Notícia

De olho no futuro da infraestrutura de rede da RNP

16/05/2017 15:48

A RNP vem implantando conexões de alta capacidade, a 1 Gb/s ou 10 Gb/s, em seu backbone desde 2005. Contudo, ainda encontra diversos desafios e vem buscando alternativas para superá-los. Para falar um pouco sobre a infraestrutura de rede da organização, o diretor de Engenharia e Operações, Eduardo Grizendi, realizou uma apresentação em que destacou também o projeto Bella-T.

Em 2016, todos os Pontos de Presença (PoPs) da RNP passaram a ser atendidos na capacidade de Gb/s. Com isso, a organização realizou a ‘gigatização’ completa de seu backbone. As últimas atualizações foram realizadas entre Manaus e Boa Vista e entre Belém e Macapá, ambas a 1 Gb/s. Apesar de comemorar essa conquista, a RNP está de olho nos problemas enfrentados hoje para expansão dessa infraestrutura. “Nosso backbone não é escalável e não conseguimos aumento nos circuitos atualmente contratados. Precisamos de um backbone que possamos extrair múltiplas capacidades de 100 G e que acompanhe a demanda e a evolução tecnológica até o final da vida útil da fibra”, destacou Grizendi.

Como estratégia para alavancar o backbbone de 100 G, Grizendi destacou a implementação dos novos cabos submarinos e conexões internacionais que ligarão o Brasil à Europa, os Estados Unidos e a África, com destaque para o projeto Bella-T, que terá como foco a constru­ção de um backbone que passará por Brasil, Argentina, Chile, Peru, Equador e Colômbia. O objetivo é robustecer a conexão entre as redes acadêmicas dos países latino­-americanos. Nessa frente, a RNP já vem construindo sua infraestrutura óptica expansível entre Fortaleza e Porto Alegre, com cerca de 6.200 km de extensão. Esta mesma infraestrutura au­mentará para 100 Gb/s a capacidade da rota Fortaleza-Porto Alegre da rede Ipê, iniciado pelo acordo com a Chesf, e será complementa­do por um anel óptico de 100 Gb/s no Sudeste, interligando Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Temos uma expectativa grande de aumentar a velocidade de algumas conexões para 100 G até 2019 e, para isso, estamos investindo em parcerias, como a realizada com o Chesf”, explicou o diretor.

Como parte da estratégia de ampliação do backbone para enlaces de 100 Gb/s, em 2016, a RNP estabeleceu um acordo de cooperação técnica com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), assinado em novembro, para o compartilhamento de infraestrutura óptica em toda região Nordeste, tendo como suporte as linhas de transmissão de energia elétrica da companhia. Nessa parceria, a RNP investe na iluminação de infraestrutura óptica da Chesf em troca de conexões de 100 Gb/s. Isso possibilitará a nove PoPs ter essa velocidade.

Quem falou sobre o assunto foi o engenheiro de redes da RNP que coordenou o projeto, Oswaldo Alves. Ele explicou que a iniciativa foi dividida em três fases. A primeira beneficiará 23 instituições usuárias, com a iluminação de 3.000 km de fibras. A seguinte chegará a 13 instituições a partir de 3.200 km de fibras iluminadas. Na etapa final, serão 12 instituições alcançadas por meio de 800 km de fibras.

De acordo com o engenheiro, um dos diferenciais desse projeto, na fase de contratação de uma empresa parceira para instalação da infraestrutura, foi a inclusão de investimento em P&D por essa organização. Isso incluirá um investimento de cerca de 3 milhões; desenvolvimento de soluções de SDN Multilayer com o T-SDN; treinamento e compartilhamento de novos conhecimentos com funcionários, pesquisadores e professores da RNP, com parceira no Brasil ou no exterior; e criação de um laboratório conjunto para desenvolver novas tecnologias e padrões.

“Essa parceria vai proporcionar diversas oportunidades de desenvolvimento de serviços e pesquisa. A tendência é que consigamos outras parcerias com base na que construímos com a Chesf”, ressaltou.

Os cabos submarinos voltaram a ser abordados na fala do diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP, Michael Stanton, que apresentou as iniciativas em curso para melhorar a conectividade internacional para o Brasil. Atualmente, o país está conectado diretamente à América Latina por meio da RedCLARA, mas depende de uma conexão com os Estados Unidos para se conectar ao resto do mundo, pois nos dias de hoje a conectividade internacional depende fundamentalmente de infraestrutura de cabos submarinos, que nas Américas estão concentrados neste país.

Contudo, esse cenário está mudando. “Felizmente a situação está evoluindo e temos sete novos cabos que, de alguma forma, chegarão ao Brasil. Eles vão disseminar o padrão futuro de comunicação internacional”, destacou Stanton. Ele estava fazendo referência aos Brusa, Monet e Seabras-1, ligados aos Estados Unidos; EllaLink, com a Europa; SAIL e SACS, com a África; e Tannat, com a América do Sul.

O destaque na apresentação ficou para aqueles que a RNP tem expectativa de uso. Um deles é o Monet, que ligará o Chile aos Estados Unidos. Ele faz parte de uma parceria com o projeto Large Synoptic Survey Telescope (LSST), telescópio em construção em Cerro Pachón, no Chile, previsto para entrar em operação em 2022. A RNP proverá a conexão entre Santiago (Chile) e São Paulo (SP) como contrapartida de uso da fibra. Outro cabo de interesse da RNP é o Ellalink, que ligará Brasil e Europa. A organização atua por meio do projeto Bella, que ligará a América Latina à Europa. A RNP participa do projeto, junto com a RedCLARA – rede acadêmica latino-americana, a GÉANT – rede regional da Europa, e outras redes acadêmicas nacionais dessas localidades. O terceiro é o Sacs, que ligará o Brasil à África e proporcionará uma interação mais direta da RNP com países como Angola, Moçambique e África do Sul.