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O spam está matando o email?


Módulo Security Magazine

Luis Fernando Rocha

03.11.2003


"No jornal, nesses últimos dias (mas se eu escrevesse anos em vez de dias não estaria exagerando) já gastei mais tempo limpando porcaria do que trabalhando. Uma das grandes alegrias que eu tinha, que era checar o email, acabou". Parece que essa pode ser a resposta ao título desta reportagem. Segundo a jornalista e editora do caderno de Informática do jornal O Globo, Cora Rónai – autora da passagem acima – esse "é um desabafo real de uma usuária à beira de um ataque de nervos".

A maioria dos prejuízos que a disseminação de mensagens comerciais não solicitadas acarreta já é de conhecimento público e foi amplamente divulgado pela mídia especializada. No entanto, nas últimas semanas relatos de usuários, revelados em uma pesquisa, comprovam mais um dano – e talvez o pior de todos – causado pelo spam: a perda de credibilidade no uso do correio eletrônico.

A constatação sugerida acima transparece no estudo SPAM: How It Is Hurting Email and Degrading Life on the Internet, realizado pela empresa de consultoria Pew Internet & American Life Project. Por causa do spam, 25% dos usuários americanos de internet admitem que utilizam cada vez menos esta ferramenta. Além disso, 70% dos usuários de email disseram que o spam torna a troca de mensagem on-line desagradável ou irritante.

Testando e comprovando

Diante deste cenário, a redação da Módulo Security Magazine resolveu fazer alguns testes sobre como a circulação de mensagens não solicitadas pode prejudicar um usuário de correio eletrônico. Este repórter que vos escreve traz um pequeno relato, através de um levantamento não científico realizado em uma conta de email gratuito de um grande provedor de internet no Brasil.

Nos últimos meses, venho reparando um aumento gradativo no recebimento de mensagens comerciais não solicitadas por lá. No final do dia 02/07, resolvi limpar a caixa de entrada da minha conta para analisar os resultados reais de incidência de SPAM nos dias posteriores.

Logo no primeiro dia de observação do teste, 03/07, ao consultar as novas mensagens que chegaram, deparo-me com 31 novas mensagens. Desse total, 18 foram classificadas como spam de conteúdo erótico (do tipo, French-kissing, Come Play With Me, AFRO-DESIAC!, SIMPLE SECRETS OF THE WEB, entre outros títulos esdrúxulos!).

Ou seja, em um único dia, recebi mais de 50% de spam. Nenhuma novidade para as grandes empresas do mercado de antivírus, como a MessageLabs. Um de seus prognósticos já previa que o índice (alarmante) de spam na web alcançaria esse percentual justamente nesse período do ano (1º semestre de 2003).

E se não bastasse esses resultados preocupantes, os últimos dados divulgados pela MessageLabs são piores: o índice do tráfego mundial de e-mails já contabiliza 55% de mensagens classificadas como spam.

Spam: incidente de segurança

Para se ter uma idéia de como esse assunto preocupa, os principais grupos de resposta a incidentes de segurança (CSIRTs) do país passaram a tratar o spam como um incidente de segurança.

"O spam deixou de ser apenas correntes, boatos e propaganda, para ser veículo de propagação de fraudes e golpes, disseminação de vírus e outros malware. O CAIS já caracterizou 2003 como sendo o Ano da Fraude, lembrando que 2002 foi o Ano do Spam", explica Renata Cicilini Teixeira, Analista de Segurança Sênior do Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança (CAIS), ligado à Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

O que fazer?

"Acontece antes comigo por causa do mundo de lixo que é mandado para endereços publicados em jornais, mas fatalmente acontecerá, mais cedo ou mais tarde, com todo mundo. O spam está matando o email", alerta Cora Rónai, na continuação de texto publicado no blog InternETC.

Já Renata Cicilini, do CAIS, acredita que vivemos um momento de crise do correio eletrônico, da maneira como ele foi concebido e utilizado até agora. "Isto não quer dizer que seja o 'fim do correio eletrônico', mas sim uma fase de transição para um uso mais consciente e também com ferramentas que auxiliem no tratamento dos e-mails indesejados e não-solicitados", analisa.

Antes que nossas caixas de emails sejam inutilizadas por excesso de tráfego inútil e malicioso de mensagens, a recomendação é que os usuários se preparem adequadamente para combater esse mal.

Assim como o combate às pragas virtuais, no qual a presença de um software de antivírus é indispensável para garantir a integridade do sistema do usuário, utilizar um programa de filtragem de mensagens já é item fundamental, ao menos, para manutenção criteriosa de uma conta de e-mail.

Porém, a especialista do CAIS explica que os filtros funcionam como soluções imediatas e paliativas. "Outras soluções imprescindíveis, a médio e longo prazo, são a conscientização e educação do usuário, a atuação de ISPs e empresas no combate ao spam, políticas de segurança institucionais que regulamentem o uso do correio eletrônico, legislação inteligente e eficaz e regulamentação do marketing através do correio eletrônico", orienta.

Então, fiquemos atentos para o fato de que a tecnologia não conseguirá resolver sozinha tamanho problema. A partir deste momento, ou a conscientização para o uso saudável do correio eletrônico se torna prioridade, ou a continuidade do avanço na troca de informações eletrônicas estará seriamente ameaçada. Ao combate!

fonte: http://www.modulo.com.br/index.jsp?page=3&catid=7&objid=2474&pagenumber=0&idiom=0

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