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Painel destaca inovações em Redes Definidas por Software

15/05/2017 13:16

O tema Redes Definidas por Software (SDN, em inglês) foi colocado em debate no WRNP, pela mudança de paradigma que traz e os benefícios que apresenta em comparação às redes tradicionais, como flexibilidade, programabilidade e escalabilidade. Com a tecnologia SDN, toda a inteligência é executada fora dos equipamentos, em um ponto central, o que facilita o controle da rede e a adequação de novos serviços.

O destaque do painel sobre inovações em SDN foi a plataforma desenvolvida pelo Núcleo de Computação Científica (NCC) da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp), chamada Kytos. O líder do projeto, Beraldo Leal, ressaltou o caráter 100% open source e a capacidade de se comunicar com qualquer switch com suporte ao protocolo OpenFlow, independente do fabricante. Um dos diferenciais do Kytos também é a criação e compartilhamento de novas Aplicações de Rede (NApps).

O Kytos foi concebido para auxiliar as contribuições do Núcleo de Computação Científica da Unesp, através do Centro de Análise e Pesquisa de São Paulo (Sprace), nos projetos da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), que opera o maior acelerador de partículas do mundo (LHC). O NCC/Unesp é uma das grids computacionais do projeto CMS (Compact Muon Solenoid), essencial para as descobertas astronômicas do Bóson de Higgs e da composição da matéria escura.

Uma prova do potencial do Kytos foi apresentada durante a conferência SuperComputing 2016, maior evento de computação de alto desempenho do mundo, realizado em Salt Lake City (EUA) em novembro. Na ocasião, uma demonstração com a versão beta do Kytos quebrou um recorde de transferência de dados entre os EUA e a América Latina, chegando a taxas de 97 Gb/s. O controlador Kytos é financiado pela Huawei desde 2016. Mais informações estão disponíveis no portal kytos.io.

Atualmente, a RNP conduz um projeto para construir uma rede sobreposta à rede acadêmica nacional, a rede Ipê, com tecnologia SDN. O projeto, chamado de SDN Overlay, usa o conceito de Infraestruturas Definidas por Software (IDS). “Dessa forma, não só recursos de rede como computacionais são virtualizados e podem ser controlados por uma camada de inteligência centralizada chamada de orquestrador, capaz de instanciar e costurar esses recursos para que formem um serviço fim a fim”, explica o coordenador do projeto na RNP, José Rezende. Esse orquestrador permite alocar e controlar redes virtuais (slices), máquinas virtuais instanciadas, nós de transferências de dados e até mesmo funções virtualizadas de redes (NFV).

O coordenador de P&D da RNP, Marcos Schwarz, apresentou o projeto Validação Inter-domínio de Plano de Dados em SDN, que utilizou a infraestrutura da AmLight, que interliga as redes acadêmicas das Américas. O consórcio AmLight opera uma rede SDN em produção desde agosto de 2014, que suporta programabilidade e fatiamento (slicing), nos padrões OpenFlow e OGF Network Service Interface (NSI).

Para José Rezende, o controle centralizado e automatizado gera resistência por parte dos operadores de redes, mas é uma tendência a longo prazo. “Essa automatização orientada a software é uma mudança de paradigma muito grande e traz inúmeros benefícios. Pode demorar, mas é algo sem volta”, comentou.