| Rede de atendimento via satélite atinge todas as capitais e 600 cidadesCorreio Braziliense 04.07.2009 O município de Santarém, no Pará, fica a aproximadamente 850km de distância da capital do estado, Belém. A viagem, que de avião dura cerca de 1h, chega a ser de até 48h caso o passageiro opte por ir de barco, alternativa à falta de estradas. Porém, o trajeto feito pelo Rio Amazonas, repleto de belas paisagens na visão de muitos turistas, pode se tornar um verdadeiro pesadelo para aqueles que dependem desse meio de transporte para conseguir atendimento médico. Levar a medicina a todos os pontos do país, driblando a escassez de recursos financeiros e a carência de profissionais, tem sido a grande missão da Rede Universitária de Telemedicina (Rute). A iniciativa acaba de render a inauguração de mais um telecentro de saúde na capital paraense, dessa vez no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB). O intuito é usar a tecnologia a favor da saúde, estabelecendo um meio de conectividade entre especialistas das capitais e dos municípios mais distantes. Discussão de diagnósticos e terapias adequadas, análise de exames de imagem e até mesmo a transmissão via satélite de cirurgias em tempo real. A parceria entre o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) criador do programa e os ministérios da Saúde e da Educação chegou a todas as capitais brasileiras e a pelo menos 600 municípios. Em operação desde 2006, a iniciativa coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) já cadastrou 153 instituições públicas (a maioria, hospitais universitários), que também foram beneficiadas por capacitação profissional e atualização dos profissionais de saúde. Não são só médicos. Temos dentistas, nutricionistas e enfermeiros. Nas localidades onde não há hospitais universitários, são firmados convênios com faculdades de saúde, afirma o coordenador do programa, Luiz Messina. Depois da iniciativa, o trabalho realizado pelos hospitais universitários tem tido mais destaque, a exemplo do que vem acontecendo em Minas Gerais. O serviço de telecardiologia chega a atender um total de 300 municípios. Lá, foram contabilizadas 600 solicitações, por dia, de um serviço conhecido como segunda opinião. É a forma encontrada para que o médico discuta diagnósticos com especialistas de diversas partes do Brasil, explica Messina. O coordenador lembra, ainda, que o estado do Rio de Janeiro obteve destaque pelo atendimento via telemedicina em radiologia pediátrica. Já Goiás e Santa Catarina apresentaram excelentes resultados nas áreas de oftalmologia e radiologia geral, respectivamente. Hoje, é possível afirmar que o Brasil já possui 100% de cobertura Rute. O governo custeia boa parte do programa nos hospitais das universidades públicas. Porém, também dá a oportunidade para que outras faculdades façam parte dele, diz Messina. Estúdio Responsável pelo núcleo da Rute no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), em Belém, Roberto Cruz conta que, apesar da recente inauguração, o local já vinha realizando ações em telemedicina desde o ano passado. Segundo ele, a conectividade é mais recorrente entre o hospital e os núcleos da Rute instalados em câmpus da UFPA, em nove municípios do Pará. A universidade, porém, acaba de se integrar ao programa de telessaúde, em parceria com os Ministérios da Saúde e Educação o que possibilitará a participação de profissionais responsáveis pela área de saúde de comunidades distantes, de municípios como Marabá, Santarém e Abaetetuba. Do ano passado para cá, foram feitas 17 vídeoconferências. Doenças infecciosas como a raiva, a meningite e a tuberculose, grandes preocupações das autoridades no estado, foram alguns dos assuntos mais discutidos até hoje , enfatiza. Cruz conta que, para abrigar as câmeras sofisticadas usadas na transmissão das imagens, além de equipamentos como TVs de alta definição e computadores, a UFPA precisou construir um estúdio. O espaço, feito sob altos padrões de exigência, tem isolamento acústico e térmico. Nossa meta é instalar uma câmera de vídeo no bloco cirúrgico do hospital. Dessa forma, será possível transmitir cirurgias e discutir casos com especialistas do Brasil e até do mundo, garante. Pacientes como a dona de casa Valdira Coelho, 63 anos, torcem para que adesão ao programa seja cada vez maior. Hoje, ela tem uma vida normal graças aos benefícios da telemedicina. Moradora de Araporã, município do interior de Minas Gerais, Valdira passou por uma cirurgia para a colocação de um marca-passo há dois anos. O dispositivo implantado no coração serve para regular os batimentos cardíacos. A paciente conta que fez todo o acompanhamento pré-operatório, análise de exames e discussão de diagnósticos com o auxílio da internet. A partir dos exames, a médica entrou em contato com especialistas de Uberlândia (MG) e de Belo Horizonte (MG), que nos ajudaram bastante. Graças à tecnologia, hoje é mais fácil tratar da saúde do que há alguns anos, comemora. fonte: http://www.correiobraziliense.com.br |