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Brasil ainda engatinha quando o assunto é o protocolo IPv6


Jornal do Commercio

Mona Lisa Dourado

01.09.2004


“A Internet se tornou economicamente estratégica para os países. Caso o Brasil não se prepare para o IPv6, poderá perder autonomia, com a entrada de fabricantes, fornecedores de soluções e especialistas internacionais no nosso mercado.” O alerta é do diretor de Tecnologia da IPv6 do Brasil, Robson Oliveira, segundo o qual o empresariado brasileiro ainda não despertou para a importância da evolução que representa o novo protocolo da Rede.

De fato, os estudos e experimentos no País estão praticamente restritos ao universo acadêmico, através da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), e ainda assim de forma tímida. Desde 2001 a instituição recebeu da Lacnic, entidade de registro de endereços IP para América Latina e Caribe, um bloco de endereços IPv6 de produção, montando um backbone nativo de desenvolvimento que hoje atinge oito Estados e o Distrito Federal, mas que até o fim do ano deve estar presente em todo o território nacional. “Deixaremos a infra-estrutura pronta para, quando vier a demanda, estarmos preparados. As instituições-clientes que se interessarem só precisam entrar em contato com os nossos pontos de presença em cada Estado e solicitar os endereços”, diz o engenheiro de redes da RNP, Marcel Faria.

Para entidades e empresas não associadas à RNP que desejam desenvolver projetos experimentais em IPv6 há a Br6bone. Braço da rede 6bone internacional, ela funciona como um backbone IPv6 virtual implantado sobre uma estrutura IPv4. “Por utilizar a estrutura de Internet existente, a Br6bone tem algumas restrições de performance, mas serve bem para que os provedores façam seus testes e conheçam a tecnologia até se sentirem seguros em implantar suas próprias redes de produção”, explica Faria.

Apesar dessa disponiblidade, das cerca de 200 instituições ligadas à RNP, apenas seis por enquanto aderiram ao projeto: o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, a Pontifícia Universidade Católica e o Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, e as universidades federais do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Quanto à Br6bone, foram feitas alocações de lotes IPv6, entre elas somente quatro para empresas.

Em Pernambuco, IPv6 é uma sigla quase desconhecida. Um sonoro ‘o quê?’ é o que se ouve ao indagar representantes do setor de tecnologia local sobre o protocolo.

Na opinião do administrador de sistemas do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) Rossam Silva, uma das explicações para a falta de interesse comercial no IPv6 está no fato de que parte dos recursos oferecidos pelo padrão podem ser incorporados pelo IPv4 através de serviços agregados. “Além disso, com o compartilhamento de um único endereço IP por várias máquinas, reduziu-se a pressão pela adoção do IPv6”, diz o professor do Centro de Informática (CIn) da UFPE André Santos, lembrando que a proliferação dos dispositivos móveis com acesso à Internet é que será os maior responsável pelo impulso à tecnologia.

Embora nem o Cesar nem o CIn ainda estejam testando o protocolo, tanto Rossam Silva quanto André Santos concordam que a migração para o IPv6 será um caminho natural a seguir. Só não se sabe quando.

fonte: http://mct.empauta.com/noticia/mostra_noticia.php?cod_noticia=829883022

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