos de serviços para estas novas redes e o desenvolvimento de metodologias para medir a qualidade do serviço. Marta Fernandez, Gerente de Inovação em Redes do CPqD e coordenadora do projeto de NGN, lidera um grupo de 35 pesquisadores que desenvolvem seis projetos no Centro.

Otimização de recursos

Entre os trabalhos estão: a criação de uma metodologia para avaliar qualidade do serviço; otimização de redes com vários tipos de tecnologia; avaliação sobre como permitir que tecnologias de telefonia móveis sejam usadas sobre protocolo IP; especificação dos chamados tradutores, que permitirão que os dados transmitidos por pacotes sejam entendidos e sigam ao destino em redes de circuitos, ou rede de telefonia convencional; criação de uma metodologia para a transição da IPv4 para a IPv6, ou simplesmente da internet como a conhecemos hoje para a nova Internet rápida, que já está em operação sobre um backbone colocado sobre a rede tradicional criado pela RPN chamado BR6Bone.

Embora estes trabalhos estejam ainda no escopo do conceito NGN, estes seguem independentes do Projeto Giga. O CPqD faz atualmente testes em três operadoras de telefonia fixa no Brasil para a implantação de rede NGN. Sigilo de contrato impede a divulgação do nome, mas o mesmo trabalho já foi feito na GVT e na CTBC.

fonte: http://www.terra.com.br/

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