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Projeto Giga define os primeiros negócios

Idéia é ter padrão de transmissão de dados em alta velocidade


Agência Estado

Agnaldo Brito

25.12.2004


A coordenação do Projeto Giga, trabalho científico cuja missão central é dotar o País de novo padrão de tecnologia capaz de viabilizar a transmissão de dados em altíssima velocidade, prepara os primeiros contratos para transferência de inovações ao setor privado. Pelo menos dois equipamentos que fazem parte do sistema de transmissão de dados sobre redes de fibra óptica serão entregues a fabricantes de equipamentos de telecomunicações que tenham controle nacional.

Os produtos permitem novos limites de velocidade de transmissão em redes de fibra óptica que podem chegar a 10 gigabits por segundo (Gbps) em redes de longa distância e de 2,5 Gbps para redes metropolitanas. As inovações devem ampliar a oferta de serviços de internet para consumidores corporativos e residenciais em cerca de dois anos, é a previsão da coordenação do Projeto Giga. São os primeiros contratos deste tipo que começam a ser assinados.

Os nomes das empresas nacionais que receberão os protótipos para produção comercial não foram revelados. Mas, segundo fontes do mercado, uma delas é a Produtos de Alto Desafio Tecnológico de Campinas, que tem como sócio o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) - que, junto com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, coordena o Projeto Giga.

Ao todo, o Projeto Giga deve disponibilizar até o fim do primeiro ciclo da pesquisa cerca de quatro equipamentos e dez subsistemas ópticos ao mercado - produtos que deverão produzir uma mudança nos padrões de transmissão de dados e de uso da internet no Brasil. "A previsão é que os benefícios desses primeiros produtos que serão transferidos ao setor privado chegarão aos consumidores entre dois e três anos. São sistemas que poderão viabilizar a oferta de melhores serviços de internet", afirma Rege Scarabucci, coordenador do Projeto Giga.

Segundo Scarabucci, um dos primeiros equipamentos a ser repassado é um amplificador óptico com capacidade para transmissão de 10 Gbps em cada canal. No total, são 16 canais por fibra, com espessura de um fio de cabelo. O protótipo testado pelos cientistas do projeto tem capacidade de transmissão, com baixos níveis de erro, de 160 Gbps em apenas uma fibra óptica, o suficiente para a transmissão por segundo de 32 CDs de 600 megabytes cada.

A transferência de dados em distância de 300 quilômetros, na situação de teste, obteve taxa de erro de um bit para cada um trilhão de bits transmitidos. O trecho testado foi Campinas-São Paulo-Campinas. "É um padrão internacional", afirma Scarabucci. O próximo passo, adianta, é testar a transmissão nessas taxas à distância de 700 quilômetros que compreende toda a rede usada hoje para estudo entre Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro.

O pacote tecnológico desenvolvido no ambiente do Projeto Giga e que será repassado ao setor privado prevê ainda a transferência de um sistema para operar redes ópticas em áreas metropolitanas. De acordo com Miriam Regina Xavier de Barros, coordenadora da área de redes ópticas do Projeto Giga, a novidade oferecida ao mercado pelo equipamento será a capacidade de multiplicação da fibra em 8 canais com capacidade de transmissão de até 2,5 Gbps. "Diferente dos sistemas utilizados em redes metropolitanas, este equipamento tem capacidade de redirecionar tráfegos de comunicação automaticamente, sem a necessidade de intervenção de técnicos numa rede de comunicação", diz.

As bases dos contratos de transferência de tecnologia ainda estão em discussão. Em princípio, informa Scarabucci, as empresas terão de pagar royalties de 5% sobre o faturamento líquido. "O porcentual pode mudar, mas a perspectiva é que fique em torno de 5%".

O Projeto Giga recebeu R$ 20 milhões do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) dos R$ 55 milhões previstos para todo o ciclo de desenvolvimento. A conclusão desta primeira etapa está prevista para ocorrer em meados de 2006. A coordenação é dividida entre o CPqD e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e uma das proposta em discussão neste momento é estender a rede de fibra óptica ao Nordeste.

fonte: http://txt.estado.com.br/editorias/2004/12/25/eco017.html

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