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CPqD inaugura 1º laboratório aberto da AL


Correio Popular

08.05.2004


Projeto Giga vai interligar, em uma primeira fase, 20 centros de pesquisa e universidades nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro

O Brasil deu ontem um importante passo para o desenvolvimento de novas tecnologias de redes e serviços em telecomunicações no país. Entrou em operação a rede experimental de alta velocidade do Projeto Giga que vai interligar, em uma primeira fase, 20 centros de pesquisa e universidades nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A rede pode ser considerada o primeiro grande laboratório aberto da América Latina. Os recursos injetados no projeto em três anos, entre 2003 e 2006, serão de R$ 55 milhões.

Os investimentos sairão dos cofres do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL) com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos. Há dois pontos que serão os centros de operação da rede: Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), em Campinas, e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), no Rio de Janeiro. A transmissão das informações, dados e imagens será feita por meio de cabeamento de fibra óptica apagada com 750 quilômetros de extensão ligando Campinas a Petrópolis (RJ).

A rede experimental vai operar em alta velocidade (entre 2,5 a 10 gigabites por segundo). A internet em banda larga transmite dados, voz e imagens a uma velocidade média de 256 kilobites por segundo. A rede experimental foi estruturada através da convergência tecnológica da rede IP e redes ópticas WDM. As instituições que encabeçam a empreitada informaram que a fibra óptica da rede foi cedida pelas empresas Telefonica, Intelig, Telemar, Pegasus e Embratel.

Na prática, a rede experimental vai proporcionar que os centros de pesquisa e universidades desenvolvam trabalhos em conjunto compartilhando conhecimento de forma rápida, segura e precisa. No futuro, o desenvolvimento de serviços poderá gerar inovações como, por exemplo, a discussão em tempo real e simultânea de um diagnóstico de um exame do coração de um paciente de Campinas por médicos do município, de São Paulo e do Rio de Janeiro.

“Haverá também como operar sistemas distribuídos para a checagem de previsão do clima e tempo. Dessa forma, o setor agrícola poderá projetar os gastos com seguro, por exemplo”, afirmou o presidente da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Nelson Simões.

A instituição estará à frente da execução de subprojetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na área de protocolos e serviços e aplicações científicas. A entidade está em fase de seleção dos projetos. Há 39 propostas sendo avaliadas.

O presidente do CPqD, Hélio Marcos Machado Graciosa, afirmou que o centro já tem 20 contratos assinados de subprojetos dentro do Projeto Giga para o desenvolvimento de redes ópticas e serviços de telecomunicações. Graciosa salientou que a rede experimental pode ser considerado o primeiro protótipo da Parceria Público-Privado (PPP) que está sendo fomentada pelo governo federal. O presidente do CPqD acredita que o desenvolvimento desse sistema de transmissão de dados será a base para a criação de uma nova internet comercial mais veloz.

Expansão

O ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, afirmou durante a cerimônia de inauguração da rede que ocorreu ontem na sede do CPqD, em Campinas, que o projeto será estendido para outras regiões do Brasil até o próximo ano. “O objetivo é levar a rede para o Nordeste, Norte e Sul”, disse. O governo busca por parcerias para a utilização do cabeamento óptico de empresas privadas e centrais de energia elétrica. O ministro estimou os gastos com a ampliação da rede entre R$ 30 milhões a R$ 50 milhões.

O ministro das Comunicações, Eunicio Oliveira, destacou que colocar o projeto em prática foi possível pelo trabalho conjunto de seu ministério e do Ciência e Tecnologia. O ministro disse que a propriedade intelectual dos produtos originados dos projetos executados dentro da rede experimental será dos desenvolvedores da nova tecnologia. Oliveira frisou que até 2005 a rede experimental será expandida para o Nordeste.

Governo federal estuda uso de recursos do Fust

O ministro das Comunicações, Eunicio Oliveira, anunciou ontem em Campinas que o governo estuda a forma como serão utilizados os R$ 3 bilhões que estão no caixa do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). Os recursos do fundo são provenientes de um valor incluído todos os meses na conta dos usuários dos sistemas de telefonia fixa e móvel no Brasil. Oliveira disse que o assunto está sendo debatido por vários ministérios – Casa Civil, Ciência e Tecnologia, Saúde, Educação e Defesa.

“Os recursos estão represados e estamos estruturando onde serão aplicados. Há ações que podem ser executadas na área de inclusão digital, telemedicina, educação, projeto de segurança”, afirmou o ministro. Segundo Oliveira, o fundo arrecada recursos que ficam entre R$ 380 milhões e R$ 400 milhões por ano. Ele acrescentou que o Ministério está realizando reuniões com grupos setoriais de outros órgãos do governo para estabelecer onde serão aplicados os recursos.

Indagado sobre o projeto que tramita pela Câmara Federal que acaba com a assinatura na conta de telefone, o ministro das Comunicações disse que o Ministério não se posiciona sobre a propositura que é um assunto do Legislativo Federal. “Aqui eu falo em nome do governo. E a preocupação do governo é em defender o interesse do consumidor”, ponderou. Ele disse que a questão levantada pelo setor de telefonia de uma possível quebra de contrato se o projeto for aprovado “não é culpa do governo”.

fonte: http://www.cpopular.com.br

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