| No ano passado, entidades sem fins lucrativos receberam R$ 2,9 bi da UniãoRepasse de recursos beneficiou 4,2 mil instituições Cidade Biz Online 28.01.2009 Entidades privadas sem fins lucrativos como Organizações Não Governamentais (ONGs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), fundações e partidos políticos receberam, desde 2001, em valores corrigidos pela inflação, R$ 23,3 bilhões dos cofres federais. Só no ano passado, o repasse de recursos chegou a quase R$ 3 bilhões e beneficiou 4.264 entidades. Deste valor, um terço, o que equivale a R$ 975,5 milhões, atendeu apenas 15 instituições, dentre elas o Comitê Olímpico Brasileiro, por exemplo, com a parcela de R$ 28,8 milhões repassados, e a Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, do Rio de Janeiro, com R$ 41,6 milhões. Contudo, os maiores repasses de dinheiro público a instituições no ano passado, o equivalente a R$ 171,1 milhões, foram transferidos à Secretaria de Administração do Tribunal Superior Eleitoral para compor o Fundo Partidário, que é destinado à manutenção dos partidos políticos. Em segundo lugar, está a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa, que desenvolve contratos com cerca de 30 instituições da esfera federal, entre elas, os ministérios da Cultura, Justiça, Previdência Social e Saúde. A Fundep, fundação criada por professores da Universidade Federal de Minas Gerais, recebeu no ano passado R$ 93,1 milhões. A Associação Programa Um Milhão de Cisternas para o semi-árido também recebeu uma boa parcela em recursos do governo federal no ano passado, cerca de R$ 92,2 milhões. A associação, vinculada à Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), executa o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e aplica os recursos grande parte oriunda do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome destinados a amenizar a falta de acesso à água de cinco milhões de pessoas no semi-árido. Também na lista dos mais bem contemplados com recursos ao longo do ano passado está a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que recebeu R$ 84,1 milhões. Segundo a entidade, a RNP oferece conexão gratuita à Internet para mais de 300 instituições federais de ensino superior ligadas ao Ministério da Educação (MEC) e a unidades de pesquisa federais ligadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e reúne mais de um milhão de usuários. A Fundação de Seguridade Social, que recebeu R$ 80,3 milhões no ano passado completa a lista das entidades melhor agraciadas com recursos públicos em 2008. Conhecida como Geap, a fundação oferece aos servidores públicos federais planos e programas de saúde, assistência social e previdência complementar. Em sexto lugar na lista de entidades que mais receberam recursos públicos, a Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncroton garantiu R$ 51,2 milhões no ano passado. Mantida com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia, a associação é um laboratório que oferece condições para os cientistas realizarem pesquisas nas áreas de física, química, engenharia de materiais, meio ambiente e ciências da vida. Liberação de recursosDos quase R$ 3 bilhões liberados em 2008, cerca de R$ 1,5 bilhão, correspondente a 51%, saíram dos ministérios da Ciência e Tecnologia (R$ 716 milhões), da Saúde (R$ 542,2 milhões) e do Desenvolvimento Agrário (R$ 207 milhões). Clique aqui para ver o repasse de recursos por órgãos. No âmbito do Ministério da Saúde, as entidades sem fins lucrativos contratadas participam de ações e serviços complementares a saúde pública. Segundo o manual de convênios do órgão, assinado pelo ministro José Gomes Temporão no ano passado, os recursos repassados a estas instituições dizem respeito à aquisição e instalação de equipamentos, bem como às obras de adequação física de suas unidades, à aquisição de material permanente ou à conclusão de obra em andamento, cujo início tenha ocorrido com recursos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social. De acordo com a assessoria da pasta, os convênios entre o ministério e essas entidades são firmados a partir do Fundo Nacional de Saúde (FNS), encarregado de fazer o deslocamento dos valores. Em 2008, no entanto, apenas 55% dos recursos repassados a entidades sem fins lucrativos saíram efetivamente do FNS, totalizando 942 convênios e a transferência de R$ 298,4 milhões a filantrópicas, ONGs, organizações sociais e OSCIPs. O restante dos convênios relacionados à saúde originaram-se de administrações ligadas ao Ministério da Saúde como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Por meio de sua assessoria de imprensa, a Funasa ressalta que os recursos são repassados mediante instrumento de pactuação firmado com a participação de representantes do controle social, sob o regime de metas a serem cumpridas. A Fundação recebe apoio de instituições privadas, sobretudo, para o desenvolvimento de ações de atenção integral à saúde dos povos indígenas, uma vez que a Funasa não conta com os recursos humanos necessários para o desenvolvimento das atividades. Com isto, a assistência à saúde indígena recebeu o investimento de R$ 130 milhões em 2008. A meta da Fundação é atender cerca de 500 mil indígenas aldeados do país. Procurada pela reportagem do Contas Abertas, as assessorias dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Ciência e Tecnologia não se pronunciaram sobre o assunto até o fechamento da matéria. O cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Flávio Testa, acredita que os convênios firmadas entre o governo e estas instituições precisam passar por um planejamento mais estratégico. No governo FHC acabaram privilegiando alguns grupos, no PT a entidades vinculadas a partidos, justifica. Nós não temos uma avaliação dos resultados efetivos decorrentes do repasse de recursos, cobra. Para Testa, a CPI que investigou supostas irregularidades não conseguiu avançar no tema. A CPI não conseguiu produzir bons resultados porque não houve aprofundamento na questão, afirma. Segundo ele, as organizações sem fins lucrativos têm boa capacidade operacional. O que falta é a transparência na administração dos recursos, avalia Testa. O mais certo seria realizar contratos de gestão; o Estado avaliaria a entidade, repassaria os recursos e faria o acompanhamento da execução, o que hoje em dia não acontece em muitos casos, completa. O Portal dos Convênios, criado no ano passado pelo governo federal, nasceu com a promessa de dar mais transparência a celebração de convênios entre entidades e União. Com a nova legislação, passou a ser obrigatória a publicação de dados como a liberação de recursos, acompanhando da execução e prestação de contas dos convênios na Internet. É possível visualizar a lista de convênios de cada órgão e os detalhes que envolvem os contratos com entidades privadas sem fins lucrativos. Todavia, nem todos os ministérios e órgãos da administração federal estão listados no portal. fonte: http://cidadebiz.oi.com.br/paginas/47001_48000/47081-1.html |