| Escrito nas estrelasExperimentamos a vida de astrônomo contemporâneo Revista Galileu Pablo Nogueira 01.03.2008 Eu confesso: sou fã das estrelas desde moleque. Por isso, quando me convidaram para participar de uma sessão de observação noturna na companhia de astrônomos profissionais, dei um pulo. O convite era para conhecer o Soar, que, de acordo com o astrônomo Alberto Ardila, meu guia nessa viagem, é "o melhor telescópio a que os brasileiros têm acesso hoje". O Soar (Southern Observatory Astrophysical Research) é um puro-sangue da tecnologia astronômica. Localizado nos Andes chilenos, a 2.700 m de altitude, foi projetado para realizar observações em luz visível e em infravermelho. O espelho primário tem diâmetro de 4,1 metros e utiliza a moderna tecnologia de ótica adaptativa. Sua superfície é deformada até 100 vezes por segundo por 120 pequenos aparelhos chamados atuadores, a fim de garantir uma imagem o mais focada possível. Isso permite ao Soar gerar imagens que estão entre as melhores captadas por um telescópio na Terra e comparáveis às do Hubble. Minha peregrinação me levou direto para... Itajubá, Minas Gerais. Lá fica o Laboratório Nacional de Astrofísica, que possui uma sala de observação remota do Soar. Funciona assim: valendo-se das poderosas conexões de internet disponibilizadas para centros de pesquisa, os cientistas ficam numa sala em seu país enquanto utilizam os mais poderosos telescópios existentes, que costumam ficar em lugares remotos como ilhas, desertos ou vulcões. Ardila me diz que seis meses atrás a sala funcionava mal. De lá para cá, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) instalou uma conexão de 4 gigahertz (veja box abaixo). Agora podemos seguir o que Ardila chama de "a nova tendência na astronomia". Quem disse que é só o mundinho fashion que segue tendências? Após algumas horas, me sinto batizado. Hora de voltar ao hotel. À porta do LNA, um céu estrelado e cinematográfico paira sobre nós. Os demais apontam os astros e fazem comentários do tipo: "Olha como Marte está mais vermelho hoje!". Penso que é o tal encantamento infantil com o céu se manifestando, só que multiplicado por quatro. E que sem ele não haveria Soar, nem ótica adaptativa, nem astronomia. Michael Stanton, diretor da RNP, fala sobre como o aumento da capacidade de conexão está beneficiando a ciência brasileira Galileu: Por que a escolha do LNA para receber o aumento de conexão? Galileu: Além da astronomia, que outros setores de pesquisa e desenvolvimento podem se beneficiar da melhora dos serviços de conexão? Nota: no terceiro parágrafo, onde se lê 4 gigahertz, leia-se 34 Mbps (megabites por segundo) fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG81835-8489-200,00.html |