| Telinha educativaCorreio Braziliense Fabricio Rocha 23.12.2003 Solução simples criada e patenteada pelo MEC poderá levar ensino em multimídia às escolas públicas do Brasil e até do exterior À parte o tom de rivalidade entre os ministérios das Comunicações e da Educação (MEC), que parecem não querer trabalhar juntos em assuntos de informática e inclusão digital, os estudantes e professores de escolas públicas brasileiras poderão contar, já em 2004, com aulas em multimídia. É obra do MEC a TV Escola Digital Interativa, apresentada na semana passada em Brasília. Apesar do nome, não é algo como a TV digital que o Ministério das Comunicações quer desenvolver. Mas consegue integrar televisão e computador numa forma simples e de baixo custo, que poderá até contribuir como experiência na criação da nova tecnologia nacional de televisão. O elemento principal no sistema do MEC é uma caixa pintada de vermelho e amarelo, com o tamanho aproximado de dois videocassetes empilhados. Dentro do protótipo apresentado, fica uma placa-mãe qualquer de PC, no formato ATX, com um processador AMD Duron 1,4GHz. Há uma placa de vídeo com entradas e saídas para tevê nos padrões S-Video, DVI e analógico. Há também uma outra placa, receptora de sinal de satélite, ligada a uma antena parabólica, que recebe a transmissão de 14 horas diárias da TV Escola e ainda a de suas parceiras, como a TV Cultura de São Paulo, a TV Mackenzie e o Canal Futura. Na máquina há ainda um disco rígido (HD) e um gravador de CDs. Não há teclado: toda a operação é feita por um controle remoto. Em suma, é um computador, ligado a uma tevê comum. Sua utilização é muito simples. O disco rígido armazena tudo que passou nos últimos sete dias na TV Escola. Na tela, o professor pode listar os programas já gravados, com sinopses e outras informações, ou ainda ver a programação dos dias seguintes. Se quiser assistir a um dos programas gravados, o professor só precisa escolhê-lo e acionar um botão colorido do controle remoto. Se quiser guardar o programa, é só acionar outro botão e, seguindo as instruções na tela, colocar um CD virgem no gravador. A operação é rápida e o CD gerado, no padrão VCD, pode ser lido depois na própria máquina, em um computador ou em um aparelho de DVD. A princípio, o colorido receptor pode parecer algo não muito diferente de um videocassete mas as possibilidades que abre para a educação, segundo os envolvidos no projeto, são enormes. Você pode ligar terminais na porta USB e fazer ao vivo enquetes e pesquisas, ou até cursos com prova de certificação, o que será muito útil na capacitação dos professores, prevê Luiz Algarra, diretor operacional do projeto. A máquina não é conectada à internet: do satélite da Embratel, a antena recebe dois canais de televisão e um de dados, e não há canal de saída de dados. Mas à noite o modem do receptor se conecta ao servidor mais próximo da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), e envia para o servidor central, em Brasília, informações sobre o uso do aparelho. A tevê interativa do MEC, curiosamente, não é controlada por um software específico todas as telas e comandos são simplesmente páginas em HTML, com tecnologias comuns como JavaScript e CSS, rodando em modo tela cheia do navegador Mozilla, um software livre. Ou seja: o sistema operacional não importa. Embora os protótipos estejam rodando Windows, Algarra garante que as máquinas definitivas terão GNU-Linux como base. É a solução óbvia. Estamos criando o LinuxTV, uma versão própria para o equipamento, que ficará pronto até abril, explica. Fizemos os protótipos com Windows porque pediram para apresentarmos o projeto antes do fim do ano, e nele é mais rápido fazer modelagem. Começo de revoluçãoO secretário de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, diz que o sistema é o começo de uma revolução digital nas escolas. É municiar em escala nacional os professores, na velocidade que só essa tecnologia permite, declarou Gushiken na cerimônia de lançamento. O ministro da Educação, Cristovam Buarque, afirma que o projeto é o primeiro passo para colocar a escola brasileira no século 21, tanto nos aspectos técnico quanto ético. Ético porque é o principal ou talvez único equipamento que faz todas as escolas serem iguais, não importa o tamanho ou onde elas estejam, discursou. Cristovam também anunciou que vai apresentar o sistema na reunião dos ministros de educação dos países de língua portuguesa, em 16 de janeiro. João Carlos Teatini, secretário de Educação a Distância do MEC, diz que o Ministério patenteou a invenção e cobrará royalties pelo uso comercial dela em escolas particulares, por exemplo. Foram feitos apenas 30 protótipos, e 18 escolas de nove cidades já estão testando o equipamento. Até o fim de 2004 queremos equipar pelo menos 20 mil escolas, e em 2007 estaremos em todas as 180 mil escolas públicas do país, prevê Teatini. Em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), os desenvolvedores querem elaborar um projeto da máquina com todos os equipamentos já integrados (onboard), com custo máximo de R$ 1 mil, e abrir licitações para a compra de cerca de 200 mil equipamentos o que deverá começar por volta de maio do ano que vem. fonte: http://www2.correioweb.com.br/cbonline/informatica/sup_info_70.htm |