Notícia

Painel abre espaço para projetos da 3ª Chamada Coordenada Brasil-União Europeia

15/05/2017 18:44

Nos últimos anos, Brasil e União Europeia vêm estreitando os laços de cooperação em ciência e tecnologia por meio do lançamento conjunto de chamadas para projetos avançados de pesquisa e desenvolvimento na área de tecnologias da informação e comunicação. Em painel realizado no WRNP 2017, foram apresentados os resultados parciais dos projetos de cooperação internacional aprovados na 3ª Chamada Coordenada Brasil-União Europeia.

De acordo com o coordenador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologias Digitais para Informação e Comunicação (CTIC/RNP), Wanderson Paim, o potencial de colaboração entre brasileiros e europeus é grande, mesmo em ambientes bem diversos. “Tudo começou com a assinatura do Acordo-Quadro de Cooperação entre Brasil e União Europeia, em junho de 1992, em que um dos artigos prevê cooperação bilateral em científica e tecnológica”, ressaltou. Já foram lançadas quatro chamadas – em 2016, 2015, 2012 e 2010 – que reuniram 193 propostas de trabalho submetidas, 20 projetos selecionados e 50 milhões de euros investidos.

Para falar sobre os projetos da 3ª Chamada BR-EU e sobre a diversidade que é liderar ações com equipes na Europa e no Brasil foram chamados representantes dos cinco projetos. O primeiro apresentado foi o Federated Union of Telecomunications Research Facilities for an EU-Brazil Open Laboratory (Futebol), que está desenvolvendo uma plataforma capaz de integrar a comunicação óptica e sem fio, de forma suficientemente robusta, para permitir experimentos avançados, como os exigidos no estudo das redes 5G. O objetivo é unir indústria e academia, além de incentivar a parte educacional.

De acordo com o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Cristiano Bonato, um dos diferenciais desse consórcio é contar com alunos de todos os níveis. “Isso é fundamental para fomentar a educação de ponta”, destacou. Bonato também reforçou a importância da parceria com o projeto Fibre. “Quero agradecer à RNP e ao Fibre, que é nosso projeto irmão e o usamos como infraestrutura para que o Futebol funcione. Não conseguiríamos levar o projeto em frente sem a interação com o Fibre e acredito que essa parceria vai de reforçar. É muito bom já começar um projeto contando com essa infraestrutura de rede”, explicou.

Outro projeto que integra a chamada é o High Performance Computing for Energy (HPC4E). A iniciativa visa desenvolver ferramentas de simulação de alta performance para ajudar a indústria de energia a entender as demandas energéticas futuras e as questões ambientais relacionadas ao carbono. Seu foco será em três frentes: energia eólica, combustão de biomassa e óleo e gás.

O projeto vai explorar recursos das mais importantes infraestruturas eletrônicas de computação de alta performance (em inglês, HPC) da Europa e do Brasil, para estudos do setor energético. A apresentação foi realizada pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alvaro Coutinho, que apresentou os dois vídeos desenvolvidos no âmbito do projeto: um explicando o HPC4E e outro sobre as experiências do primeiro ano de execução. A iniciativa já realizou 56 publicações.

Segurança e privacidade em nuvem. É com esse foco que o projeto Secure Big Data Processing in Untrusted Clouds (SecureCloud) atua, apostando nas mais recentes tecnologias de hardware para garantir maiores níveis de segurança. A tecnologia Intel SGX é uma das opções, conforme resultados em diversos artigos publicados pelo projeto. Sobre essa tecnologia, a iniciativa trabalha na evolução de softwares abertos, desenvolvendo os módulos necessários para garantir os requisitos mais restritos de segurança.

“Uma vez que os proprietários dos dados não precisem mais confiar nos desenvolvedores da aplicação ou no provedor de nuvem para proteger com seus dados, estará criado um ambiente para aplicações inovadoras que usem dados críticos”, destacou o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Andrey Brito.

Equipes de diferentes especialidades trabalham no Europe Brazil Collaboration of Big Data Scientific Research through Cloud-Centric Applications (EUBra – BigSea), que tem como alvo o mercado de Big Data, com a inovação tecnológica de infraestrutura e serviços para suportar aplicações de análise de dados em nuvem. Os casos de uso são baseados na construção de soluções para cidades inteligentes, especialmente na questão de transporte público.

A apresentação foi realizada pelo arquiteto do projeto na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wagner Meira, que explicou que a tecnologia será liberada sob licenças código aberto e transferida para projetos externos, instituições ou entidades. “O EUBra-BIGSEA contribuirá para a comunidade internacional de pesquisa em Nuvens e Big Data”, ressaltou.

O último projeto exposto foi o Fostering an International Dialogue between Europe and Brazil (EUBrasilCloud Forum), iniciativa responsável ela coordenação e suporte a outros projetos da 3ª Chamada Coordenada BR-UE. Seus principais objetivos são viabilizar um fórum de intercâmbio entre brasileiros e europeus, organizar eventos bilaterais em computação em nuvem, além de dar visibilidade aos produtos e seus resultados.

Segundo a professora da Universidade de Brasília, Priscila Solís, o projeto visa compilar os resultados dos projetos e compor um roadmap das pesquisas em nuvem, a fim de divulgar os projetos e chamar mais pesquisadores e empresas a participarem das atividades. O EUBrasilCloud Forum já apoiou a realização de cinco eventos na área de computação em nuvem e elaborou a versão preliminar do roadmap.