| Infra-estrutura de pesquisa recebeu R$ 100 milhões em seis mesesRevista Inovação em Pauta Juliana Anselmo da Rocha 01.12.2007 Mantendo a tradição iniciada na década de 1970, quando a FINEP orquestrou a consolidação da pós-graduação e pesquisa brasileiras, a agência de inovação ligada ao Ministério de Ciência de Tecnologia dispôs de R$ 100 milhões só no segundo semestre de 2007 para projetos de infra-estrutura que favoreçam a ciência, a tecnologia e a inovação nos estados. Os recursos são provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que recebe aportes de 15 Fundos Setoriais. Eles podem ser usados para recuperar a infra-estrutura física de universidades e instituições de ciência e tecnologia ou para financiar o desenvolvimento de empresas em incubadoras ou parques tecnológicos. Os Fundos Setoriais, entre os quais o CT-lnfra - dedicado ao financiamento de construções e compra de equipamentos para pesquisa científica - têm, obrigatoriamente, que aplicar pelo menos 30% dos recursos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Esses financiamentos já começam a causar impacto significativo na infra-estrutura das universidades e instituições de pesquisa. Estamos recuperando os estragos feitos entre meados dos anos 1980 e 1990, período de vacas magras, quando os recursos da FNDCT quase secaram devido a crise fiscal", observa Celso Cruz, analista da FINEP. Os recursos do CT-lnfra alimentam três programas na FINEP: o Promove - voltado para modernização das faculdades de engenharia do País, o Modernit - dedicado ao aprimoramento dos modelos de gestão de instituições de ciência e tecnologia e o Proinfra - cujas ações visam a recuperação e atualização c estruturas de pesquisa brasileiras. Enquanto os dois primeiros também recebem recursos de outros Fundos Setoriais, o Proinfra é exclusivamente mantido com a verba do CT-lnfra. "A demanda dos projetos ao ano nos editais institucionais do Proinfra gira em torno de R, 450 milhões. A agência dispõe de pouco mais de R$ 150 milhões para aplicar nesse período", explica Cruz. Assim, garante-se a realização de um número representativo de projetos, mas mantendo a competitividade. Entre 2001 e 2006, foram aplicados R$835 milhões em 758 projetos de 183 instituições diferentes. Os recursos são distribuídos por meio de chamadas públicas ou de encomendas oriundas de ações transversais, quando a participação de somas de outros Fundos Setoriais, além do CT-lnfra. "Somando com os recursos dispostos em 2007 e com os R$ 20 milhões dedicados à expansão dos campi regionais para a intcriorização das universidades, o Proinfra já uitrapassou o R$ 1 bilhão em investimentos na pesquisa e pós-graduação do País, completa Cruz. O analista revela que uma das instituições que mais captam recursos é a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com dinheiro do CT-lnfra, a UFRJ pôde adquirir o primeiro equipamento de ressonância magnética de 700 MHz com criosonda da América Latina. A máquina, ultra-sensível, serve para determinar estruturas e peso de macromoléculas, essencial para pesquisa básica de física e química. Também deu fôlego à pesquisa do Grupo Imago, que busca determinar a idade gestacional da recém-nascidos por imagens da planta do pé. Isso ajuda a tratar eventuais problemas ocorridos durante a gestação. Depois de testada, a técnica poderá ser utilizada em outros hospitais da rede pública, barateando e tornando mais eficiente o processo atualmente usado em UTIS neonatais. A recuperação das subestações do Centro de Tecnologia (CT/UFRJ) e do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ), além da recomposição dos telhados dessas unidades, também só foi possível com o investimento da FINEP. O Estado de.São Paulo, com grande concentração de instituições renomadas, entre as quais a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também se destaca em número de propostas apresentadas e aprovadas. No ano passado, 53% dos recursos do CT-Infra foram distribuídos pela região Sudeste. Outros 12% para o Sul. O Centro-Oeste abocanhou 34% do total, enquanto Norte e Nordeste ficaram com 7% e 17%, respectivamente. No começo era mais difícil cumprir a determinação de alocar pelo menos 30% dos recursos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, observa Cruz. Mas essa realidade vem mudando. No Nordeste, por exemplo, com apoio das secretarias estaduais da Bahia e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), as instituições começaram a promover encontros e discutir os melhores projetos e a forma mais adequada de apresentá-los. RNP Outro projeto de infra-estrutura que merece destaque é o da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa RNP. Criada em 1991, a estrutura tecnológica que garante conectividade e acesso à Internet para as instituições acadêmicas brasileiras está em sua quinta geração, com velocidade agregada de backbone os núcleos das vias de transmissão de dados pela rede chegando a 60,4 Gbps. A RNP atende a 350 unidades de 250 organizações espalhadas pelo País, entre as quais estão a Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal), o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e diversas universidades como a USP, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Ceará (UFC). Além de prover acesso à internet, a RNP oferece aos seus usuários o sinal da TV NBR, mantida pela Radiobrás, e serviços de videoconferência, telefonia via IP e mecanismos de segurança. De acordo com o Centro de Atendimento a Incidentes de Segurança (CAIS) da RNP, o ano de 2007 foi considerado o ano do malware softwares maliciosos como cavalos de tróia, vírus e spywares. Ainda assim, graças a ações de capacitação e orientação dos usuários, o CAIS conseguiu diminuir em 59% o número de ataques na rede no penúltimo trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo Celso Cruz, a RNP é constantemente atualizada, graças aos recursos dispostos pela FINEP. O próximo upgrade incluirá o cabeamento por fibra ótica de novas instituições, a criação de uma intranet comum para as universidades e o aumento da velocidade da rede. |