| Saúde conectadaJornal do Commercio Mona Lisa Dourado 30.04.2006 A necessidade de ouvir uma segunda opinião médica é natural quando alguém se descobre doente. E se fosse possível obter, em vez de dois, diversos laudos de especialistas de outros Estados e de fora do Brasil, sem precisar enfrentar uma via-crúcis de consultório em consultório? Essa é a promessa da telemedicina, que consiste no uso de computadores e da internet para realizar diagnósticos e acompanhar tratamentos a distância. A partir do fim do ano, os pacientes de 20 hospitais universitários e unidades de saúde a eles interligadas em todo o País, inclusive Pernambuco, poderão se beneficiar dessas soluções. É quando entrará em operação a Rede Universitária de Telemedicina (Rute), lançada segunda-feira passada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Existem ações de telemedicina no Brasil desde a década de 90, mas que trabalham de forma isolada. Pela primeira vez, vamos promover um compartilhamento nacional das experiências e do atendimento, explica o coordenador-executivo da Rute, Luiz Merssina. Entre outras aplicações, a integração dos hospitais viabilizará a troca de informações médicas, estudo de casos, consultas por videoconferência, análise de sinais e imagens médicas, radiologia por imagem e acompanhamento de cirurgias. Também será possível colaborar com instituições no exterior, através da rede de Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas (Clara) e de conexões internacionais com a Europa e a América do Norte. A principal vantagem para o paciente, além da comodidade, é a segurança do diagnóstico preciso. Os exames são feitos por um técnico próximo a ele e analisados por outro profissional especializado, por meio do monitor de um computador, que pode estar em qualquer lugar do mundo. A rede será especialmente útil em lugares que não contam com assistência médica adequada. Segundo Merssina, o emprego da telemedicina evita encaminhamentos desnecessários aos hospitais. Com isso, há a liberação de recursos financeiros e humanos para o tratamento de casos mais complexos. Cerca de 70% dos pacientes deslocados de ambulância do interior para centros hospitalares das grandes cidades poderiam ter o problema resolvido localmente, desde que houvesse uma orientação correta, que pode ser fornecida a distância, avalia Merssina. Para isso, as secretarias estaduais e municipais de saúde precisam se sensibilizar para a importância da telemedicina e incluir em seus orçamentos a montagem de núcleos com uma estrutura mínima de conexão à rede de telesaúde, composta por computador, link de alta velocidade (banda larga) com internet e webcam. De acordo com Merssina, para cada R$ 1 investido em soluções de telemedicina, economizam-se R$ 100 em gastos exigidos pelo sistema tradicional. A telemedicina também é encarada como o melhor recurso disponível para educação médica, pois permite aos profissionais fazer cursos e assistir a palestras a distância, além de compartilhar pesquisas e intercambiar experiências. Atualmente, mais de 30 especialidades já são contempladas com o teleatendimento, de clínica geral e cardiologia a infectologia e odontologia, passando por pediatria e pneumologia. Referência em telemedicina no Brasil, a Rede de Núcleos de Telesaúde (Nutes), vinculada ao Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi a escolhida em Pernambuco para integrar a Rute. Hoje, a Nutes já opera com teleatendimento no próprio HC, na Policlínica Lessa de Andrade, no Recife, no PSF Manoel Vigia, no Cabo de Santo Agostinho, e no PSF Bairro dos Estados, em Camaragibe. Mantém parcerias, ainda, com o Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica de Pernambuco (Cehope), o Departamento de Enfermagem da UFPE, a Unidade de Cardiologia Materno Fetal e Pediátrica (UCMF) e a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE). Com a integração à Rute, detalha a coordenadora da rede, Magdala de Araújo Novaes, além do benefício imediato da integração nacional com outros hospitais-escola, será possível desenvolver e expandir os serviços para os demais municípios da região metropolitana e do interior. Caruaru e Petrolina são duas das cidades que estão no foco no projeto por se localizarem em pontos estratégicos do Estado e contarem com grandes hospitais públicos. Queremos ampliar nossas ações em todo o Estado e fortalecer a estrutura de telecomunicações do HC, porque hoje ainda é muito caro realizar uma videoconferência com a tecnologia que utilizamos, diz. O investimento na Rute é de R$ 5 milhões, realizado pelo MCT através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O fornecimento da infra-estrutura de alta capacidade e qualidade ficará a cargo da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) fonte: http://www.jc.com.br |