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Semana nacional


Jornal de Piracicaba

Maria Guiomar C. Tomazello

18.10.2004


Iniciou-se ontem a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (de 18 a 24/10) criada por um decreto do presidente Lula de 9 de junho de 2004, a ser comemorada sempre no mês de outubro, sob a coordenação do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) e com a colaboração das entidades nacionais vinculadas à área.

O objetivo, segundo o MCT, é criar e consolidar no Brasil um mecanismo, que já vem sendo utilizado com êxito em vários países do mundo, que mobilize a população em torno dos temas e da importância da ciência e tecnologia e contribua para a popularização da ciência de forma mais integrada nacionalmente. Não é difícil reconhecer a importância que a ciência e tecnologia têm hoje em todos os setores da sociedade. Haveria um tratamento diferenciado entre ciência e tecnologia?

Hoje é impossível e de certa forma inútil buscarmos distinção entre C&T, pois há uma sobreposição cada vez mais crescente entre elas. No entanto, a imagem da tecnologia como ciência aplicada ou como uma coleção de artefatos é habitual, inclusive no meio acadêmico. Desta perspectiva, a tecnologia seria um conhecimento prático que deriva diretamente da ciência, do conhecimento teórico.

Entretanto, isso não procede. A tecnologia é um processo social e não mera ciência aplicada. As teorias podem, em alguns casos, ser aplicadas obtendo assim tecnologias, mas a ciência não tem, em princípio, compromissos com a tecnologia.

Se considerarmos as teorias valorativamente neutras então não seria possível exigir dos cientistas responsabilidades quando eles colocam essas teorias em prática? Qual é a responsabilidade de quem faz uso da tecnologia? Que ciência se faz no Brasil? Quem faz? Como faz? Para que? Quais os resultados? Quais são as tecnologias derivadas dessas ciências? Quais os seus impactos sociais? Estas e outras perguntas poderão ser respondidas nesta semana pelos próprios cientistas em contato mais próximo com o público através de palestras, mostras, filmes e vídeos, oficinas, visitas monitoradas, observações astronômicas, entre outras atividades.

Na página do MCT na internet (http://www.mct.gov.br/semanact) podem ser encontradas as atividades previstas para a semana. A RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) promoverá palestras virtuais em escolas públicas. Para os interessados em acompanhar as palestras, a RNP transmitirá o evento, em tempo real, para a Internet (http://www.rnp.br). Uma atividade que deverá acontecer em diversas cidades do país, inclusive em Piracicaba, é Brasil, olhe para o céu. No próximo dia 27, às 23h14, começará o eclipse total da Lua que atingirá o seu ápice à 0h04 encerrando-se às 2h53 do dia 28. O Observatório Astronômico de Piracicaba, nessa noite, estará aberto ao público disponibilizando cinco telescópios para a observação do fenômeno. O público poderá também acompanhar o espetáculo on-line (brasilolheparaoceu.locasite.com.br). Para o jornalista Marcelo Leite, da "Folha de S. Paulo", o efeito de todas as iniciativas será residual, mas mesmo assim milhares de jovens serão expostos a algumas migalhas de procedimentos e descobertas científicas e algumas vocações poderão se despertadas.

Na falta de bons laboratórios de ciências nas escolas e de centros e museus de ciência e tecnologia, chega em boa hora um evento como esse. No entanto, para que a semana venha a se transformar em uma tradição no país é preciso que em cada município haja uma mobilização efetiva das universidades, centros de pesquisa, escolas, secretarias, empresas e órgãos governamentais e da sociedade civil.

Maria Guiomar C. Tomazello é professora de física e coordenadora do Núcleo de Educação em Ciências da Unimep.

fonte: http://www.jpjornal.com.br/news.php?news_id=5021

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