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Onconet inova o tratamento de câncer no Brasil por meio da Telemedicina


Finep

08.03.2007


Um sistema inédito no mundo, baseado em tecnologias livres, promete trazer grandes avanços para a área de Oncologia: é o RHCNet – Registro Hospitalar de Câncer, que pretende atingir 250 hospitais CACONs (Centros de Alta Complexidade no Tratamento do Câncer) e ter 2 milhões de pacientes atendidos pela rede pública de saúde. Uma versão piloto do projeto RHCNet foi lançada em dezembro de 2005 e no segundo semestre de 2006 a versão definitiva entrou no ar. O RHCNet é um dos sistemas do projeto ONCONET - Rede Piloto de Telessaúde em Oncologia - e pretende integrar e consolidar informações de 67 hospitais e 350 mil pacientes ainda em 2007.

O RHCNet compreende uma ferramenta que coleta dados dos hospitais, consolida essa informação em um sistema centralizado e extrai estatísticas. “A agilidade na obtenção dessas informações é de vital importância para toda a área de saúde no País, tanto para a área médica, que pode realizar pesquisas sobre os dados, quanto para o próprio governo, pois facilitará a avaliação para distribuição de investimentos na saúde, ao proporcionar dados mais atualizados, de melhor qualidade e de maneira online”, explica Adilson Hira, gerente do Núcleo de Telemedicina da Área de Meios Eletrônicos Interativos do LSI - Laboratório de Sistemas Integráveis. “Quanto mais subsídios, mais eficientes serão as ações desenvolvidas para prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer”, afirma Marco Porto, coordenador de Ações Estratégica do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Este projeto foi demandado ao LSI pelo INCA, do Ministério da Saúde, e o trabalho está sendo feito em conjunto para o desenvolvimento de um mecanismo para realizar a consolidação de registros de câncer a partir das bases de dados de cada hospital.

A Onconet, que conta com financiamento de R$ 7,4 milhões concedido pela FINEP, é uma rede baseada na pesquisa e desenvolvimento de um novo conceito para apoio à prática médica remotamente, por meio do uso da internet e de tecnologias livres, estabelecendo um novo modelo de Telemedicina de baixo custo, mas de alto valor tecnológico agregado, adequado às demandas e à realidade brasileira. O projeto Onconet, em sua primeira fase voltado ao tratamento do câncer infantil, é disponibilizado gratuitamente e já beneficia 30 hospitais, cerca de 180 médicos e cinco mil pacientes, com vários serviços. Hoje no mercado, um sistema proprietário de Telemedicina para diagnóstico e compartilhamento de imagens médicas semelhante chega a custar 40 mil dólares por unidade, custo que inviabilizaria a disseminação da Telemedicina na rede pública do País. O uso pela comunidade médica do sistema desenvolvido pelo projeto Onconet é livre e depende apenas de um acesso a internet e uma webcam.

Portal Oncopediatria

Pelo portal Oncopediatria é possível atender a distância crianças portadoras de câncer, por meio de ferramentas que permitem a colaboração entre médicos em locais diversos, com compartilhamento e manipulação de exames de forma remota. Por exemplo, um médico em Rondônia pode pedir uma segunda opinião em tempo real para um especialista em São Paulo, colocando no portal uma tomografia que pode ser manipulada pelos dois médicos simultaneamente e ter visualização em 3D, com recurso de chat e vídeo-conferência. Além disso, o tratamento é padronizado com o uso de protocolos avançados, que têm melhores índices de cura e permitem que em qualquer lugar do País o paciente seja tratado com os mesmos procedimentos, independente de estar sendo atendido na rede pública ou privada. O sistema também registra os pacientes em escala nacional, viabilizando amplos programas médicos colaborativos e investigativos. “A médio prazo, a base de dados criada pretende incorporar a grande maioria dos pacientes com casos de câncer no Brasil e equiparar os índices de cura desta doença aos países mais desenvolvidos no mundo neste setor”, conta Adilson.

O projeto original de Tratamento de Câncer Infantil evoluiu e agora se estendeu ao câncer adulto, para apoiar um Projeto Nacional de Atenção Oncológica, em cooperação com o INCA, com potencial de beneficiar cerca de 14 milhões de pacientes. Uma das metas é implementar um sistema de informações e estatísticas para Câncer de Mama em adultos. A Rede ONCONET será ampliada prioritariamente para toda rede pública de hospitais CACONs, principalmente das regiões Norte e Nordeste.

Saiba mais sobre a Onconet

O projeto RHCNet faz parte de um programa maior chamado Onconet, que desde 2002 é apoiado pela FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Já foram concedidos pela FINEP até agora R$ 7,4 milhões. O projeto é coordenado pelo LSI-TEC – Associação do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico, e conta com as parcerias da Escola Politécnica da USP, INCA, RNP, SOBOPE, SLAOP, SIOP (sendo essas três as Sociedades Brasileira, Latino-Americana e Internacional de Oncologia Pediátrica, respectivamente), UFPE, EDUMED, UNIFESP, UFSC o Saint Jude Childrens Research Hospital, nos Estados Unidos.

A Onconet integra vários serviços, como: Registro Eletrônico de Pacientes, Sistema de Diagnóstico e Segunda Opinião Médica de Imagens, Sistemas de Educação a Distância, Sistema de Estatísticas de Sobrevida e Incidência de Tumores. O reconhecimento científico veio logo: os responsáveis pelo projeto foram pioneiros em publicar artigos científicos na mais conceituada revista de Telemedicina da comunidade britânica, a Journal of Telemedine and Telecare, além de publicações em diversos congressos internacionais na área de Telemedicina e informática médica, como o do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) e ACM (Association for Computing Machinery).

Câncer pediátrico no Brasil

Estima-se que 8% da população mundial tem algum tipo de câncer. No Brasil, o câncer pediátrico constitui a segunda causa de mortalidade infantil em várias regiões, sendo que as razões principais são: o déficit de hospitais em tratamento oncológico pediátrico; a falta de médicos especialistas nesta área, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; e a heterogeneidade de condutas ou protocolos tratamento médicos. Por meio de diagnóstico e tratamento adequado, a chance de cura desta patologia é de 70% (fonte: Oncocentro/SP, 1999), e este índice é alcançado nos hospitais de referência no Brasil. Devido a estas deficiências, é necessária a migração de populações de pacientes, causando superlotação em hospitais dos grandes centros urbanos do País.

“Num país de dimensões continentais, com oferta assimétrica de serviços na área da saúde e a dificuldade de gestão da qualidade de serviços de saúde, a Telemedicina apresenta-se como uma opção para melhorar qualidade na oferta dos serviços, disseminar os conhecimentos da área médica e minimizar o deslocamento de pacientes”, explica Adilson.

Diante deste cenário, era necessário pesquisar e desenvolver um modelo de Telemedicina economicamente viável, adequado à realidade brasileira. Dentro deste contexto, foram financiados pela FINEP os projetos complementares TELEONCO e Onconet, voltados inicialmente para o melhoramento do atendimento das crianças com câncer.

fonte: http://www.finep.gov.br//imprensa/noticia.asp?cod_noticia=1120

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