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O projeto Rede Giga vai aproveitar fibras ópticas ociosas das operadoras para interligar institutos de pesquisa de São Paulo e do Rio


RNT

Gilda Furiati

16.02.2004


As fibras ópticas ociosas das operadoras já têm um destino certo. Servirão como backbone de transmissão para a Rede Giga, um projeto destinado a instalar uma rede avançada IP, operando a 10 Gbps, para interligar os institutos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) instalados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto de montagem e operação da rede é resultado de uma ação conjunta da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) com o CPqD e está sendo viabilizado com financiamento do Funtel.

As operadoras de telecomunicações são parceiras no projeto, cedendo suas infra-estruturas de fibras ópticas ociosas para montar a rede experimental de alta velocidade, principalmente em áreas como educação, pesquisa, saúde e inovação tecnológica, segundo o diretor de inovação da RNP, Michael Stanton. "Por enquanto estamos trabalhando com a Telefônica, em São Paulo, a Telemar, no Rio de Janeiro, e a Intelig, na conexão entre as duas cidades", conta.

De acordo com Stanton, a Rede Giga será construída sobre uma rede óptica usando as tecnologias de transmissão Dense Wave Division Multiplexing (DWDM) para transporte de uma rede internet de pelo menos 1Gbps de taxa de transmissão, sistemas já disponíveis no mercado, inclusive pela PadTec, de Campinas, em São Paulo, que vai fornecer os equipamentos DWDM. As cidades foram escolhidas (Campinas, São Paulo, São José dos Campos, Cachoeira Paulista e região metropolitana do Rio de Janeiro, incluindo Niterói e Petrópolis) devido à presença de importantes centros de pesquisa e desenvolvimento – como o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).

Nas cidades maiores, deverá haver uma capilaridade maior da rede, para atender a mais instituições, como as universidades. Dentro de cada instituição haverá conexões para dois ou mais grupos de P&D, usando um caminho de Gigabit Ethernet (GE) até o roteador de borda que ligue sua instituição ao backbone da Rede Giga. Na ponta, poderá haver equipamentos com conexões Fast Ethernet e GE. Além de maior capacidade, as aplicações da Rede Giga – como videoconferência na educação ou a intrumentação remota em áreas como saúde e astronomia – demandam protocolos e mecanismos especiais que não encontram suporte em redes comerciais. Por isso, conforme o diretor geral da RNP, Nelson Simões, o backbone da Rede Giga terá qualidade e recursos de Internet 2 e vai rodar nativo o IPV6 (a versão mais nova do protocolo IP), que tem características multicast, o que garante o roteamento por difusão e a entrega do tráfego por atacado.

OTIMIZAR O TRÁFEGO - "Queremos otimizar o tráfego e ganhar eficiência nas aplicacões interativas de áudio e vídeo. Para isso, estamos saindo de uma infra-estrutrura baseada em ATM (com centenas de Megabits) para uma infra-estutura baseada em dezenas de Gigabits. Temos que eliminar as fragilidades introduzindo segurança, mobilidade, garantia de entrega e qualidade do serviço", afirma ele. Com quatro áreas temáticas, a RNP coordena a rede óptica e os serviços experimentais de telecomunicações, e o CPqD coordena os protocolos e serviços de rede e os serviços e aplicações científicas.

De acordo com Simões, este é o melhor momento para a implantação do projeto Giga porque ele procura conciliar a oportunidade de montar uma rede nacional de tecnologia avançada com os recursos de trasnmissão óptica que resultaram dos investimentos realizados nos últimos anos pelas operadoras na renovação da rede de telecomunicações. O projeto pretende integrar sistemas DWDM com o Erbium Doped Fibre Amplification (EDFA), que poderá combinar 32 ou mais feixes de vários lasers por distâncias de até 600 kms sem a necessidade de regeneração eletrônica dos sinais transmitidos.

"Como conseqüência dos investimentos, existe uma capacidade instalada de fibras ópticas que excede muito a demanda atual. Isto ocorreu porque não se previu o impacto de multiplexação óptica usando DWDM, o qual torna potencialmente maior a ociosidade da capacidade de transmissão em potencial instalada", explica.

PARCERIAS E CONSÓRCIOS – Simões acha que as parcerias e os consórcios são prioritários para se alcançar esses objetivos. Pela cessão de suas fibras, as operadoras terão como retorno a criação de um mercado futuro, que demandará os serviços avançados de rede, a serem criados e demonstrados pelo setores de P&D nas novas redes ópticas.
Os fabricantes de equipamentos também devem ver com bons olhos as iniciativas. As aplicações servirão como vitrine para seus produtos logo que forem transferidos para o mercado. "Precisamos de capacidade de transferência de dados de pelo menos 1 Gbps para atender a uma equipe brasileira que trabalha na Cordilheira dos Andes, no Chile, para prover os sitemas de astronomia na América, um projeto conjunto do Brasil, Chile e dos Estados Unidos. Outros projetos de altíssima banda larga ocupam áreas da biodiversidade (para a coleta de dados na Amazônia) e da biotecnologia (estudando os genomas)", afirma Simões.

LINK INTERNACIONAL - Com a Rede Giga, o Brasil também estará interligado a outras redes avançadas em várias regiões do mundo, como a rede Geant, da Europa, que, por sua vez, está ligada às redes Canet, do Canadá, e Abilene, dos Estados Unidos. A conexão se dará através da rede latino-americana Clara, que vai interligar as redes de pesquisa nacionais da região diretamente à Geant européia.

Lá fora, a rede canadense saiu na frente, adotando uma combinação de transmissão DWDM com sinalização Ggigabit Ethernet (ou 10GE) para as redes avançadas. No Canadá, a Canet – administrada pela organização Canarie – vem demonstrando os benefícios do uso desta rede de comunicação a serviço da população, através do uso de condomínios de fibras ópticas nas comunidades locais, interligados por canais de altíssima capacidade de longa distância.

No nordeste do Brasil, também existem oportunidades a serem exploradas pelos grupos de pesquisa em transmissão óptica e redes avançadas. Está em estudos o projeto Giga-NE, incluindo pelo menos as cidades de Recife, Campina Grande e Fortaleza, onde já foram implantadas redes metropolitanas no final dos anos 90. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) também lançou o programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (TIDIA), mais voltado para a comunidade acadêmica do que a Rede Giga.

Em 1997, o projeto da RNP2 lançou um edital para criar 14 redes metropolitanas de alta velocidade, a Remav, que foi o primeiro passo para a criação de uma rede de alcance nacional para atender à comunidade acadêmica. A Remav funcionava a partir de um consórcio de instituições na mesma região metropolitana, usando fibra óptica apagada fornecida por uma operadora local com comutadores ATM e enlaces de 155 Mpbs.

fonte: http://www.rnt.com.br/edicao0401_02/tecnologia.asp

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