| Cidades do FuturoCorreio Braziliense 23.03.2011 Financiadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, universidades brasileiras começam a elaborar plataformas de comunicação que integram os vários dados referentes aos centros urbanos. Objetivo é tornar a gestão pública mais eficiente BRUNO FREITAS Belo Horizonte - Dados sobre atendimentos de emergência, monitoramento ambiental, segurança, trânsito, educação de qualidade e mais dezenas de itens necessários para uma cidade funcionar, tudo interligado e com acesso rápido por meio de um sistema de comunicação inteligente usando tecnologia sem fio. A criação de uma rede assim, capaz de ser eficiente até mesmo em casos de urgência, como em uma grande catástrofe, é tema de estudo de diversas instituições de pesquisa brasileiras, que se dedicam a pensar - e realizar - as cidades do futuro. "A partir de um edital, oito propostas de pesquisa foram reunidas no Brasil. Criou-se uma rede em torno do tema cidades inteligentes, na qual os pesquisadores terão a chance de trabalhar dentro de uma filosofia em comum", define Aldri Luiz dos Santos, professor do Departamento de Informática da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador-geral do projeto, que tem o prazo de conclusão de 24 meses. Mas como será essa infraestrutura de comunicação e informação nas cidades brasileiras? Em quanto tempo vai ser possível acessá-la? As respostas para essas questões são justamente o que esperam encontrar os pesquisadores dos diversos centros reunidos no projeto, batizado de Construindo cidades inteligentes: da instrumentação dos ambientes ao desenvolvimento de aplicações. Financiado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Digitais para Informação e Comunicação (CTIC), da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) do Ministério da Ciência e Tecnologia, o estudo propõe um aprofundamento da pesquisa em torno do tema. O conceito abrange a oferta de serviços de comunicação e informação com o objetivo de melhor atender o cidadão nos conglomerados urbanos, garantindo também uma gestão pública mais eficiente. Um dos conceitos atuais de cidade inteligente é o de rapidez de resposta frente a diversos problemas - trânsito congestionado, saturação num determinado hospital, emergência na área central etc. E, para isso, um núcleo urbano precisa de comunicação eficiente. Para viabilizar a aplicação prática do projeto, no entanto, serão necessários de 20 anos a 30 anos. "Há muito trabalho a ser feito nessa área e vai demorar bastante. Mas a proposta está fomentando gestões públicas inteligentes que tenham a ver com a tecnologia de comunicação e informação", acrescenta o professor. Segundo explica Santos, da UFPR, o primeiro passo para construir uma cidade inteligente é adquirir dados urbanos, por meio de redes de sensores e internet. "Depois, vêm os sistemas de comunicação, armazenamento e acesso dos dados por meio de tecnologias de rede sem fio, além da construção de aplicações que beneficiem essa infraestrutura. Por isso, o projeto é subdividido em três vertentes: instrumentar para que sejam criadas tecnologias ligadas à internet, comunicação entre redes sem fio e sensoriamento de ambientes", lista. Para isso, os pesquisadores estão sendo incentivados a investigar esses campos para criar ferramentas que aumentem a eficiência do poder público. Para desenvolver um sistema de saúde, por exemplo, é preciso coletar dados e enviá-los para uma outra rede que possa armazená-los de maneira organizada e de fácil acesso. "Ou seja, é preciso ter uma infraestrutura de comunicação para que os dados cheguem até onde o governo deseja. É o que o projeto propõe. A partir daí, será necessária uma segunda rodada de estudos para que o governo decida como essa plataforma será usada", especifica Santos. Para o coordenador-geral do projeto, as diferentes realidades entre os municípios brasileiros exigirão parâmetros específicos num segundo momento. "Ainda não está definido como a plataforma poderá ser aplicada numa cidade pequena ou muito grande. A tecnologia de transmissão de dados numa metrópole como Belo Horizonte é muito mais complexa do que numa cidade do interior", cita. Outro fator distinto de aplicação é a área envolvida. "A forma como tratamos a saúde pública e a educação é diferente. Um dos ambientes de teste do projeto ligado à comunicação e ao sensoriamento será Belém, que é cortada por um rio muito grande, onde é preciso comunicar de uma margem à outra. Para isso, será usada uma tecnologia diferente do que a aplicada em São Paulo", revela o professor do UFPR. Na visão de Santos, as cidades inteligentes são uma tendência inevitável. "O projeto permitirá ações dinâmicas. O país vai economizar dinheiro, melhorar o atendimento ao cidadão e poder planejar melhor. Hoje, ainda é necessário fazer uma estatística para levantar dados. Com as cidades inteligentes, tudo isso será acompanhado em tempo real", acrescenta. O valor total financiado pela RNP, que envolve cerca de 30 professores, é de R$ 1,88 milhão, a ser distribuído igualmente entre as instituições. Ao lado da federal do Paraná, estão envolvidas na iniciativa outras 17 instituições, incluindo a Universidade de Brasília (UnB), as federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade de São Paulo (USP). fonte: http://clipping.cservice.com.br/cliente/visualizarmateria.aspx?materiaId=11047660&canalId=2308&clienteId=Vvr4xo/OO3w=&end |