| CG vai monitorar chuvas no NordesteCorreio da Paraíba On Line Adriana Braz 11.07.2004 O município de Campina Grande passará a funcionar como um dos maiores centros de meteorologia e de monitoramento das condições oceânicas e atmosféricas no País, através do projeto CAMISA (Clima do Nordeste e do Atlântico Tropical e o Monitoramento dos Impactos no Semi-Árido), desenvolvido pelo Departamento de Ciências Atmosféricas (DCA), do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Lançado oficialmente à comunidade científica em setembro de 2003, o projeto CAMISA teve seu escritório sede inaugurado no dia 7 de junho, em Campina Grande, e já interligou em rede todos os Estados do Nordeste. VerbasA secretaria executiva do CAMISA aguarda apenas a liberação de 2 milhões e 300 mil reais por parte do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para dar início ao programa de treinamento contínuo, em três módulos (Modelagem Atmosférica, Programação e Processamento Paralelo e Redes Computacionais), aos profissionais das instituições parceiras. Alto desempenhoO CAMISA congrega 23 instituições que assinaram acordo de cooperação e conta com profissionais especializados nas áreas de Meteorologia, Recursos Hídricos, Oceanografia, Física e Matemática. A Rede Nacional de Pesquisas (RNP), que tem pontos de presença online em todos os Estados nordestinos, dará suporte à operação dos centros do CAMISA. "Poucas universidades do País encontram-se interligadas em fibra ótica como no caso de Campina Grande. O CAMISA nada mais é do que a inserção digital e social do Nordeste. Trata-se do Nordeste estando na ponta, competindo em igualdade com o Sul e Sudeste do país, em termos de computadores, pesquisas e pesquisadores do mais alto nível", destacou o secretário executivo do projeto, Manoel Francisco Gomes Filho. FantásticoSegundo o professor Manoel Gomes, não existe no Brasil um Departamento de Ciências Atmosféricas com 17 professores doutores como no caso de Campina Grande. "Se Campina já é um centro de ações quando se fala em Ciência e Tecnologia, com o CAMISA, Campina Grande passa a ser também um centro de computação de alto desempenho. Trata-se de algo nada menos de fantástico", enfatizou o professor. Condições atmosféricasO pesquisador Manoel Gomes, do Departamento de Ciências Atmosféricas - CCT/UFCG, garante que, com a implantação do projeto CAMISA, a longo prazo, será possível prever, com antecedência, fenômenos climatológicos inesperados como o que se verificou em todo o Nordeste em janeiro de 2004. "Este será um dos passos do projeto, que é o monitoramento. Em janeiro, nós tínhamos uma massa de água quente no lado leste do Oceano Atlântico e os meteorologistas não foram capazes de detectar o deslocamento desta massa para as proximidades do sudeste do Brasil. Esta massa de água quente se deslocou, provocando uma zona de convergência do Atlântico Sul (ZACAS), que ocasionou aquela profusão de chuvas", esclareceu o professor Manoel Gomes. Segundo Manoel Gomes, por falta exatamente de coordenação de pesquisas, não se previu o fenômeno verificado em janeiro. A rede Camisa prevê o monitoramento constante de pesquisas e de pesquisadores, todos em sintonia. "Com o projeto implantado, podemos monitorar as condições tanto do oceano quanto da atmosfera. Todos vão discutir ao mesmo tempo quando se for fazer previsões e teremos aprofundamento, através de treinamentos contínuos, do conhecimento", destacou. A rede de pesquisas e de computadores interligados e compartilhados passará a monitorar todos os impactos do oceano Atlântico sobre as precipitações dos municípios do Nordeste, especialmente aqueles situados no semi-árido, segundo Manoel Francisco Gomes Filho. "Através do projeto, poderemos apresentar possíveis soluções aos problemas relacionados ao clima e aos seus impactos na sociedade", esclareceu Manoel Francisco. "A rede de pesquisas vai interligar Campina Grande às principais cidades do Nordeste, ao Instituto Nacional de Meteorologia e ao Centro de Previsão de Tempo e de Estudos Climáticos, em Cachoeira Paulista/SP", completou. A tecnologia que está dando suporte ao CAMISA é a Computação Paralela de Alto Desempenho, através do projeto COOPAD (Cooperativa de Processamento de Alto Desempenho), que permite se trabalhar com computadores ligados em rede online, compartilhando equipamentos e processamentos. Combate à desertificaçãoO Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) decidiu incluir o CAMISA no Programa de Ações Contra a Desertificação, segundo informou ao CORREIO o professor Manoel Gomes. "O semi-árido passa por processo de degradação ambiental, devido ao efeito basicamente do homem. No âmbito do MCT, criou-se o Comitê Científico Tecnológico (CCT), do qual participo como secretário executivo do CAMISA", informou. "O CAMISA conta com uma rede de pesquisadores do semi-árido, todos interligados, e era tudo o que o MCT precisava para impulsionar o Programa de Ação Nacional Contra a Desertificação", completou. O CAMISA trata-se do primeiro trabalho nessa linha a ser desenvolvido no Brasil e poderá contribuir, e muito, segundo Manoel Gomes, para que o semi-árido seja viável, além de poder funcionar como uma das ações do INSA (Instituto Nacional do Semi-Árido), viabilizando-o. Nos dias 4 e 5 de agosto, o secretário executivo do CAMISA estará participando de uma Conferência Internacional sobre Desertificação, no auditório do Banco do Nordeste, em Fortaleza/CE, onde fará a explanação do projeto CAMISA para pesquisadores de todo o mundo. fonte: http://www.correiodaparaiba.com.br/milenium.html |