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País de desconectados


Correio Braziliense

Renata Giraldi

29.03.2004


Hoje, no Dia da Inclusão Digital, o Brasil não tem o que festejar. Apenas 6,8 milhões de brasileiros dispõem de computador em casa

Aos 10 anos, Manoela Caetano Faria é capaz de falar ao telefone celular, assistir a um DVD e ainda ficar ligada ao computador. Conectada à internet, a estudante faz pesquisas para escola, envia e-mails para as amigas e de quebra dá aulas de computação para a mãe, a médica Maria da Graça Caetano. ‘‘De vez em quando, mamãe me liga no celular pedindo uma ajuda’’, orgulha-se a menina.

Hoje, Dia da Inclusão Digital, Manoela pode se considerar uma privilegiada em relação à realidade nacional. Estudante da 5ªsérie da escola particular Inei, em Brasília, ela diz que todos os dias navega em média três horas pela internet. ‘‘Pesquiso material para escola’’, conta. ‘‘E também gosto de procurar novidades no site da Barbie.’’

Enquanto isso, para a imensa maioria da população, o computador continua sendo um enigma. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2002, atestam que dos 170 milhões de habitantes do país, apenas 3,3% — o equivalente a 6,8 milhões de pessoas — dispõem de computadores em casa. Um número ínfimo, segundo especialistas.

Ambição

Criado em 29 de março de 2001, por iniciativa da organização não-governamental Comitê para a Democratização da Informática (CDI), o Dia da Inclusão Digital tem objetivo ambicioso: fazer com que cidadãos de todo o país aprendam a usar as novas tecnologias — principalmente, o computador. E mais do que isso: tenham acesso a elas.

Numa tentativa de ampliar o acesso da população à tecnologia digital, o governo federal decidiu investir parte dos R$ 50 milhões do Programa da Sociedade da Informação em treinamento de pessoal e na rede nacional de ensino e pesquisa. Mas, numa decisão que segue um caminho oposto, esse mesmo governo bloqueou — desde o ano passado — cerca de R$ 2 bilhões do Fundo para Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) que seriam empregados no programa de informatização de escolas e bibliotecas públicas do país.

‘‘Temos muito o que avançar’’, admite, em tom de mea culpa, Célia Joseli do Nascimento, chefe da Divisão de Sistema de Informação sobre Informática, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). ‘‘É preciso capacitar pessoal, implementar espaços para o uso da tecnologia e atingir todos os municípios do país’’, avalia.

Desafio

Assim como acontece com a médica Maria da Graça Caetano, mãe de Manoela, dados do MCT mostram que para 90% dos brasileiros lidar com tecnologia é uma dificuldade constante. Da ida ao caixa eletrônico ao uso de um aparelho de telefone celular, as novas alternativas apresentadas pela vida moderna parecem um desafio constante.

‘‘É importante ter em mente que a tecnologia é capaz de tirar os cidadãos da exclusão social’’, diz Célia Nascimento. ‘‘Por meio dela, as populações ribeirinhas do Amazonas estão sendo cadastradas em uma série de programas sociais.’’

A determinação do governo, em 2002, era desburocratizar e criar o micro popular. Independentemente da falta de recursos e projetos engessados, pesquisadores das universidades federais de Minas Gerais, da Bahia e de São Paulo buscam meios de desenvolver protótipos de computadores mais baratos. As pesquisas estão em curso.

Fique por dentro

  • 6,8 milhões de brasileiros têm computadores em casa
  • 1,7 milhão dos brasileiros com computadores em casa ganham entre 10 a 20 salários mínimos
  • 47,6 milhões de brasileiros não têm computadores em casa
  • 90 em cada 100 residências no país têm aparelho de TV
  • 62 em cada 100 casas têm aparelho de telefone (fixo ou móvel)

Fontes: IBGE, Pnad 2002, compilado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT)

fonte: http://www2.correioweb.com.br/cbonline/brasil/pri_bra_92.htm

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