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CPqD e RNP inauguram rede óptica de altíssima velocidade


Faperj

Marina Lemle

13.05.2004


Foi inaugurada nesta sexta-feira, 7 de maio, a Rede Experimental Giga, uma iniciativa do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). O evento de lançamento foi realizado no auditório do CPqD, em Campinas, e transmitido em videoconferência ao Instituto de Matemática Pura e Aplicada (INPA), localizado no Rio de Janeiro, e ao Instituto do Coração de São Paulo (InCor), em São Paulo. Além de diretores das instituições envolvidas no projeto, a cerimônia contou com a presença dos ministros da Comunicação, Eunício Oliveira, e da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, que descerraram as placas comemorativas da inauguração da rede, e também do Prof. Pedricto Rocha Filho, Diretor Presidente da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

O projeto Giga consiste na implantação de uma rede experimental de altíssima velocidade, totalmente óptica, para transmissão de dados, voz e imagem.  Segundo o diretor do projeto, Rege Romeu Scarabucci, do CPqD, a rede de fibra óptica já tem 670 quilômetros. Quando o trecho até o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, estiver concluído, ela terá 735 quilômetros, passando pelas cidades de Campinas, São Paulo, São José dos Campos, Cachoeira Paulista, Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis (veja mapa abaixo).

Com recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico em Telecomunicações (Funttel), gerido pela  Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), o projeto tem participação de empresas operadoras de telecomunicações (Telefônica, Intelig, Telemar, Pegasus e Embratel), que disponibilizam fibras ópticas e infra-estrutura. O orçamento previsto é de R$ 54 milhões para os próximos três anos.

O ministro de C&T, Eduardo Campos, parabenizou os envolvidos no projeto e destacou sua importância para o desenvolvimento nacional, uma vez que coloca o país na fronteira do conhecimento sem esquecer da promoção da inclusão social. Ele aproveitou para defender a participação de empresas estatais no desafio de levar a rede a outros estados. “As estatais precisam ter uma visão mais larga”, afirmou.

O diretor geral da RNP, Nelson Simões, frisou o papel da rede experimental no desenvolvimento de uma nova geração de redes avançadas no país e enfatizou suas aplicações estratégicas na nova sociedade do conhecimento e o surgimento de um novo mercado. “Esta é a primeira rede óptica experimental de longa distância da América Latina. Sua realização representa o início de um novo ciclo na criação de produtos, serviços de redes e aplicações distribuídas em larga escala no país, como as grades computacionais, a visualização e a imersão em ambientes virtuais, a telemedicina, os vídeos de alta definição ou a TV digital, aplicados à educação, saúde, entretenimento. Através dela estamos melhor aproveitando nossas competências científicas, tecnológicas e industriais e promovendo o surgimento de novos produtos para o mercado de telecomunicações e internet”, disse.

Rede Giga é 400 vezes mais rápida que a banda larga comercial

Um dos principais objetivos da rede experimental é promover a convergência tecnológica de redes IP e redes ópticas WDM. A tecnologia WDM (multiplexação ótica por comprimento de onda) aumenta a capacidade de comunicação das fibras óticas. Esta tecnologia associa sinais óticos à diferentes freqüências de luz (comprimentos de onda ou lambdas) dentro de uma banda de frequência limitada. Uma maneira simples de imaginar esta tecnologia é associar cada canal de comunicação com uma cor, vários canais então pode ser realizados em um espectro de cores (frequência). A tecnologia permite separar, dentro do mesmo meio físico (fibra óptica), tráfegos diversos, como o de órgãos do governo, pesquisa, segurança pública e mesmo da internet comercial.

A tecnologia WDM tornou-se o foco das atenções na busca por alternativas de aumento de banda passante, pois oferece um potencial quase ilimitado de transferência de dados, tendo uma ótima relação custo-benefício. Existem hoje duas tecnologias WDM, a densa (DWDM) e a esparsa (CWDM), que apresentam variações em banda de frequência e custo.

Falando do auditório do Impa, no Rio, o diretor de Inovação Tecnológica da RNP, Michael Stanton, explicou que a rede Giga, de padrão Gigabit/Ethernet, tem um custo bem inferior às redes de alta velocidade que existem hoje e muda o paradigma das redes para a próxima geração. “A rede Giga é 400 vezes mais rápida que a banda larga mais utilizada atualmente, a ADSL de 256K. Há uma relação estreita entre este novo modelo de rede e a internet do futuro”, disse Stanton. Ele acrescentou que as redes são compatíveis e que a tendência é a migração dos serviços para o padrão da Rede Giga – IP/WDM –, de internet sobre luz. “Trata-se do padrão do futuro, que será adotado inclusive pela internet comercial”, afirmou.

O projeto da RNP visa contribuir para o desenvolvimento de tecnologias de redes e serviços de telecomunicações voltadas para IP/WDM em redes ópticas, além de serviços e aplicações de banda larga. Também estão entre as metas: a capacitação de empresas nacionais em tecnologias competitivas de forma consorciada com instituições de pesquisa; a utilização da rede para testes e validações de protótipos e serviços; e o fomento à oferta de novas tecnologias e serviços de telecomunicações para a sociedade brasileira.

A princípio, a rede é restrita aos subprojetos aprovados pela Coordenação da Rede Giga e não tem conexão com outras redes. Por enquanto, apenas pesquisadores das áreas de Redes e Telecomunicações de 17 instituições – sete universidades e dez centros de pesquisa dos estados do Rio e de São Paulo - integram a rede. Os backbones estão nas cidades de Campinas, Rio e São Paulo.

Segundo Stanton, os subprojetos de desenvolvimento de protótipos, equipamentos e produtos serão concentrados em quatro subáreas temáticas de pesquisa e desenvolvimento: redes ópticas; protocolos e serviços de redes; serviços experimentais de telecomunicações; e serviços e aplicações científicas. O projeto também aceita propostas de empresas e instituições localizadas fora da área de cobertura da rede Giga, desde que exista parceria com alguma instituição que tenha acesso físico à rede.

Das 39 propostas já submetidas, 33 foram aprovadas, envolvendo 46 instituições de 15 estados. Os projetos aprovados serão divulgados a partir do dia 14 de maio.

Telemedicina será beneficiada

Do InCor, o professor e médico José Antônio Ramires afirmou que a rede Giga é um exemplo da utilidade da tecnologia de transmissão de alta velocidade para a sociedade. “Em tempos em que a telemedicina atinge uma fase mais madura, a transmissão de imagens se torna uma realidade que permite a troca de opiniões entre médicos, apurando diagnósticos ou mesmo realizando-os remotamente”, disse. Ramires acrescentou que, no futuro, a rede, aliada à robótica, poderá viabilizar a realização de cirurgias a distância.

Do Rio, Ronaldo Gismondi, médico e professor da Uerj, destacou a importância das novas tecnologias para o ensino na área de saúde. “O trabalho conjunto poderá proporcionar até soluções para o Sistema Único de Saúde no atendimento à população. Este é um momento histórico para o país”, ressaltou.

Em 2003, Rede Rio experimentou tecnologia WDM sem interferir no seu tráfego normal

De acordo com a coordenação da Rede Rio de Computadores/FAPERJ, que interliga mais de 90 instituições fluminenses de ensino e pesquisa, além do Governo do Estado do Rio de Janeiro, a rede Giga utiliza tecnologia similar à demonstrada pela FAPERJ em 12 de junho de 2003, quando o microscópico de força atômica que permite observações em escala atômica de materiais do Laboratório de Nanoscopia da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) foi controlado a distância por autoridades presentes no BNDES e no CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas / MCT). Nesta demonstração, a Rede Experimental, em tecnologia Gigabit Ethernet, fazia uso de um comprimento de onda exclusivo na tecnologia WDM enquanto o tráfego normal da Rede Rio ocupava outro canal ao mesmo tempo.

Segundo o professor Washington Braga (PUC-RJ), um dos coordenadores da Rede Rio, a rede Giga demonstrada pela RNP é pouco mais de seis vezes mais rápida que o backbone da Rede Rio de Computadores atual, que permite o tráfego em até 155 Mbps.

De acordo com Marcio Portes de Albuquerque, coordenador de engenharia de operações da Rede-Rio, a fibra metropolitana da Rede-Rio que interliga as diversas instituições do anel funciona hoje com uma única cor. A multiplexação deste canal em várias cores permitirá um crescimento quase que ilimitado de sua capacidade. A Rede-Rio de hoje funciona a 155Mbps, podemos já imaginá-la a 40Gbps em uma anel WDM.

"A nova Rede-Rio deverá suportar projetos como o que foi apresentado pela Rede-Giga. Porem imaginamos uma série de outros projetos da comunidade de C&T que necessitam de redes de alta velocidade, como:  educação à distância, instrumentação científica remota, diagnósticos e consultas médicas remotas, colaborações multimídia entre grupos de trabalho, centros de distribuição de vídeo de alta qualidade, TV digital na rede, computação de alto desempenho (em grade), inclusão digital, governo eletrônico etc", conclui Albuquerque.

fonte: http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=1135

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