| RNP recebe endereços IPv6 de produçãoRede piloto deve estar pronta em setembro Desde que foi criada, a Internet não pára de crescer. E a passos largos. De acordo com o Comitê Gestor da Internet no Brasil, o número de hosts no país aumentou em mais de sete vezes só nos últimos três anos. Mais de 11 milhões de brasileiros acessam a rede, segundo o Ibope. O problema é que, para as máquinas serem reconhecidas na Internet, elas precisam de um endereço que está cada vez mais escasso. Este endereço chama-se endereço IP (Internet Protocol) e está, em sua atual versão, com os dias contados. Segundo reportagem do jornal O Globo, alguns países já não têm mais lotes de IPv4 para distribuir. O problema já estava previsto e a solução encontrada pela Internet Engineering Task Force (IETF) foi a criação de um novo protocolo, o IPv6 ou IPng (Internet Protocol Next Generation). O IPv6 está sendo testado no mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde a RNP lidera os trabalhos. A RNP acaba de conseguir, junto à American Registry for Internet Numbers (ARIN), a alocação de um bloco de endereços IPv6 de produção, o qual será usado na implantação do Piloto de Serviço IPv6 da RNP. Este piloto tem por objetivo fornecer serviços de conectividade nativa IPv6 de alta qualidade, permitindo assim sua introdução em ambientes de produção, bem como a realização de experimentos avançados. Segundo os técnicos envolvidos no projeto, a implantação da rede do piloto deve estar concluída no final de setembro e envolverá quatro pontos de presença da RNP: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. O que é IPv6? Há quase uma década se discute a necessidade de uma nova versão para o endereço IP. Algumas propostas foram apresentadas e formou-se uma comissão na IETF para discutir o assunto. Em 1994, este grupo apresentou sua recomendação de um endereço de 128 bits, ao qual deu o nome de Internet Protocol version 6 (IPv6). A principal diferença entre as versões 6 e 4 do protocolo IP é justamente o número de bits, que faz com que a quantidade de endereços suportada pelo novo protocolo seja quatro bilhões de vezes maior que a permitida pelo IPv4. Mas não é só isso. Outras características importantes do novo protocolo referem-se a qualidade de serviço e segurança. Segurança Adailton Silva, técnico da RNP, conta no artigo O que Vai Mudar na sua Vida com o IPv6 (NewsGeneration, vol. 1, n.º 1) que há dois mecanismos de segurança definidos para o novo protocolo: autenticação de cabeçalho e segurança do encapsulamento IP. "A autenticação de cabeçalho assegura ao destinatário que os dados IP são realmente do remetente indicado no endereço de origem e que o conteúdo foi entregue sem modificações" explica Adailton. Já a segurança do encapsulamento IP permite a autenticação dos dados encapsulados no pacote IP através de um algoritmo de criptografia. Neste modelo, continua o técnico da RNP, "transmissor e receptor devem concordar com uma chave secreta e com outros parâmetros relacionados à segurança, conhecidos apenas pelos membros da associação." Qualidade de serviço Duas peculiaridades do IPv6 o diferem da versão 4 no quesito qualidade de serviço (QoS): as etiquetas de fluxo e o campo prioridade. Elas são particularmente importantes nas chamadas aplicações Internet2, onde a qualidade de serviço é fundamental. No artigo A Nova Geração de Protocolos IP (NewsGeneration, vol. 2 n.º 8), o especialista Frank Ned escreve que "a Etiqueta de Fluxo (Flow Label) e os campos de prioridade no cabeçalho IPng podem ser usados por um host para identificar quais pacotes pedem manipulação especial através de um roteador. Esta capacidade é importante para dar suporte a aplicações que requerem algum grau de processamento consistente, retardo e/ou velocidade." É o que ocorre com aplicações multimídia ou de tempo real. Br6Bone Para acompanhar a evolução da tecnologia IPv6 no Brasil, a RNP criou o Br6Bone. Trata-se de um backbone IPv6 virtual, implantado sobre uma infra-estrutura IPv4 pré-existente. Além da RNP, participam do projeto diversas universidades, como Unicamp e Unisinos, e provedores comercias, como a Rede Pegasus. "A grande limitação do projeto consiste em não se tratar de um serviço de conectividade nativa. Ou seja, ele emula um backbone IPv6 utilizando a infra-estrutura Internet existente. Isso impõe sérias restrições de performance ao serviço e inviabiliza sua utilização para ambientes de produção", explica Marcel Faria, do Centro de Engenharia e Operações da RNP. O Br6Bone participa do projeto mundial 6Bone através de quatro conexões, conhecidas como túneis IPv6. Estes túneis estão ligados à Cisco System (Estados Unidos), à Nippon Telephone and Telegraph (Japão), à RCCN - Rede da Comunidade Científica Nacional (Portugal) e ao Laboratório de Ingeniería em Sistemas de Información da Universidad Tecnológica Nacional, Facultad Regional La Plata (Argentina). Atualmente, mais de 50 países fazem parte do 6Bone. Os túneis IPv6 são links virtuais sobre uma estrutura IPv4. Isto se dá pela necessidade de se transmitirem pacotes que utilizam o protocolo novo sobre a mesma tecnologia de rede que utiliza o protocolo antigo. Desta forma, pacotes IPv6 são reempacotados com o protocolo IPv4 e transmitidos através da rede até o destino, onde um roteador que suporta o protocolo IPv6 os processa. Piloto de IPv6 nativo A rede que a RNP pretende montar até setembro abrirá uma nova perspectiva nos estudos do IPv6 no Brasil. Ela está sendo implementada nos mesmo equipamentos utilizados para prover conectividade IP no backbone RNP2, permitindo que aconteçam, paralelamente, o tráfego IPv4 de produção do backbone e o tráfego de teste IPv6, sem que um interfira no outro. Com isto, os pacotes com o novo protocolo não terão que ser convertidos para o protocolo antigo como acontece nos túneis IPv6. A iniciativa, pioneira no Brasil, já é experimentada em outros países, como divulgou o RNP Notícias em maio de 2000 (Backbone da rede Internet2 usa IPv6 ). mais informações: Telia deploys IPv6 in its network [RNP, 17.08.2001] | Notícias relacionadas: RNP inaugura nova conexão ao backbone mundial 6Bone Terceiro link do BR 6Bone foi estabelecido com Portugal [RNP, 26.02.1999] RNP inaugura quarta conexão ao backbone mundial 6Bone Agora, Brasil mantém conexões para EUA, Europa, Japão e América Latina [RNP, 13.09.1999] RNP dispõe de blocos de endereços IPv6 para distribuição a instituições no Brasil Participação no BR6Bone segue o mesmo modelo que a IETF definiu para participação no 6Bone [RNP, 27.09.1999] Desta vez, nada de apagão: Brasil sairá ileso da crise de endereços IP [O Globo, 16.07.2001] |